quarta-feira, 9 de outubro de 2024

Analisando Discografias - Soulfly e Cavalera Conspiracy (RA: LIV)

                  

Archangel – Soulfly





















NOTA: 8,7/10


Em 2015, o Soulfly lançou seu 10º álbum, intitulado Archangel, que é bastante temático. Após p Savages, que trouxe um som mais voltado para o Groove Metal, esse novo trabalho leva a banda para um estilo mais agressivo, inspirado por temáticas bíblicas e mitológicas, com uma forte carga espiritual e apocalíptica. Antes do lançamento, Tony Campos, que já estava insatisfeito, saiu da banda para se juntar ao Fear Factory, mas pelo menos ele não teve problemas com Max. Enfim, a produção foi feita por Matt Hyde, que já trabalhou com bandas como Slayer e Children of Bodom, o que ajuda a compreender o tom mais extremo e sombrio do álbum. O trabalho dele foi muito importante, pois deu clareza aos momentos mais técnicos do álbum, sem perder o impacto sonoro e a agressividade. Os tons de bateria são secos e potentes, enquanto os vocais de Max Cavalera se destacam pela crueza e intensidade, criando uma atmosfera sufocante e visceral. Tudo isso se destaca em uma sonoridade que tem bastante Thrash Metal, mas que também é possível perceber aquele som groovado. O repertório é muito bom e traz muitas canções interessantes, como a esmagadora Sodomites e as atmosféricas Shamash e Mother of Dragons. Além disso, há faixas encarregadas de brutalidade, como We Sold Our Souls to Metal, Titans, Deceiver e, claro, a faixa-título, todas sensacionais. Em suma, é um ótimo disco e um dos mais interessantes dessa fase da banda.

Ritual – Soulfly 





















NOTA: 9/10


Mais alguns anos se passam, e é lançado mais um disco da banda, o ambicioso Ritual. Após o Archangel, que trouxe temas bíblicos em sua concepção, esse novo álbum marca um retorno às raízes, trazendo uma linha mais agressiva e direta em relação aos trabalhos recentes da banda, mas com um senso renovado de coesão e equilíbrio entre os elementos tribais e o Metal extremo. Além disso, a banda estava bastante renovada, com todo o apoio que a renomadíssima gravadora Nuclear Blast estava dando para eles. A produção foi conduzida pelo brilhante produtor Josh Wilbur, que trouxe um som potente e orgânico, valorizando a energia crua da banda, mas mantendo uma clareza que permite que os detalhes se destaquem. Toda a sonoridade, que inclui Thrash Metal, Groove Metal e Death Metal, é bastante pesada e densa, com uma mixagem que equilibra o peso das guitarras, a complexidade das percussões tribais e a agressividade dos vocais. Os riffs de Max e Marc Rizzo são ferozes, enquanto a bateria de Zyon Cavalera se destaca com uma pegada firme e tribal. O repertório é excelente e traz várias canções totalmente perfeitas, como a faixa-título e Dead Behind the Eyes, com a participação de Randy Blythe do Lamb of God, além das raivosas Evil Empowered e Under Rapture. A faixa instrumental também é de uma beleza sensacional, e há outras boas canções, como The Summoning e Bite The Bullet. No fim, é um disco maravilhoso e um dos melhores desde a era Nu Metal.

