terça-feira, 1 de outubro de 2024

Analisando Discografias - Síntese, Death e Cannibal Corpse (RA: XLIX)

                 

Ambrosia – Síntese





















NOTA: 6,3/10


O tempo passou e, perto do fim daquele complicado ano de 2020, saiu mais um trabalho do Síntese, o Ambrosia. Depois do último lançamento, Neto, além de fazer muitos shows, participou de vários trabalhos de outros rappers, como, por exemplo, a cypher Poetas no Topo 3.2 da Pineapple. Após tudo isso, uma boa notícia surgiu, pois Léo já estava melhor e retornou ao Síntese, formando novamente a dupla como foi no disco de estreia, que juntos traziam uma visão de mundo muito particular, alimentada por suas experiências pessoais e uma constante busca por respostas. Esse álbum contou com vários produtores, além do próprio Neto, e, como sempre, manteve aquela estética minimalista e introspectiva, característica da dupla, misturando ainda mais beats de Jazz e R&B, criando uma atmosfera meditativa que valoriza as letras poéticas de Neto e Léo. O problema, no entanto, é que, por ter muita gente colaborando, a sonoridade em si ficou confusa, pois parece que cada produtor fez uma música diferente, e na seguinte já era outro, o que faz com que as linhas instrumentais de cada canção não combinem entre si. O repertório, no início, é muito interessante por conta das canções Lei dos Céus e as sensacionais Salmo Perdido e Da Sul pra Leste, mas logo depois vêm várias canções chatas como Maçãs, Porta dos Cães, A Rua Sabe e várias outras. Algumas exceções vão para Medalhão e MMXX. Enfim, esse trabalho é muito mediano; parece que faltou clareza em toda sua concepção.

Scream Bloody Gore – Death 





















NOTA: 9,7/10


Agora falando sobre o clássico álbum de estreia da banda Death, o Scream Bloody Gore, que fez um verdadeiro barulho na cena do Metal. Fundada por Chuck Schuldiner em 1983, a banda começou sob o nome de Mantas, mas logo se tornou Death, um nome que resumia a temática lírica e estética da banda. No início, Death era profundamente influenciada pelas bandas Nasty Savage, Slayer e Venom, que já abordavam temas sombrios e violentos. No entanto, Chuck queria ir além e empurrar os limites para algo ainda mais agressivo. Logo após, ele chamou um baterista para integrar a banda, o jovem Chris Reifert. A produção foi feita por Randy Burns com a ajuda de Chuck, tendo uma abordagem crua e visceral, refletindo a natureza brutal e sem polimento do que se chamaria de Death Metal. Chuck Schuldiner tocou tanto guitarra quanto baixo no álbum, pois a falta de uma banda completa fez com que o vocalista assumisse boa parte da responsabilidade pela criação do disco. O som é caracterizado por guitarras distorcidas e pesadas, batidas rápidas e vocais guturais, que na época eram extremamente inovadores. O repertório é fantástico, e todas as canções são um verdadeiro soco na cara, como Infernal Death, Zombie Ritual, Sacrificial, Torn to Pieces, Evil Dead e Regurgitated Guts, além das outras. Sim, parece que o nome dessas músicas saiu de um filme de terror, pois é a inspiração foi essa. Enfim, esse disco é um verdadeiro clássico do gênero e mostrava o talento de Chuck.

