quarta-feira, 21 de maio de 2025

Analisando Discografias - Eric Clapton: Parte 3

                            

Another Ticket – Eric Clapton





















NOTA: 9,2/10


Indo para os anos 80, Clapton lança mais um disco, o Another Ticket, que foi bem mais profundo. Após o Backless, Eric Clapton estava lutando com problemas de alcoolismo, que afetavam tanto sua saúde quanto sua produtividade artística. Apesar disso, ele mantinha uma formação sólida com músicos de estúdio de alta qualidade e ainda buscava um som mais limpo e acessível, voltado para o mercado norte-americano. Nesse momento, Clapton também passou a se interessar por composições mais introspectivas e um tanto sombrias. A produção, feita por Tom Dowd, seguiu por um lado mais contido e intimista, valorizando os espaços e os timbres limpos. O disco apresenta uma sonoridade melancólica e madura, refletindo o momento emocional do guitarrista, seguindo aquelas influências do Blues e Rock. O repertório é incrível, com canções reflexivas e bem mais profundas. No geral, é um belo disco, porém não muito lembrado. 

Melhores Faixas: I Can't Stand It, Catch Me If You Can, Hold Me Lord 
Vale a Pena Ouvir: Black Rose, Something Special, Floating Bridge

Money And Cigarettes – Eric Clapton





















NOTA: 8,5/10


Logo no ano de 1983, Eric Clapton lançava seu 8º álbum, o Money and Cigarettes. Após o Another Ticket, ele sofreu uma grave crise de saúde relacionada ao alcoolismo: colapsou no palco em Wisconsin e, pouco tempo depois, internou-se em uma clínica para reabilitação. Foi a primeira vez que ele encarou seriamente a sobriedade, e o título Money and Cigarettes simboliza esse novo começo. Mostrando uma sonoridade mais direta e honesta, com uma nova banda de apoio e estando agora na gravadora Warner. A produção foi conduzida por ele mesmo junto a Tom Dowd, de forma totalmente crua e seca. Ao contrário do polimento excessivo que dominava aquela época, este álbum soa como uma jam de estúdio entre amigos experientes. As guitarras são mais cruas e os arranjos estão longe de serem radiofônicos, mostrando uma estética voltada ao Blues Rock. O repertório é bem legal, com canções imersivas e melancólicas. Enfim, é um álbum bacana e bem reflexivo. 

Melhores Faixas: Pretty Girl, I've Got A Rock N' Roll Heart 
Vale a Pena Ouvir: Slow Down Linda, Ain't Going Down, Man In Love

Behind The Sun – Eric Clapton





















NOTA: 8,3/10


Dois anos depois, foi lançado mais um trabalho, o Behind the Sun, que seguiu por um caminho mais comercial. Após o Money and Cigarettes, Clapton buscava se reinventar musicalmente, tentando se afastar das sombras da dependência e dos excessos do passado. Ele acabou seguindo as exigências da época e começou a utilizar toda a tecnologia analógica disponível, gravando algo mais palatável. A produção, feita por ele junto com Phil Collins (aquele do Genesis), Ted Templeman e Lenny Waronker, que deixaram totalmente polida, com uso de sintetizadores discretos, bateria eletrônica pontual e guitarras em geral menos “cruas” do que nos trabalhos anteriores. O resultado é uma acessibilidade de um Pop Rock, mas ainda com a alma do Blues Rock característico da obra do Eric Clapton. Com isso, o repertório é bem bacana, com canções melódicas e com um lado mais suave. No final de tudo, é um disco legal e bem consistente dentro das exigências da época. 