Totem – Soulfly 





















NOTA: 5,4/10


Chegando agora ao último lançamento do Soulfly, que foi em 2022, intitulado Totem (que, por sinal, tem uma capa linda). Após o Ritual, que foi um dos trabalhos mais esplêndidos que a banda fez desde os primeiros álbuns, algumas mudanças aconteceram na banda. Marc Rizzo, guitarrista de longa data, acabou saindo devido a vários problemas de apoio que teve durante a pandemia, e ele não foi substituído, já que começaram a utilizar guitarristas diferentes nas turnês. Esse novo álbum representa uma continuação da agressividade crua, além de explorar novas dimensões musicais e líricas. A produção foi realizada por Arthur Rizk, que também tocou guitarra nesse álbum. Ele trouxe uma sonoridade pesada, mais direta, com menos experimentações do que em trabalhos anteriores, mas com um foco intenso na agressividade e no impacto rítmico. Os vocais de Max Cavalera estão em dia, enquanto as guitarras possuem uma textura áspera, mas os riffs acabam sendo decepcionantes. Já o Zyon Cavalera, na bateria, foi bem potente, porém faltou um som mais tribal, já que o álbum é uma junção de Groove Metal com um som mais Thrasheiro. O repertório é bem mediano, apesar de ter boas músicas como Superstition, Ancestors, Spirit Animal e a maravilhosa Filth Upon Filth. No entanto, há muitas canções genéricas, como Scouring The Vile, Ecstasy Of Gods e a faixa instrumental, que é muito sem alma, sendo pior que a de Enslaved. Enfim, esse disco é bem mediano e, de certo modo, sem graça.

Inflikted – Cavalera Conspiracy





















NOTA: 8,8/10


Voltando novamente para 2008, os irmãos Cavalera retornam lançando o disco de estreia do novo projeto deles, intitulado Inflikted. Depois de anos de divergências, Max Cavalera e Igor Cavalera decidiram se reunir sob o nome Cavalera Conspiracy, um projeto que deixou muitos fãs do Metal extremo de queixo caído. A proposta do Cavalera Conspiracy era clara: trazer de volta a sinergia dos irmãos Cavalera, explorando a agressividade e a intensidade que os tornaram ícones do Metal com o Sepultura, mas agora sob um novo banner. A formação da banda também incluiu Marc Rizzo e Joe Duplantier (vocalista e guitarrista do Gojira), que tocou baixo no álbum, adicionando ainda mais peso e técnica ao som. A produção foi conduzida por Logan Mader, ex-guitarrista da banda Machine Head. A sonoridade é cheia de camadas, capturando a brutalidade do som dos irmãos Cavalera, sem perder a clareza necessária para que cada instrumento tenha seu espaço. Embora Max continuasse a trazer o Groove Metal e as influências tribais que caracterizavam o Soulfly, Igor voltou com uma pegada mais crua, evocando o poder percussivo que marcou a era clássica do Sepultura. O repertório é incrível e traz muitas canções pesadíssimas, como a sensacional faixa-título, junto com Sanctuary e Bloodbrawl, que relembram os tempos de Chaos A.D., além de Ultra-Violent e muito Hardcore Punk presente em Hex e Nevertrust. No final de tudo, é um ótimo disco de estreia que mostrou o retorno triunfal dos irmãos.

Blunt Force Trauma – Cavalera Conspiracy 





















NOTA: 8,5/10


Depois de um intervalo de três anos, chega o segundo álbum do Cavalera Conspiracy, Blunt Force Trauma. Após o sucesso do álbum de estreia, que marcou o reencontro musical dos irmãos após uma década separados, seu sucessor veio com a intenção de aprofundar a brutalidade e simplicidade sonora que o projeto prometia desde o início. Diferente do Soulfly, que mistura elementos groovados com influências tribais, o Cavalera Conspiracy foca em uma abordagem mais direta e agressiva, explorando os terrenos do Thrash Metal e Hardcore. Desta vez, Max e Igor optaram por um álbum mais direto e menos experimental, além de recrutarem o baixista de turnê Johny Chow para tocar baixo no álbum, já que Joe Duplantier estava ocupado com o próximo álbum do Gojira. A produção, novamente feita por Logan Mader, trouxe uma produção clara, mas suja o suficiente para manter a crueza e brutalidade que os Cavalera buscavam. A sonoridade do álbum é brutalmente simples: riffs diretos, rápidos e afiados, com uma bateria sólida e implacável, enquanto os vocais de Max são ainda mais viscerais e agressivos. O repertório é ótimo e tem muitas canções interessantes, como Torture e Lynch Mob, com a participação de Roger Miret do Agnostic Front, que tem aquela pegada de Hardcore Punk, além de Thrasher, que lembra muito o Slayer. Mas as canções que mais se destacam são Warlord, Killing Inside e Rasputin. Sendo assim, é um ótimo trabalho que continua muito bem o que seu antecessor fez.