Leprosy – Death 





















NOTA: 9,1/10


Um ano se passa, e é lançado o 2º álbum do Death, o Leprosy, que também é completamente sensacional. Após o Scream Bloody Gore, o Death se tornou rapidamente um nome de referência no underground do Metal extremo. O sucesso do álbum fez com que Chuck Schuldiner começasse a trabalhar em um material novo, querendo expandir o som da banda. Durante o período entre o primeiro e o segundo álbum, Chuck recrutou uma formação mais sólida, com Rick Rozz na guitarra, Terry Butler no baixo e Bill Andrews na bateria, o que permitiu uma maior coesão na criação das músicas. A produção foi bem diferente, já que desta vez foi gravada na Flórida, em vez de Los Angeles, com a produção de Dan Johnson e Scott Burns trabalhando como engenheiro de som, que mais tarde se tornaria uma figura icônica na produção dos álbuns de Death Metal. A produção trouxe uma clareza que o anterior não tinha, sem perder a agressividade e intensidade características da banda. As guitarras são mais pesadas, os vocais mais definidos, e a bateria tem uma presença mais marcante, com mais foco nas variações rítmicas e nos blast beats. O repertório, novamente, é fantástico e cheio de canções superpesadas, como a faixa-título, Left to Die e Pull the Plug, além de outras cheias de brutalidade e técnica, como Born Dead e Choke on It. No fim, é um álbum sensacional e, junto com seu antecessor, é uma verdadeira obra-prima do Death Metal.

Spiritual Healing – Death





















NOTA: 8,6/10


Era começo dos anos 90, e já em fevereiro de 1990 a banda lança mais um novo trabalho, o Spiritual Healing. Depois do Leprosy, o Death já era uma das principais bandas do Death Metal. No entanto, Chuck Schuldiner estava evoluindo como músico e compositor, começando a explorar temas mais complexos. Ele se afastou dos temas de violência grotesca e terror dos dois primeiros álbuns, focando em temas de horror cotidiano, incluindo assassinos em série, dependência de drogas e reconstrução genética, que foi influenciado por um programa de TV da emissora americana ABC. A banda continuou com a mesma formação, mas contando com o guitarrista James Murphy (e vão se acostumando, pois eles sempre trocam de guitarrista). A produção foi feita por Chuck Schuldiner, junto com Eric Greif e, mais uma vez, com Scott Burns. A sonoridade é muito mais refinada e polida, permitindo uma maior clareza nas camadas instrumentais, especialmente nas guitarras. A produção é mais técnica, e os arranjos são mais elaborados, refletindo o avanço técnico da banda, o que permitiu solos mais complexos de Chuck e Murphy, sem perder a essência. O repertório é muito bom, com canções melódicas e com temas precisos, como Living Monstrosity, Defensive Personalities e Low Life, além da excelente agressividade contida em Genetic Reconstruction e, claro, na faixa-título. No final de tudo, é um ótimo trabalho da banda, que seguiu por um caminho mais técnico, e que funcionou.

Human – Death 





















NOTA: 8,8/10


Pouco tempo depois, a banda retorna com mais um álbum intitulado o Human, que vinha ainda mais técnico. Após os três primeiros discos do Death terem ajudado a moldar o Death Metal como um subgênero, Chuck Schuldiner ainda continuava insatisfeito com o direcionamento criativo das obras anteriores e procurava expandir o som da banda. Além disso, ele começou a trabalhar com músicos de estúdio e ao vivo, devido a relacionamentos ruins com a seção rítmica e aos guitarristas anteriores. Então, todo mundo que estava na banda vazou, e entraram no lugar o guitarrista Paul Masvidal e o baterista Sean Reinert, ambos da banda Cynic, e o baixista Steve DiGiorgio, com sua brilhante habilidade no fretless bass. A produção foi totalmente conduzida por Scott Burns, e eles gravaram no lendário Morrisound Recording. O álbum se beneficiou de uma produção clara e nítida, o que permitiu que os arranjos complexos, com uma técnica refinadíssima, se destacassem. Além disso, aquela sonoridade, com guitarras afiadas, bateria precisa e dinâmica, além de um baixo fretless, deixou tudo bem sofisticado. O repertório é ótimo, e as canções são todas técnicas, porém cruas, como as sensacionais Flattening of Emotions, Secret Face e See Through Dreams, além de terem faixas mais progressivas como Lack of Comprehension e a faixa instrumental Cosmic Sea. Toda essa técnica experimental faz sim esse trabalho ser de Metal progressivo. No fim, é mais um disco muito bom que amplificou ainda mais aquela cena.

