Minha Raiz – MC Cabelinho
NOTA: 8,6/10
Em 2018, um certo garoto muito sonhador, vindo da favela Pavão-Pavãozinho-Cantagalo, em Copacabana, lança seu álbum de estreia, o Minha Raiz. Vindo de uma infância muito difícil, devido à separação de seus pais, além de conviver com as várias mudanças, a única coisa que nunca saiu dele foi a favela, pois era um lugar que ele sempre gostou. Com o tempo, seu gosto musical foi se formando, até que ele decidiu que queria se tornar funkeiro, inspirando-se em outros artistas como MC Max, MC Smith e seu grande ídolo MC Orelha. Apesar de ter largado a escola no primeiro ano do ensino médio, ele foi com tudo para focar em seu sonho, e inicialmente seu apelido era MC Vitinho, mas só depois ele se tornou o MC Cabelinho, por sempre usar o cabelo arrepiado e descolorido. Após participar de várias rodas de funk e finalmente gravar seu primeiro clipe com a KondZilla, ele foi gravar seu primeiro trabalho. O álbum foi produzido por várias pessoas, como Batutinha, DJ Huguinho, entre outros. O resultado foi uma fusão de sonoridades, trazendo elementos de funk carioca com R&B, e tudo isso numa pegada de Funk Consciente. O repertório é muito bom e traz várias canções interessantes, como Ppg Tá Lindo, Se Eles Brotar e Pronto pra Guerra. Há outras músicas muito envolventes, como a faixa-título que tem a participação de MC Orelha, Vida Serena, Nós É Cria Não É Criado e o quase hit Zona Sul. Enfim, essa estreia do Cabelinho foi muito boa, mostrando o quão promissor ele era.
Ainda – MC Cabelinho
NOTA: 6/10
Little Hair – MC Cabelinho
NOTA: 9,4/10
Em 2021, MC Cabelinho passou por um momento-chave em sua carreira, lançando seu 3º álbum, o Little Hair. Após o Ainda, Cabelinho foi conquistando reconhecimento não apenas por seu talento musical, mas também por sua versatilidade, então ele decidiu dar um passo adiante. Antes do lançamento, ele já havia lançado outros projetos que exploravam sua vivência nas favelas cariocas, seu amor pela música e suas perspectivas sobre a sociedade, mas esse álbum marca um ponto de maturidade e profundidade. Ele reflete tanto seu crescimento pessoal quanto profissional, decidindo seguir as tendências do cenário do Trap nacional. A produção contou com muitos nomes, como Ajaxx, NeoBeats, Dallass e, novamente, Ariel Donato, que ajudaram a criar um som coeso, cheio de camadas. A escolha dos beats, com batidas graves e densas, complementa a abordagem lírica do rapper, onde ele alterna entre flows rápidos e momentos mais introspectivos. Além disso, ele decidiu deixar de lado seu lado de Funk consciente para mergulhar de vez no Trap. O repertório é maravilhoso e traz muitas canções interessantes, como GOTHAM, OUTRO PATAMAR e a parte 2 de SAUDADE, que carregam vivências. No entanto, as melhores faixas são os hits X1, ESSÊNCIA DE CRIA (que conta com MC Poze do Rodo, TZ da Coronel e Bielzin), além das reflexivas EU TE AVISEI, EU SOU TREM e, claro, a faixa-título. No final de tudo, é um trabalho excelente, que mostra a evolução do Cabelinho.
Little Love – MC Cabelinho
NOTA: 9/10
Little Love (Deluxe) – MC Cabelinho
NOTA: 8/10
Indo para o último trabalho do MC Cabelinho, a versão deluxe do Little Love, que não traz muitas mudanças. Depois do último projeto ter dado espaço para ele abordar temas mais sentimentais e românticos, com o lançamento da versão deluxe, ele aprofunda ainda mais essa abordagem, expandindo a visão já apresentada no álbum original. Além disso, naquele mesmo ano de 2023, ele voltou a participar de novelas, interpretando o personagem Hugo em Vai na Fé. Foi aí que ele conheceu a bendita Bella Campos, e todas as faixas tiveram ela como inspiração, nem preciso dizer o que aconteceu depois. A produção foi praticamente a mesma, com poucos produtores como Dallass, Palma, Mousik e DJDAVIDOB13, que conseguiram criar uma base sonora que reflete tanto o lirismo emocional quanto o peso das vivências do Cabelinho. Os instrumentais continuam sendo atmosféricos, com aquele toque melódico, criando uma imersão interessante. O repertório é bem curtinho, trazendo apenas 5 faixas, como TE ENCONTREI que, mesmo com a participação da Anitta, é uma boa música, além da introspectiva PRETA RARA. No entanto, as melhores canções são VOCÊ&EU e BEM MELHOR mesmo tendo Oruam. Já a versão pagodeira de MINHA CURA, com a participação do Belo, não tem nada a ver e é até desnecessária. No fim, apesar da versão deluxe ser mais simples que a original, não deixa de ser um ótimo trabalho.
