Bitches Brew – Miles Davis
NOTA: 9/10
Entrando na década de 70, Miles Davis lança Bitches Brew, onde segue por um lado mais tematizado. Após o excepcional In a Silent Way, o trompetista percebeu que, ao seguir aquele caminho do Jazz Fusion, unindo a improvisação jazzística à energia elétrica do Rock e às camadas do Funk, estava abrindo novas possibilidades musicais. Neste projeto, ele rompeu com estruturas convencionais, consolidando uma revolução estética. A produção, como sempre, ficou a cargo do Teo Macero, que também atuou como um "compositor de fita", fazendo colagens e edições com os takes de estúdio, criando novas formas musicais a partir da improvisação livre. O uso de instrumentos elétricos, sobreposições rítmicas, repetições hipnóticas e edições pós-gravação deram ao álbum uma sonoridade densa, caótica e revolucionária. O repertório é muito bom, com canções mais atmosféricas e envolventes. Enfim, é um belo disco e totalmente essencial.
Melhores Faixas: Miles Runs The Voodoo Down, Bitches Brew
Vale a Pena Ouvir: Spanish Key
Jack Johnson (Original Soundtrack Recording) – Miles Davis
NOTA: 8,8/10
Se passou outro ano e Miles volta lançando Jack Johnson, que serviu como trilha sonora de um documentário. Após o Bitches Brew, percebendo que já havia rompido com os padrões do Jazz tradicional e mergulhado de cabeça na fusão com o Rock e o Funk, ele decide continuar explorando esse caminho. Esse disco foi concebido como trilha sonora para um documentário sobre Jack Johnson, o primeiro boxeador negro campeão mundial dos pesos pesados (em 1908), que enfrentou o racismo institucional dos EUA com ousadia, arrogância e talento bruto. A produção foi realizada por Teo Macero, a partir de longas jam sessions que foram editadas e rearranjadas em fita. Ele decidiu fazer algo mais urbano, sujo, elétrico, físico, imprimindo uma grande crueza nos acabamentos rítmicos. Apesar do repertório conter apenas 2 faixas, ambas ultrapassam os 25 minutos e são bem estruturadas e cadenciadas. No fim, é um trabalho muito interessante, com muito perfeccionismo.
Melhor Faixa: Yesternow
Vale a Pena Ouvir: Right Off
On The Corner – Miles Davis
NOTA: 9,4/10
Melhores Faixas: Black Satin, Helen Butte / Mr. Freedom X
Vale a Pena Ouvir: On The Corner / New York Girl / Thinkin' One Thing And Doin' Another / Vote For Miles, One And One
Get Up With It – Miles Davis
NOTA: 9,8/10
Se passaram dois anos, e Miles Davis foi lá e lançou um álbum duplo extremamente essencial, intitulado Get Up With It. Após o On The Corner, Miles estava empurrando os limites do Jazz para territórios inexplorados. Entre 1972 e 1974, ele mergulha num estado físico e emocional caótico: problemas de saúde (úlceras, dores crônicas), dependência química e crises pessoais. Mas também foi um período musicalmente feroz, com muitos ensaios e sessões com formações mutantes. A produção ficou a cargo do mesmo produtor de sempre, aproveitando sessões avulsas gravadas em diferentes anos, algumas anteriores a On The Corner e outras bem posteriores. So que aqui há menos colagens em fita e mais "takes inteiros", que mantêm a organicidade dos músicos tocando ao vivo no estúdio. O repertório é sensacional, com faixas longuíssimas, mas todas bem diversificadas. No fim, é um baita álbum e um dos mais ousados de sua carreira.
Melhores Faixas: Billy Preston, Rated X
Vale a Pena Ouvir: Honky Tonk, He Loved Him Madly
Agharta – Miles Davis
NOTA: 8/10
No ano seguinte, Miles Davis lança um trabalho ao vivo intitulado Agharta, que surge em um grande contexto. Após o Get Up With It, o trompetista já estava no limite físico e mental. Seu corpo estava em colapso: dores crônicas, dependência de cocaína, depressão severa. Sua música estava cada vez mais intensa, mais barulhenta, mais densa. Ele já não era o “líder do jazz moderno”, mas sim um xamã elétrico à frente de uma seita sonora, guiando músicos jovens por caminhos violentamente improvisados. Então, ele decidiu fazer uma turnê no Japão, e foi lá que gravou dois discos ao vivo em um mesmo dia, em Osaka, sendo este o primeiro. A produção ficou por conta do mesmo produtor de sempre, e a gravação aconteceu à tarde, no Osaka Festival Hall. Ao contrário dos álbuns anteriores, que tinham muita pós-produção, aqui tudo é raw, direto e cru, com tudo sendo bem executado. O repertório traz novamente 4 faixas atmosféricas e com tom grave. Enfim, é um disco legal e mais atrativo.
Melhores Faixas: Prelude (Part 2) / Maiysha
Vale a Pena Ouvir: Theme From Jack Johnson, Interlude, Prelude (Part 1)
Pangaea – Miles Davis
NOTA: 8/10
Melhores Faixas: Gondwana Part I
Vale a Pena Ouvir: Zimbabwe Part II, Zimbabwe Part I, Gondwana Part II
The Man With The Horn – Miles Davis
NOTA: 7/10
Melhores Faixas: Back Seat Betty, The Man With The Horn (essa música é cantada por Randy Hall)
Piores Faixas: Shout, Ursula
Então é isso, um abraço e flw!!!