Pandemonium – Cavalera Conspiracy 





















NOTA: 8/10


Mais um tempo se passa, e os irmãos Cavalera lançam mais um novo trabalho do seu projeto, o Pandemonium. Após o lançamento do Blunt Force Trauma, o Cavalera Conspiracy passou por um período de transição, com a banda explorando novas direções musicais e reestruturando seu som. Com esse novo álbum, eles decidiram trazer muito mais agressividade, refletindo a crescente raiva e frustração com o estado do mundo. As letras abordam guerra, corrupção e caos, temas comuns em seu repertório, mas que aqui parecem ainda mais brutais e diretos. Outra mudança foi o recrutamento de um novo baixista no último dia do ano de 2013, Nate Newton, da banda Converge. A produção foi novamente comandada pelo próprio Max Cavalera, e eles lançaram o álbum pelo selo Napalm Records. A sonoridade continua crua e visceral, com destaque para o som pesado e denso da banda, principalmente os riffs cortantes do Max e a bateria tribal e explosiva do Igor. Isso reflete a vontade da banda de criar um som mais próximo das raízes do Hardcore Punk e Grindcore, além de incorporar a brutalidade do Death Metal. O repertório mais uma vez é muito bom e traz várias músicas interessantes, como as frenéticas Bonzai Kamikazee e Scum, além de músicas técnicas como Insurrection e The Crucible. Entretanto, as faixas que mais se destacam são a sombria Cramunhão e a quase melódica Not Losing the Edge. Em suma, é um trabalho bem legal e bastante energético.

Psychosis – Cavalera Conspiracy 





















NOTA: 8,3/10


Em 2017, o Cavalera Conspiracy lançou seu 4º trabalho de estúdio, o Psychosis, que trouxe poucas novidades. Após o relativamente mais experimental Pandemonium, que apresentou uma abordagem mais dissonante e suja, esse novo álbum traz uma estética sonora mais direta e devastadora. Além de ter sido gravado apenas pelos irmãos Cavalera, junto com o guitarrista Marc Rizzo, o produtor também gravou o baixo desse disco. Eles trabalharam com o produtor Arthur Rizk, conhecido por seu trabalho com bandas de Metal extremo como Power Trip e Inquisition. Rizk foi responsável pela produção, mixagem e por dar um toque cru e visceral, que combinou perfeitamente com a intensidade dos irmãos Cavalera. Diferente de outras produções mais polidas que dominavam o cenário, Rizk trouxe uma sonoridade bruta e agressiva, mas ainda assim organizada. As guitarras são afiadas, os vocais de Max são apresentados de forma imponente, e a bateria de Igor se destaca como um dos elementos mais ferozes do álbum. O repertório é muito bom e traz canções carregadas de puro peso, como as groovadas Terror Tactics e Crom, e a caótica Insane, mas também músicas totalmente experimentais, como Spectral War e Excruciating, que são excelentes. No final, é um ótimo álbum deles, cheio de brutalidade e muito visceral.