The Slim Shady LP – Eminem
NOTA: 9,6/10
Três anos se passaram na vida do Marshall Bruce Mathers III, e ele retorna lançando seu segundo álbum, o The Slim Shady LP. Antes de lançar esse disco, Eminem havia lançado seu primeiro álbum independente, o Infinite, em 1996. No entanto, Infinite foi um fracasso comercial, e Eminem enfrentou dificuldades em sua carreira musical. Ao criar o personagem Slim Shady, ele encontrou uma nova abordagem para expressar suas frustrações, raiva e senso de humor macabro. Logo após ser despejado de sua casa, ele, junto com sua namorada Kim Scott e sua filha recém-nascida Hailie, se mudou para Los Angeles. Após participar de uma batalha de rap em que terminou em segundo lugar, acabou chamando a atenção de Jimmy Iovine e Dr. Dre. No final, ele assinou com a Aftermath e a Interscope. A produção foi feita não só por Eminem, mas também por Dr. Dre, Bass Brothers e Mel-Man, que trouxeram suas habilidades de produção, criando batidas simples, mas impactantes. Eles misturaram sons clássicos do Rap com experimentações sonoras mais ousadas, criando uma atmosfera caótica que combina perfeitamente com o lirismo provocativo do rapper. O repertório traz várias canções muito boas, todas bem ordenadas e com bons interlúdios. Algumas das faixas que se destacam são My Name Is, Brain Damage e as caóticas Role Model e Just Don’t Give A Fuck, além das introspectivas If I Had e Rock Bottom. Em suma, é uma obra espetacular que impulsionou sua ascensão.
The Marshall Mathers LP – Eminem
NOTA: 10/10
Era começo dos anos 2000, e Eminem lança seu clássico álbum The Marshall Mathers LP, que veio em uma época de transição em sua carreira. Depois do sucesso do The Slim Shady LP, o rapper se viu no centro das atenções, cercado por controvérsias. Seu lirismo chocante e as acusações de influenciar negativamente os jovens trouxeram atenção indesejada, enquanto ele também lidava com questões pessoais, como conflitos familiares e a pressão de ser uma celebridade recém-descoberta. Com esse disco, ele responde a essas críticas, explora a fama repentina e mergulha ainda mais fundo em sua raiva e vulnerabilidade. A produção é predominantemente assinada por Dr. Dre e Mel-Man, com participação de outros produtores como Bass Brothers e, claro, o próprio Eminem. A sonoridade do álbum mantém uma atmosfera sombria, em parte reminiscente de seu antecessor, mas com um tom ainda mais sombrio e agressivo. Os beats são densos e pesados, repletos de sintetizadores graves e samples certeiros. Em alguns momentos, o som minimalista e repetitivo realça a intensidade das letras dele, dando ao ouvinte foco total em suas palavras. O repertório é espetacular, parecendo uma coletânea, e está cheio de clássicos como as melancólicas Marshall Mathers e Stan com a participação do Dido, além das divertidas The Real Slim Shady e Bitch Please II, e das pesadas Kill You, The Way I Am e Criminal. Enfim, esse trabalho é, sem dúvida, um dos melhores álbuns de todos os tempos.
