domingo, 13 de abril de 2025

Analisando Discografias - Miles Davis: Parte 7

                 

Decoy – Miles Davis





















NOTA: 7,3/10


Pouco tempo depois, foi lançado outro álbum do Miles Davis intitulado Decoy, que foi para um lado bem diferente. Após o The Man With The Horn, Miles estava cercado por uma nova geração de músicos altamente técnicos, como John Scofield, Bill Evans (saxofonista) e Darryl Jones, entre outros. O álbum é muitas vezes considerado um "trabalho de transição" entre a fase mais radicalmente elétrica dos anos 70 e a pegada mais Pop e acessível que ele apresentava nesses últimos anos. A produção foi feita por ele mesmo, que trouxe um som mais direto, com as faixas sendo registradas de maneira mais convencional, embora o uso de sintetizadores, efeitos digitais e drum machines seja constante. Assim, tudo é bem consistente, só que o problema é que muitos arranjos acabam saindo da fórmula apresentada. O repertório é bem interessante; as canções são envolventes, apesar de algumas serem genéricas. Enfim, é um disco bom, mas que tem suas falhas. 

Melhores Faixas: Decoy, That’s Right, Freaky Deaky 
Piores Faixas: Code M.D., That's What Happened

You’re Under Arrest – Miles Davis





















NOTA: 8/10


No ano seguinte, Miles Davis lançava mais um trabalho novo: You’re Under Arrest (coitado do Miles, provavelmente forçaram ele a fazer essa capa feia). Após o Decoy, o trompetista continuava sua fase de reestruturação criativa. Saindo de um longo hiato nos anos 70, ele havia voltado à cena musical com uma abordagem que misturava Jazz com Funk, Pop, música eletrônica e influências contemporâneas da cultura urbana norte-americana. Só que ele quis fazer algo mais politizado e provocador, o que ele adota em diversos momentos. A produção foi feita por ele junto com Robert Irving III, indo para uma sonoridade mais acessível, polida e próxima do Jazz-Funk, sendo tudo mais controlado, quase "cirúrgico", com ênfase em arranjos e estrutura. Miles também usa o trompete com surdina em muitas faixas, criando uma sonoridade melancólica e introspectiva. O repertório é bem interessante, com faixas mais densas e atmosféricas. No geral, é um disco legal e muito atmosférico. 

Melhores Faixas: Time After Time, You're Under Arrest, Human Nature (releitura da música do Michael Jackson) 
Piores Faixas: One Phone Call / Street Scenes

Tutu – Miles Davis





















NOTA: 8,6/10


Outro ano se passou, e Miles Davis retorna lançando outro álbum intitulado Tutu. Após o You’re Under Arrest, o trompetista encerrou seu vínculo com a Columbia e assinou com a Warner Bros. Records. Eles queriam que Miles seguisse para um som mais moderno, contemporâneo, algo que dialogasse com o Jazz, mas também com a linguagem da música Pop sofisticada dos anos 80: sintetizadores, drum machines e arranjos mais próximos do R&B. A produção, feita por Marcus Miller, por pouco não foi comandada por Prince (sim, o cantor), mas, por razões posteriormente reveladas, ele acabou desistindo. A estética é altamente cinematográfica, atmosférica e minimalista, com camadas de sintetizadores criando um pano de fundo sobre o qual Miles toca com muita personalidade. É possível perceber até o uso de efeitos e reverbs. O repertório é muito bom, e as canções ficaram mais envolventes e melódicas. Em suma, é um trabalho muito interessante e subestimadíssimo. 

Melhores Faixas: Portia, Perfect Way 
Vale a Pena Ouvir: Tutu, Backyard Ritual

Amandla – Miles Davis





















NOTA: 8/10


Se passam três anos, e Miles Davis lança Amandla, onde ele quis se aperfeiçoar. Após o Tutu, Miles e Marcus Miller resolveram continuar a parceria, mas desta vez havia uma clara intenção de humanizar mais a produção. Se o seu antecessor era mais denso, solene e eletrônico, aqui se buscava mais calor, swing e variedade instrumental. A produção foi feita por Marcus Miller, com a ajuda do George Duke e Tommy LiPuma, que trouxeram um elenco muito maior de músicos, deixando tudo sofisticado, mas com mais espaço para improviso. O groove continua, mas com variações. A bateria eletrônica aparece, mas divide espaço com bateristas reais. Com isso, tudo é mais compactado e com altos níveis no trompete do Miles. O repertório é ótimo, e as canções têm aquele lado envolvente, só que se encaminham para um lado mais descontraído e complexo. No fim, é um disco legalzinho e muito mais fluido. 

Melhores Faixas: Amandla, Cobra 
Vale a Pena Ouvir: Jo-Jo, Catembe

Aura – Miles Davis





















NOTA: 7,9/10


Meses depois, foi lançado seu último álbum em vida, intitulado Aura, logicamente cheio de ego para esse título. Após o Amandla, o projeto nasceu como um presente musical: Miles Davis foi agraciado com o Prêmio Sonning, a mais alta honraria cultural da Dinamarca. A ideia era pintar musicalmente as “cores” da personalidade de Miles, atribuindo uma cor a cada faixa, formando uma suíte em vários movimentos. Esse disco foi gravado em 1985 e só foi lançado quatro anos depois, por conflitos contratuais com a gravadora Columbia. A produção foi conduzida por Palle Mikkelborg e contou com a participação da Danish Radio Big Band e de músicos da Royal Danish Orchestra. A proposta sonora mistura Jazz orquestrado, música contemporânea, sintetizadores sutis e improvisação, mesmo que muita coisa tenha ficado sem sentido. O repertório é bom, com canções atmosféricas legais e outras mais fraquinhas. Enfim, é um disco bom e que é mais intelectualizado. 

Melhores Faixas: White, Electric Red, Orange, Violet 
Piores Faixas: Intro, Indigo, Green

Doo-Bop – Miles Davis





















NOTA: 8/10


Em 1992, foi lançado o último álbum essencial do Miles Davis e um dos poucos póstumos dele, o Doo-Bop. Após o Aura, no ano de 1991 o trompetista acabou sofrendo um AVC e pouco tempo depois acabou tendo uma pneumonia e veio a falecer aos 65 anos de idade. Mas antes disso, ele queria conectar o Jazz com Hip-Hop/Rap algo que acontecia desde meados dos anos 80 (Guru, A Tribe Called Quest, Stetsasonic, entre outros), mas agora Miles queria fazer o movimento inverso: colocar seu trompete dentro das batidas do Rap. Produção feita por Easy Mo Bee, trouxe batidas no estilo Costa Leste com Miles gravando por cima improvisando sobre as bases. Porém, Miles morreu antes de completar todas as sessões. Então Easy teve que fazer um monte de takes para completar outras faixas. O repertório é bem legal, as canções são em sua maioria instrumentais e tendo algumas cantadas. Enfim, é um disco muito bom e que é subestimado pelos adorantes de Jazz. 

Melhores Faixas: The Doo-Bop Song, Fantasy 
Vale a Pena Ouvir: Mystery, Blow

                                                         Então é isso e flw!!!      

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