Individual Thought Patterns – Death 





















NOTA: 10/10


Após um intervalo de dois anos, é lançada uma das maiores obras-primas do Death Metal, o clássico Individual Thought Patterns. Após o último álbum ter trazido uma transição para um estilo mais técnico e progressivo, que se distanciou daquele lado mais tradicional, este álbum dá continuidade a essa evolução. Lançado em uma época em que Chuck Schuldiner buscava explorar ainda mais a sofisticação musical, ele reuniu músicos de altíssimo calibre para esse projeto, ou seja, houve mais uma troca de integrantes, chegando o baterista Gene Hoglan, do Dark Angel, e o baixista Steve DiGiorgio, do Sadus, que contribuíram significativamente para a complexidade do som da banda. A produção foi conduzida novamente por Scott Burns, que desta vez explorou uma abordagem mais refinada e detalhada. A instrumentação é totalmente técnica, especialmente o baixo fretless de Steve DiGiorgio, com linhas de baixo intrincadas e audíveis, algo raro no Death Metal tradicional. A bateria de Hoglan é poderosa e precisa, e o estilo de guitarra de Chuck, caracterizado por riffs complexos e solos melódicos, é perfeitamente capturado. O repertório é sensacional, sendo praticamente uma coletânea, todas as canções são pesadas e cheias de experimentalismo, como Overactive Imagination, Jealousy, Trapped In A Corner, Destiny e The Philosopher. Sério, tudo aqui é perfeito. Enfim, esse disco é sensacional, totalmente pesado e eleva o subgênero Technical Death Metal a outro nível.

Symbolic – Death 





















NOTA: 10/10


Mais dois anos depois, o Death lança mais um álbum magnífico, o Symbolic, que seguia a mesma fórmula do anterior. Após o lançamento do maravilhoso Individual Thought Patterns, a expectativa em torno de um novo álbum era alta. Chuck continuava sua busca por uma sonoridade cada vez mais refinada, explorando temas filosóficos, emocionais e existenciais em suas letras. A formação contou novamente com Gene Hoglan na bateria, e trouxe Bobby Koelble na guitarra e Kelly Conlon no baixo. Além disso, a banda trocou de gravadora, saindo da Relativity e indo para a Roadrunner, e aí eles foram fazer um dos discos mais completos de Death Metal. A produção contou dessa vez com Jim Morris, que potencializou uma sonoridade cristalina e poderosa. Diferentemente daquela forma mais tradicional, onde o baixo muitas vezes é enterrado sob camadas de distorção, aqui cada instrumento é audível. As guitarras são afiadas e precisas, enquanto a bateria de Hoglan soa massiva e intricada, mantendo uma base sólida e com arranjos complexos. Tudo isso aqui, além de cru, é melódico e cheio de refinamento em seus riffs. E mais uma vez o repertório é espetacular, e todas as canções são completamente incríveis, desde as mais pesadas como Zero Tolerance e a faixa-título, às melódicas como Perennial Quest e, claro, Crystal Mountain, que é uma verdadeira aula de Technical Death Metal. No fim, esse disco é mais um clássico da banda, sendo uma obra-prima assim como seu antecessor.

