Legalize It – Peter Tosh
NOTA: 9,4/10
Indo para 1976, Peter Tosh lançava seu 1º trabalho solo, o Legalize It, que seguia uma outra abordagem. Após o lançamento do Burnin’, ele saiu do The Wailers devido a divergências criativas e filosóficas: enquanto Marley caminhava para o estrelato internacional sob os cuidados da Island Records, Tosh sentia-se marginalizado e silenciado. Lembrando que, naquele período, os conflitos entre facções políticas na Jamaica eram intensos, e a polícia frequentemente reprimia manifestações rastafáris, especialmente aquelas ligadas ao uso ritualístico da maconha. A produção, conduzida pelo próprio Peter Tosh, seguiu uma abordagem mais crua, orgânica e militante, priorizando a clareza das mensagens, com mixagens que destacam os vocais e os instrumentos, evitando excessos de produção ou overdubs sofisticados. O repertório é magnífico, com canções profundas, além de faixas mais leves e espirituais. No fim, é um belo disco de estreia e, certamente, um clássico.
Melhores Faixas: Legalize It, Ketchy Shuby, Why Must I Cry, Till Your Well Runs Dry Vale a Pena Ouvir: No Sympathy, Brand New Second Hand, Burial
Equal Rights – Peter Tosh
NOTA: 10/10
No ano seguinte foi lançado seu 2º álbum de estúdio, o atemporal Equal Rights. Após o Legalize It, Peter Tosh firmou-se como uma força independente dentro do Reggae, separando-se de vez da sombra de Bob Marley. Se o primeiro disco era um manifesto mais pessoal, centrado na legalização da ganja e na afirmação de sua individualidade, diante da grave crise sociopolítica na Jamaica, com polarização política extrema, tiroteios nas ruas e forte repressão estatal, ele decidiu fazer um trabalho de protesto. A produção foi feita novamente por ele mesmo, que optou por um som mais robusto, limpo e balanceado, ainda dentro do Roots Reggae, mas com influências de Rock e Soul music, refletindo o interesse em ampliar o alcance de sua mensagem. Além disso, adotou uma abordagem mais atmosférica, com um forte clima de profundidade. O repertório é maravilhoso, e as canções são todas incríveis, dignas de coletânea. No geral, é um baita disco e uma obra-prima do gênero.
Melhores Faixas: Get Up, Stand Up, I Am That I Am, Jah Guide, Downpressor Man
Vale a Pena Ouvir: African, Stepping Razor
Bush Doctor – Peter Tosh
NOTA: 9/10
Vai para outro ano, e Peter Tosh lançava mais um disco, o Bush Doctor, onde ocorreram muitas mudanças. Após o maravilhoso Equal Rights, mesmo com toda a aclamação, ele não conseguiu atingir o público americano. Ele assinou com a Rolling Stones Records, selo recém-lançado por Mick Jagger e Keith Richards, o que marcou uma virada estratégica, decidindo fazer um esforço para internacionalizar sua mensagem sem comprometer seu conteúdo político e espiritual. A produção foi conduzida pelo cantor junto com Robert Shakespeare, e eles apostaram em arranjos muito mais meticulosos, com uma sonoridade limpa e poderosa, mantendo aquele seu som Reggaeiro característico, mas incorporando influências do Rock e um pouquinho do Ska. O repertório é incrível, e as canções são mais reflexivas, caminhando para um terreno mais introspectivo e espiritual. No fim, é um belíssimo disco que mostrou a maturidade do Peter Tosh.
Melhores Faixas: (You Gotta Walk) Don't Look Back (participação do Mick Jagger), Stand Firm, Pick Myself Up
Vale a Pena Ouvir: Soon Come, Bush Doctor
Mystic Man – Peter Tosh
NOTA: 8,2/10
Melhores Faixas: Fight On, Mystic Man, The Day The Dollar Die
Vale a Pena Ouvir: Recruiting Soldiers, Crystal Ball
Wanted Dread & Alive – Peter Tosh
NOTA: 8/10
Dois anos se passaram, e naquele ano de 1981 foi lançado seu 5º álbum de estúdio, o Wanted Dread & Alive. Após o Mystic Man, diante do aumento das tensões políticas na Jamaica, da escalada da repressão ao rastafarianismo e da consolidação do Reggae como produto global, Peter Tosh retorna com um álbum que busca equilibrar sua militância e espiritualidade com um apelo musical mais versátil. A produção foi praticamente a mesma, e seguiram para uma sonoridade bem mais refinada; os arranjos exploram elementos que vão do Roots Reggae ao Rock, Soul e Ska, em busca de maior acessibilidade, mas sempre com firmeza rítmica e intenção lírica. A mixagem dá espaço à voz forte e cheia de autoridade do Tosh, equilibrando-se com uma instrumentação nítida e direta. O repertório é muito legal, e as canções são ainda mais envolventes e com todo aquele toque de leveza. Enfim, é mais um trabalho bacana que continua bastante subestimado.
Melhores Faixas: Reggae-Mylitis, Wanted Dread & Alive, Rok With Me
Vale a Pena Ouvir: Rastafari Is, Coming In Hot
Então é isso, um abraço e flw!!!