quinta-feira, 10 de abril de 2025

Analisando Discografias - Miles Davis: Parte 4

                 

Sketches Of Spain – Miles Davis





















NOTA: 8,6/10


Pouco tempo depois, Miles Davis lança mais um disco, intitulado Sketches of Spain. Após o Workin’, ele estava em busca de novas formas de expressão musical. Seu interesse por fusões entre o Jazz e outras tradições culturais levou-o a continuar a parceria com o arranjador Gil Evans. Esse trabalho surgiu quando Miles ouviu a gravação do Concierto de Aranjuez, do compositor espanhol Joaquín Rodrigo, e ficou profundamente tocado pela melodia. Isso o motivou a explorar a música espanhola (e, por extensão, mourisca e árabe) dentro de uma abordagem jazzística-orquestral. A produção, feita por Teo Macero, deixou tudo bem equilibrado, com uma formação que não era a de uma típica banda de Jazz, incluindo instrumentos clássicos. Evans e Davis não apenas transcreveram peças existentes, mas reinterpretaram e recriaram, respeitando toda essência. O repertório contém 5 faixas intimistas e bem melódicas. Enfim, é um disco interessante e com um ótimo conceito. 

Melhores Faixas: The Pan Piper, Solea 
Vale a Pena Ouvir: Concierto De Aranjuez, Saeta, Will O' The Wisp

Steamin’ – Miles Davis





















NOTA: 8,8/10


No meio do ano de 1961, era lançado o último trabalho do Miles Davis pela Prestige Records, intitulado Steamin’. Após o Sketches of Spain, sua antiga gravadora decidiu resgatar o último material do trompetista ainda nos tempos de seu lendário quinteto, grupo que foi crucial para a evolução do Hard Bop, trazendo uma combinação de sofisticação harmônica, improvisação ousada e swing energético. A produção foi feita pela última vez por Bob Weinstock, que seguiu aquela estética direta e sem artifícios que marcou a abordagem da Prestige na época: microfones posicionados de forma natural, gravação ao vivo no estúdio, mínima interferência do produtor e nada de overdubs. A ideia era capturar a energia e espontaneidade de uma apresentação ao vivo. O repertório contém 6 faixas muito boas, belíssimas e um pouco mais densas. No fim, é um belo disco que fechou bem a trajetória clássica da carreira do Miles. 

Melhores Faixas: Something I Dreamed Last Night, Surrey With The Fringe On Top 
Vale a Pena Ouvir: When I Fall In Love

Someday My Prince Will Come – Miles Davis





















NOTA: 9,5/10


Chegando próximo do final do ano, Miles Davis lança outro disco sensacional: Someday My Prince Will Come. Após o Steamin’, com o fim de seu icônico First Great Quintet, já que John Coltrane estava focado em sua carreira solo e Cannonball Adderley também já havia saído, Miles se via sem uma formação estável. Nesse contexto, ele começou a trabalhar com novos músicos (como Hank Mobley no sax tenor), mas ainda chamava os antigos colegas para participações especiais. Só que ele não queria repetir o modalismo do Kind of Blue, mas também não queria voltar completamente ao Hard Bop tradicional. Com isso, a produção feita por Teo Macero tem uma sonoridade cristalina e intimista, com momentos de estabilidade intercalados com lampejos de genialidade individual. E a mulher da capa é Frances Taylor, esposa do trompetista na época. O repertório é maravilhoso, e as canções são suaves e bem descontraídas. Em suma, esse trabalho é um grande clássico do Jazz. 

Melhores Faixas: Someday My Prince Will Come, Teo, Drad-Dog 
Vale a Pena Ouvir: Old Folks

Seven Steps To Heaven – Miles Davis





















NOTA: 8,1/10


Depois de dois anos, o nosso querido trompetista retorna lançando Seven Steps to Heaven. Após o Someday My Prince Will Come, os anos de 1962 e 1963 foram bem turbulentos na vida do Miles, com problemas de saúde, questões pessoais e mudanças no cenário do Jazz dificultando sua produtividade. Além disso, ele precisava formar um novo time de músicos e, após vários chutes na trave, finalmente começam a se formar as bases do que viria a ser seu Second Great Quintet, com a entrada do pianista Herbie Hancock, do baixista Ron Carter e, pouco depois, do baterista Tony Williams, todos eles ainda muito jovens. A produção, conduzida por Teo Macero, foi dividida em dois blocos: um em Hollywood e outro em Nova York, com a sessão de LA sendo mais “clássica”, enquanto a de NY já aponta para uma linguagem mais moderna. O repertório é muito bom, e as canções são mais leves e harmônicas. Enfim, é um disco interessante e bem consistente. 

Melhores Faixas: Baby Won't You Please Come Home, Seven Steps To Heaven 
Vale a Pena Ouvir: Joshua

Quiet Nights – Miles Davis





















NOTA: 8/10


No final do ano de 1963, foi lançado mais um disco de Miles Davis com Gil Evans: Quiet Nights. Após o Seven Steps to Heaven, o Jazz passava por uma renovação radical, e a relação do Miles com Evans ainda era criativa, mas a pressão comercial da gravadora Columbia também crescia. Nesse meio tempo, aconteceu o auge da Bossa Nova, e eles foram pressionados a seguir essa nova tendência. A produção, feita por Teo Macero, teve diversas sessões com resultados insatisfatórios. As composições estavam sendo desenvolvidas lentamente, e Miles não parecia totalmente engajado no projeto. Isso causou sua revolta, pois considerou o álbum inacabado. Ainda assim, há momentos de beleza nesse trabalho, mesmo com suas imperfeições estruturais. O repertório contém 7 faixas muito boas, e um detalhe curioso é que a minutagem total do disco é exatamente a mesma de álbuns da década de 1940: 26 minutos. Enfim, esse disco é bem legal, apesar de não ter sido mais bem trabalhado. 

Melhores Faixas: Song #1, Corcovado 
Vale a Pena Ouvir: Once Upon A Summertime, Summer Night
  

    Então um abraço e flw!!!             

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