The Sound Of Perseverance – Death 





















NOTA: 9/10


E aí chegamos ao último álbum da banda, lançado em 1998, o interessantíssimo The Sound of Perseverance. Após ter lançado dois álbuns atemporais, Chuck Schuldiner acabou terminando o vínculo do Death com a gravadora Roadrunner e passou a se concentrar em sua nova banda, a Control Denied. Pensando em tudo que ele fez nos últimos trabalhos, ele decidiu experimentar tudo que tinha sido desenvolvido. E, pela última vez, houve troca de integrantes com o guitarrista Shannon Hamm, o baterista Richard Christy e o baixista Scott Clendenin, e por fim eles lançaram esse álbum pelo selo da Nuclear Blast. A produção contou, mais uma vez, com Jim Morris, que trouxe novamente uma clareza e precisão que permitiu detalhes técnicos e complexos. Tudo isso integrando uma sonoridade que se enquadrava no Technical Death Metal com Metal Progressivo. O repertório é ótimo, e as canções são cheias de poder, como as sensacionais Spirit Crusher, Story to Tell, a brilhante faixa instrumental quase acústica Voice of the Soul e o excelente cover de Painkiller, do Judas Priest. Mesmo assim, erraram em duas canções que são muito enfadonhas: Bite the Pain e To Forgive is to Suffer. Após isso, Chuck focou em fazer o primeiro álbum do Control Denied, mas, quando terminou de gravá-lo, foi diagnosticado com câncer cerebral. Em 2001, ao contrair pneumonia, ele acabou falecendo. Enfim, apesar disso, o último álbum do Death é excelente, embora não seja um clássico.

Eaten Black To Life – Cannibal Corpse  





















NOTA: 6,7/10


Na mesma época do sucesso do Death, outra banda surgia em uma linha quase semelhante: o Cannibal Corpse, com seu álbum de estreia o Eaten Back to Life. Formada em Buffalo, Nova York, em 1988, a banda era composta pelo vocalista Chris Barnes, Jack Owen e Bob Rusay nas guitarras, baixista Alex Webster e Paul Mazurkiewicz na bateria, que anteriormente eram membros de bandas que haviam se dissolvido recentemente. Na época, a banda estava dando seus primeiros passos em uma cena ainda em formação, que ganhava força com influências de gêneros como o Thrash Metal e de outras bandas como o próprio Death e Possessed, que ajudaram a formar o Death Metal. A temática brutal, com letras gráficas e macabras, fez com que o Cannibal Corpse se destacasse e gerasse polêmica desde o início de sua carreira. A produção do álbum ficou a cargo de Scott Burns, o lendário produtor daquela cena em ascensão, que capturou uma sonoridade crua e feroz, típica da época e do estilo que o Cannibal Corpse ajudava a moldar. Só que o problema é que o álbum é totalmente mal mixado e os ritmos sonoros são genéricos até demais. O repertório é até interessante, com músicas cheias de brutalidade como Put them to Death, A Skull Full of Maggots e a sensacional Born in a Casket, mas há canções bastante tediosas como Mangled e Bloody Chunks. No fim, esse disco de estreia é bem mediano, faltou muita coesão nele.

Buchered At Birth – Cannibal Corpse 





















NOTA: 4/10


No ano seguinte, o Cannibal Corpse retorna com mais um álbum, porém bem problemático, o Butchered at Birth. Após o relativo impacto de sua estreia, o Cannibal Corpse rapidamente se consolidou como uma das bandas mais extremas do Death Metal, tanto pela sonoridade quanto por suas letras extremamente gráficas. No entanto, a banda sabia que precisaria ir além para se destacar naquela cena e também fazer um bom trabalho. Com esse novo álbum, eles decidiram dobrar a violência sonora e lírica, mas também refinaram seu estilo, tornando-se ainda mais brutais. O álbum foi envolto em controvérsia logo no lançamento, devido à capa altamente perturbadora e às letras violentas, que levaram à proibição do álbum em diversos países, incluindo a Alemanha. A produção contou mais uma vez com Scott Burns, que buscou trazer uma sonoridade mais densa e suja. O som das guitarras ficou mais distorcido, enquanto o vocal de Chris Barnes também mudou significativamente em comparação ao álbum anterior, introduzindo um estilo de vocal mais profundo e gutural. Porém, mais uma vez, eles erram na mixagem, e o som acabou ficando muito parecido com o do Possessed. O repertório, desta vez, é bem fraco, com muitas músicas sem graça, como Meathook Sodomy, Covered With Sores e Innards Decay. As únicas exceções são a faixa-título e Under the Rotted Flesh, que são bem imersivas. Enfim, esse trabalho é bem fraco, mas a banda sabia que as coisas iriam mudar a favor deles.
  

Por hoje é só, um abraço e flw!!!

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