segunda-feira, 26 de maio de 2025

Analisando Discografias - Peter Tosh: Parte 1

                 

Legalize It – Peter Tosh





















NOTA: 9,4/10


Indo para 1976, Peter Tosh lançava seu 1º trabalho solo, o Legalize It, que seguia uma outra abordagem. Após o lançamento do Burnin’, ele saiu do The Wailers devido a divergências criativas e filosóficas: enquanto Marley caminhava para o estrelato internacional sob os cuidados da Island Records, Tosh sentia-se marginalizado e silenciado. Lembrando que, naquele período, os conflitos entre facções políticas na Jamaica eram intensos, e a polícia frequentemente reprimia manifestações rastafáris, especialmente aquelas ligadas ao uso ritualístico da maconha. A produção, conduzida pelo próprio Peter Tosh, seguiu uma abordagem mais crua, orgânica e militante, priorizando a clareza das mensagens, com mixagens que destacam os vocais e os instrumentos, evitando excessos de produção ou overdubs sofisticados. O repertório é magnífico, com canções profundas, além de faixas mais leves e espirituais. No fim, é um belo disco de estreia e, certamente, um clássico. 

Melhores Faixas: Legalize It, Ketchy Shuby, Why Must I Cry, Till Your Well Runs Dry 
Vale a Pena Ouvir: No Sympathy, Brand New Second Hand, Burial

Equal Rights – Peter Tosh




















NOTA: 10/10


No ano seguinte foi lançado seu 2º álbum de estúdio, o atemporal Equal Rights. Após o Legalize It, Peter Tosh firmou-se como uma força independente dentro do Reggae, separando-se de vez da sombra de Bob Marley. Se o primeiro disco era um manifesto mais pessoal, centrado na legalização da ganja e na afirmação de sua individualidade, diante da grave crise sociopolítica na Jamaica, com polarização política extrema, tiroteios nas ruas e forte repressão estatal, ele decidiu fazer um trabalho de protesto. A produção foi feita novamente por ele mesmo, que optou por um som mais robusto, limpo e balanceado, ainda dentro do Roots Reggae, mas com influências de Rock e Soul music, refletindo o interesse em ampliar o alcance de sua mensagem. Além disso, adotou uma abordagem mais atmosférica, com um forte clima de profundidade. O repertório é maravilhoso, e as canções são todas incríveis, dignas de coletânea. No geral, é um baita disco e uma obra-prima do gênero. 

Melhores Faixas: Get Up, Stand Up, I Am That I Am, Jah Guide, Downpressor Man 
Vale a Pena Ouvir: African, Stepping Razor

Bush Doctor – Peter Tosh





















NOTA: 9/10


Vai para outro ano, e Peter Tosh lançava mais um disco, o Bush Doctor, onde ocorreram muitas mudanças. Após o maravilhoso Equal Rights, mesmo com toda a aclamação, ele não conseguiu atingir o público americano. Ele assinou com a Rolling Stones Records, selo recém-lançado por Mick Jagger e Keith Richards, o que marcou uma virada estratégica, decidindo fazer um esforço para internacionalizar sua mensagem sem comprometer seu conteúdo político e espiritual. A produção foi conduzida pelo cantor junto com Robert Shakespeare, e eles apostaram em arranjos muito mais meticulosos, com uma sonoridade limpa e poderosa, mantendo aquele seu som Reggaeiro característico, mas incorporando influências do Rock e um pouquinho do Ska. O repertório é incrível, e as canções são mais reflexivas, caminhando para um terreno mais introspectivo e espiritual. No fim, é um belíssimo disco que mostrou a maturidade do Peter Tosh. 

Melhores Faixas: (You Gotta Walk) Don't Look Back (participação do Mick Jagger), Stand Firm, Pick Myself Up 
Vale a Pena Ouvir: Soon Come, Bush Doctor

Mystic Man – Peter Tosh





















NOTA: 8,2/10


Outro ano se passou, e Peter Tosh lançava mais um disco, o Mystic Man, que foi encarregado de trazer mais profundidade. Após o Bush Doctor, Tosh decidiu fazer uma profunda conexão com o movimento rastafári e sua crítica à sociedade ocidental. A capa, fotografada por Annie Leibovitz, mostra Tosh com a cabeça entre as mãos, em uma pose contemplativa que sugere seu papel como "curandeiro e profeta". A produção foi conduzida por ele junto com a banda de apoio Word, Sound and Power, e eles seguiram toda aquela fórmula do Roots Reggae com elementos de Soul music e Funk, vocais de apoio bem trabalhados, arranjos sofisticados de metais e teclados que enriquecem a textura musical, já que toda a abordagem é bem limpa, tentando alcançar o sucesso que seu ex-companheiro Bob Marley conseguiu nos Estados Unidos. O repertório é bem legal, e as canções são reflexivas e envolventes. No fim, é um ótimo disco, que mesmo assim não teve tanto sucesso. 

Melhores Faixas: Fight On, Mystic Man, The Day The Dollar Die 
Vale a Pena Ouvir: Recruiting Soldiers, Crystal Ball

Wanted Dread & Alive – Peter Tosh





















NOTA: 8/10


Dois anos se passaram, e naquele ano de 1981 foi lançado seu 5º álbum de estúdio, o Wanted Dread & Alive. Após o Mystic Man, diante do aumento das tensões políticas na Jamaica, da escalada da repressão ao rastafarianismo e da consolidação do Reggae como produto global, Peter Tosh retorna com um álbum que busca equilibrar sua militância e espiritualidade com um apelo musical mais versátil. A produção foi praticamente a mesma, e seguiram para uma sonoridade bem mais refinada; os arranjos exploram elementos que vão do Roots Reggae ao Rock, Soul e Ska, em busca de maior acessibilidade, mas sempre com firmeza rítmica e intenção lírica. A mixagem dá espaço à voz forte e cheia de autoridade do Tosh, equilibrando-se com uma instrumentação nítida e direta. O repertório é muito legal, e as canções são ainda mais envolventes e com todo aquele toque de leveza. Enfim, é mais um trabalho bacana que continua bastante subestimado. 

Melhores Faixas: Reggae-Mylitis, Wanted Dread & Alive, Rok With Me 
Vale a Pena Ouvir: Rastafari Is, Coming In Hot

                                              Então é isso, um abraço e flw!!!            

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