Bestial Devastation – Cavalera Conspiracy 





















NOTA: 8/10


Depois de longas turnês e um intervalo de seis anos sem qualquer lançamento novo, os irmãos Cavalera retornaram com uma série de regravações dos primeiros trabalhos do Sepultura. O que aconteceu foi que, em abril de 2023, foi anunciado que Max e Igor regravaram os dois primeiros lançamentos do Sepultura, além de repaginar aquela péssima gravação, trazendo uma versão mais moderna e robusta das faixas. Esta regravação carrega o peso da experiência, sem perder a essência visceral e suja que caracterizava o som do Sepultura em seus primórdios. Enquanto o EP de 1985 tinha um som cru e não refinado, típico das gravações underground da época, esta nova versão eleva as músicas a um novo patamar em termos de clareza e impacto. A produção, novamente liderada por Arthur Rizk, mantém a brutalidade crua, mas com uma profundidade sonora que dá aos instrumentos mais peso. As guitarras de Max são afiadas e letais, com uma distorção que reverbera de forma esmagadora. A bateria de Igor, agora mais precisa e bem capturada, sendo devastadora. O repertório é praticamente o mesmo, trazendo aquelas canções completamente pesadas, só que agora com muito mais clareza, como em Antichrist, que ficou mais audível, e Necromancer, que se destacou como a melhor faixa dessa regravação. A música inédita Sexta-Feira 13 também ficou muito boa. Enfim, essa regravação do EP ficou boa, apesar de não superar o original.

Morbid Visions – Cavalera Conspiracy  





















NOTA: 8/10


Logo depois, obviamente, eles lançam a regravação do 1º álbum do Sepultura, o Morbid Visions. Como já sabemos, o disco original é marcado por uma produção crua e uma atmosfera quase primitiva, que combinava o som sombrio do Death Metal com letras satânicas e apocalípticas. Esse relançamento, sob o nome de Cavalera Conspiracy, reflete o desejo dos irmãos de honrar sua obra inicial, mas também aprimorá-la com a experiência adquirida ao longo de décadas. Os irmãos Cavalera decidiram, mais uma vez, melhorar e oferecer uma visão mais refinada e poderosa, sem perder a essência do caos e da brutalidade que definiram o trabalho original. Em termos de produção, o novo Morbid Visions foi recriado para os padrões modernos, já que a original era muito ruim e totalmente amadora, limitada pelos recursos técnicos da época. No entanto, nesta versão, a produção é mais polida e o som mais pesado e agressivo, com guitarras muito mais nítidas e bateria explosiva. Arthur Rizk conseguiu manter a integridade do álbum original, mas acabou aprimorando tudo de forma precisa. O repertório é o mesmo, e as canções que antes eram bem sem graça ganharam mais ritmo, como Mayhem e Crucifixion. No entanto, uma faixa que se destacou totalmente foi War, que ficou perfeita, e a música nova, Burn The Dead, é explosiva e cheia de riffs intensos, sendo muito boa. No fim, essa regravação ficou excelente, e eles acertaram em tudo.

Schizophrenia – Cavalera Conspiracy 





















NOTA: 8,3/10


Agora, chegando à última regravação, o Schizophrenia, lançada recentemente há quase quatro meses. Após o lançamento das duas regravações dos primeiros trabalhos do Sepultura, que fizeram relativo sucesso, eles decidiram finalizar esse projeto com o 2º álbum da antiga banda dos irmãos Cavalera. Como já sabemos, o álbum original foi lançado em 1987 e é um marco na carreira da banda, sendo o primeiro a chamar atenção mundialmente. Ele representou uma transição do estilo mais primitivo de Morbid Visions para um som mais elaborado, com influências do Thrash Metal. A produção ficou a cargo, mais uma vez, do Arthur Rizk, que trouxe aquela abordagem que mistura fidelidade à essência crua do Metal, mas com clareza e poder de fogo contemporâneos. A escolha dele como produtor foi crucial para o som renovado, já que o álbum original de 1987, embora ótimo, apresentava bastantes limitações técnicas na gravação. A regravação conta com uma sonoridade muito melhor, mas sem perder a agressividade, dando nova vida aos riffs icônicos e à bateria intensa de Igor. O repertório continua excelente, e algumas canções ficaram ainda mais técnicas, como From The Past Comes the Storms e a faixa instrumental Inquisition Symphony. Novamente, Escape to the Void e Septic Schizo ficaram ainda melhores, enquanto a música inédita Nightmares Of Delirium traz uma brutalidade impressionante. No fim, é mais uma regravação muito boa, que fechou esse ciclo do Cavalera Conspiracy.
 

                                                             Então é isso e flw!!! 

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