The Eminem Show – Eminem
NOTA: 10/10
Dois anos se passaram, e Eminem lança mais um trabalho fantástico intitulado The Eminem Show. Após o sucesso avassalador do The Marshall Mathers LP, o rapper se firmou como um mestre lírico, mas também se tornou um alvo frequente de críticas devido ao conteúdo violento e ofensivo de suas canções. Em resposta a essas críticas, esse novo trabalho foi marcado por um tom mais maduro e reflexivo, com ele abordando temas pessoais como a fama, a paternidade, sua relação complicada com sua mãe e suas lutas com o governo e os críticos, com letras críticas ao governo de George W. Bush, à censura e ao estado da liberdade de expressão. Nesse álbum, Eminem assumiu um papel maior na produção, colaborando de forma mais ativa com Dr. Dre, que tinha sido importante nos álbuns anteriores. Enquanto seus últimos discos contavam com batidas mais agressivas e instrumentais eletrônicos característicos da produção do Dre, neste ele introduziu um som mais orgânico, incorporando guitarras e bateria reais, trazendo uma sonoridade de Rap Rock, mas ainda com o Hip-Hop tradicional. O repertório é perfeito, e novamente traz uma série de canções sensacionais, como as críticas sociais em White America e Sing for the Moment, com a participação de Steven Tyler, do Aerosmith, as introspectivas Cleanin' Out My Closet e Superman, e os clássicos hits Without Me e Till I Collapse, com Nate Dogg. Tudo aqui é impecável. No fim, esse disco é maravilhoso e segue os passos de seu antecessor.
Encore – Eminem
NOTA: 8,2/10
Mais dois anos se passaram, e o rapper lança seu 5º álbum, o Encore, que era para ser o último disco do Eminem (só que não foi o que aconteceu). Após o The Eminem Show, nosso querido Marshall Mathers estava no auge, com seu alter ego Slim Shady estabelecido como uma força no Rap e na cultura Pop, mas também lidava com críticas constantes. Esse disco representa uma fase mais turbulenta em sua vida, marcada pelo cansaço, esgotamento criativo e pelas consequências de seus vícios em drogas, que começaram a afetá-lo bastante. A produção continuou a ser dominada por Eminem, que mais uma vez trabalhou com seu mentor Dr. Dre e outros produtores de confiança. O álbum segue a linha de seus lançamentos anteriores, com batidas pesadas e samples marcantes, só que sendo mais caótico e menos coeso, refletindo o estado mental dele na época. Ele deixou de lado as influências do Rock e adotou uma abordagem mais experimental em alguns momentos, com elementos de paródia, humor ácido e melodias menos convencionais. O repertório é muito legal e traz muitas canções interessantes, como Never Enough com 50 Cent e Nate Dogg, Puke e Just Lose It, que satirizava Michael Jackson. Mas há outras canções incríveis, como Big Weenie e as reflexivas Like Toy Soldiers e Mockingbird. Mesmo assim, tem algumas faixas que são bem arrastadas, como Yellow Brick Road e My 1st Single. Enfim, esse álbum é muito interessante, apesar de ser problemático.
Relapse – Eminem
NOTA: 5/10
Após um intervalo de cinco anos, o Eminem retorna lançando mais um disco novo, o Relapse, que até trazia um conceito nele. Depois do Encore, que refletia um período caótico na vida do rapper, especialmente devido ao abuso de substâncias e problemas pessoais, ele decidiu mergulhar em um período sombrio de sua vida, lutando contra a dependência de drogas, especialmente pílulas prescritas, e enfrentando a morte de seu amigo e parceiro de longa data, Proof (integrante do D12), que foi assassinado em 2006. Durante o hiato, muitos questionaram se Eminem continuaria no mesmo nível. A produção foi amplamente controlada por Dr. Dre, que fez todas as beats desse disco. Com uma sonoridade sombria, refletindo as temáticas perturbadoras presentes nas letras, as batidas do Dre são esparsas, sombrias e muitas vezes estranhas, o que combina com a natureza macabra do conteúdo lírico do Eminem. Com bastante influência do Horrorcore, o álbum cria uma atmosfera inquietante, acompanhada da narrativa sobre sua luta contra a dependência de drogas, suas fantasias violentas e o renascimento de seu alter ego, Slim Shady. O repertório é até interessante, mas tem muitas canções que soam como frases de autoajuda genéricas, como em 3 a.m., Deja Vu, Beautiful e a chatíssima diss We Made You. No entanto, há algumas faixas boas, como My Mom, Insane, Old Time’s Sake e Crack a Bottle com Dr. Dre e 50 Cent. No final de tudo, é um trabalho bem mediano e que poderia ter sido melhor trabalhado.