Melhores Faixas: Forever Man, Just Like a Prisoner 
Vale a Pena Ouvir: She's Waiting, Never Make You Cry, Knock On Wood

August – Eric Clapton





















NOTA: 4/10


Indo para 1986, Eric Clapton lançava mais um trabalho, o August, que foi mais comercial. Após o Behind the Sun, Clapton tentava se firmar como um artista renovado num cenário musical dominado por sintetizadores, batidas eletrônicas e produções bombásticas. Ele já havia ensaiado essa modernização junto com Phil Collins e com algumas intervenções da gravadora Warner. A produção foi praticamente a mesma, com mais destaque para Phil Collins, que trouxe aquela mesma estética que aplicara em seus próprios álbuns e nos discos do Genesis e da Frida, do ABBA. Além disso, ele quis unir Eric Clapton ao seu lado mais voltado para o Blues com o “pop star dos anos 80”. A guitarra ficou mais contida e os vocais do Clapton mais expressivos, mas tudo acabou ficando arrastado e com pouca consistência rítmica. O repertório é bem fraco, começa bem, mas depois decai com canções medíocres. Enfim, é um disco fraco e sem identidade. 

Melhores Faixas: It's In The Way That You Use It, Run, Behind The Mask 
Piores Faixas: Miss You, Hung Up On Your Love, Grand Illusion, Take A Chance

Journeyman – Eric Clapton





















NOTA: 9,1/10


Três anos se passaram, e o cantor voltava lançando mais um disco, o Journeyman. Após o fraquíssimo August, Clapton havia provado que podia se manter relevante nos anos 80. No entanto, a crítica estava dividida: muitos sentiam que ele havia se afastado demais do Blues e da profundidade emocional que o consagraram. Além disso, ele voltava a enfrentar crises pessoais intensas: recaídas no alcoolismo, relações afetivas instáveis e o peso de sua fama. A produção foi conduzida por Russ Titelman, que colocou um som limpo e sofisticado, equilibrando os sintetizadores da década com instrumentos orgânicos, sem exageros. Isso deu mais espaço para guitarras, pianos, órgãos e vocais reais, remetendo aos seus álbuns dos anos 70. O repertório é muito bom, com canções bem melódicas e intimistas. No fim, é um disco sensacional e carregado de profundidade. 

Melhores Faixas: Pretending, Bad Love, Before You Accuse Me, Old Love 
Vale a Pena Ouvir: Run So Far, Lead Me On, No Alibis

From The Cradle – Eric Clapton





















NOTA: 6/10


No ano de 1994, o Eric Clapton lançava outro disco intitulado From The Cradle, que veio um momento de elevação. Após o Journeyman e com sucesso do seu MTV Unplugged, vendo que havia conquistado um público mais amplo, redescoberto o violão, e alcançado uma paz relativa após décadas de tormentos emocionais. Mas ainda faltava um acerto de contas com o Blues elétrico que moldou sua alma musical. Decidindo fazer um trabalho inteiramente dedicado ao Blues e o primeiro a conter apenas covers. Produção conduzida por ele mesmo junto com Russ Titelman, capturou aquela intensidade crua e direta de uma apresentação ao vivo, mas com som de estúdio. Com Clapton gravou com sua banda de estrada, sem truques, sem firulas. Mesmo que muita coisa fica altamente repetitiva e sem acabamento. O repertório é bem irregular, tendo reinterpretações e outras bem fracas. Enfim, é um disco mediano e que faltou consistência. 

Melhores Faixas: Motherless Child, Five Long Years, Blues Before Sunrise, Blues Leave Me Alone 
Piores Faixas: Third Degree, How Long Blues, I’m Tore Down, Groaning The Blues

Pilgrim – Eric Clapton





















NOTA: 3/10


Quatro anos se passaram, e Eric Clapton retornava lançando outro disco, o extenso Pilgrim. Após o From the Cradle, Clapton continuava muito afetado pela morte de seu filho Conor, em 1991, que caiu do 53º andar de um prédio. Além disso, os conflitos internos, a dependência emocional e espiritual, e sua relação com o passado ainda pulsavam de forma intensa. Entre 1996 e 1997, Clapton começou a compor material novo com um foco mais emocional e introspectivo. A produção ficou a cargo do próprio cantor, junto com Simon Climie, e ambos optaram por uma atmosfera etérea, introspectiva, quase meditativa. Isso distancia o álbum do Blues e o aproxima do Pop, com influências de R&B dos anos 90, Trip hop e Soul music, embora muita coisa seja exageradamente arrastada e com arranjos que entram em loops repetitivos. O repertório é muito ruim, com canções chatas e medíocres, e poucas se salvam. No final, é um disco péssimo e completamente esquecível. 

Melhores Faixas: My Father's Eyes, Circus, River Of Tears 
Piores Faixas: You Were There, Sick And Tired, Born In Time, One Chance

Reptile – Eric Clapton





















NOTA: 4/10


Entrando em 2001, Eric Clapton lançava seu 14º álbum, intitulado Reptile, que foi menos transmutado. Após o Pilgrim, ele realizou diversos projetos, incluindo tributos e turnês, e viu a ascensão de um novo interesse pelo Blues clássico. Só que ele optou por um equilíbrio entre o emocional, o sofisticado e o tradicional, mirando um som mais acessível e caloroso. Além disso, dedicou esse disco ao seu tio Adrian, apelidado carinhosamente de “Reptile”, figura paterna para Clapton durante a infância. A produção, por sua vez, foi conduzida novamente pelo cantor junto com Simon Climie, e ambos seguiram por um caminho mais orgânico, pois a intenção era criar uma experiência sonora acolhedora e elegante, sem se perder em experimentalismos. E apesar de apresentar alguns grooves, tudo é bem sem graça e chato. O repertório é fraquíssimo, com canções ruins e bem medianas, e algumas se salvando apenas pelo clima de leveza. Mas, enfim, é um trabalho chato e sem forma. 

Melhores Faixas: Got You On My Mind, Superman Inside, Reptile, Second Nature 
Piores Faixas: I Want A Little Girl, Don't Let Me Be Lonely Tonight, Broken Down, Come Back Baby, Son & Sylvia

Me And Mr Johnson – Eric Clapton





















NOTA: 7,7/10


Indo para o ano de 2004, Eric Clapton lançava outro disco, só que sendo um tributo: Me and Mr. Johnson. Após o Reptile, Clapton, em toda a sua formação voltada ao Blues, deve muito ao Delta do Mississippi, especialmente à obra do lendário Robert Johnson. Em 2003, quando entrou em estúdio com a intenção de gravar um álbum autoral, percebeu que as composições não estavam fluindo de forma convincente. Como forma de aquecimento, começou a tocar músicas do Robert Johnson com sua banda. A química foi tão poderosa que o projeto mudou de rumo. A produção foi aquela mesma de sempre, sendo enxuta, calorosa e sem ornamentações excessivas. Ao contrário de projetos anteriores, aqui não há filtros digitais nem efeitos modernos. Tudo é bastante cru e feito direto, apesar de alguns erros. O repertório é bem legal, com as canções, em sua maioria, bem reinterpretadas, embora algumas fiquem abaixo do esperado. No geral, é um disco legal e que prestou bastante honra. 

Melhores Faixas: Me And The Devil Blues, Love In Vain, Stop Breakin' Down Blues, They're Red Hot, 32-20 Blues 
Piores Faixas: When You Got A Good Friend, Come On In My Kitchen

Back Home – Eric Clapton





















NOTA: 2,5/10


No ano seguinte, foi lançado mais um trabalho do Clapton, o Back Home, que voltou a ser autoral. Após o Me and Mr. Johnson, o cantor sentia a necessidade de retornar ao material autoral e contemporâneo. Os anteriores haviam sido como uma reconexão espiritual, mas agora era o momento de olhar para dentro e para o presente. Neste momento, ele vivia uma fase de tranquilidade: casado, pai de família e, pela primeira vez, livre de muitos dos fantasmas do passado. A produção foi aquela mesma de sempre, totalmente polida e carregada de efeitos sutis, como camadas de reverbs, teclados atmosféricos e guitarras suavemente processadas. O som é quente e confortável, privilegiando as letras e os climas mais do que a performance instrumental em si, e isso foi um grande problema, já que a maioria dos arranjos são repetitivos e muito sem sal. O repertório é muito ruim, até começa bem, mas depois decai miseravelmente. Em suma, é outro disco péssimo e sem coesão. 

Melhores Faixas: Back Home, So Tired, I'm Going Left 
Piores Faixas: Love Don't Love Nobody, One Track Mind, Revolution, One Day
 

       Bom é isso, então flw!!!  

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