terça-feira, 22 de julho de 2025

Analisando Discografias - Donots: Parte 2

                            

Amplify The Good Times – Donots





















NOTA: 8,5/10


Chega o ano de 2002, e foi lançado o 3º álbum deles, o Amplify the Good Times. Após o Pocketrock, o cenário internacional estava em ebulição com o sucesso de bandas como Blink-182, Sum 41 e The Offspring, o que abriu espaço para bandas fora dos EUA explorarem esse estilo com mais visibilidade. O Donots, já experiente na cena alemã, aproveitou o momento para expandir sua sonoridade e buscar um som mais melódico e radiofônico, com apelo internacional. A produção, conduzida por Fabio Trentini, apostou em guitarras mais limpas, vocais melódicos bem mixados e um uso inteligente dos backing vocals. A produção valoriza tanto o impacto imediato das faixas quanto sua longevidade, deixando cada instrumento bem posicionado e com espaço próprio, seguindo um Pop Punk bem coeso e que mostra mais variedade nos arranjos. O repertório ficou muito bom, e as canções são mais dinâmicas. Enfim, é um ótimo disco, com muita consistência. 

Melhores Faixas: Saccharine Smile, My Stereo's A Liar, Rollercoaster 
Vale a Pena Ouvir: Up Song, Big Mouth, Oh Yeah

Got The Noise – Donots





















NOTA: 8,7/10


Dois anos depois, os alemães punks lançavam mais um trabalho: Got the Noise. Após o Amplify the Good Times, que atraiu a atenção de públicos fora da Alemanha e consolidou sua posição como uma das principais exportações da cena Punk Rock germânica no começo dos anos 2000, eles decidiram refinar ainda mais seu som, apostando em um Pop Punk mais robusto, com flertes no Post-Hardcore. A produção foi praticamente a mesma, equilibrando peso e brilho: as guitarras soam mais densas e bem trabalhadas em camadas, o baixo tem mais presença, e a bateria ganha impacto sem soar artificial. O som aqui é mais maduro, menos adolescente. Há um cuidado evidente nos arranjos e na forma como as dinâmicas são construídas. Com isso, o repertório ficou muito bom, e as canções são mais diversificadas, indo do mais melódico ao vibrante. Em suma, é um trabalho muito bom e mais abrangente. 

Melhores Faixas: Life Ain't Gonna Wait, Wretched Boy, Better Days (Not Included), Good-Bye Routine 
Vale a Pena Ouvir: We Got The Noise, Alright Now, The Jerk Parade

Coma Chameleon – Donots





















NOTA: 5/10


Quatro anos se passaram, e foi lançado mais um trabalho deles: Coma Chameleon. Após o Got the Noise, o Donots passou por um período de reestruturação criativa. A banda estava em transição: o cenário Pop Punk europeu já não tinha o mesmo impacto dentes, e muitas bandas começavam a explorar sonoridades mais maduras, alternando entre o Punk Rock tradicional e elementos do Indie Rock e do Post-Hardcore. Eles decidiram seguir esse caminho lançando o trabalho de forma independente, pela Solitary Man Records. A produção, feita por Kurt Ebelhäuser e Vincent Sorg, trouxe um direcionamento mais orgânico. Os instrumentos ficaram mais balanceados, com guitarras que ora ganham peso, ora se retraem para dar espaço aos vocais e texturas, mas que no geral deixam tudo muito arrastado. O repertório é bem fraco, com algumas canções boas, mas a maioria descartável. Em suma, é um trabalho irregular e sem coesão. 

Melhores Faixas: The Right Kind Of Wrong, Headphones, Stop The Clocks, Someday 
Piores Faixas: Pick Up The Pieces, To Hell With Love, Somewhere Someday, Anything

The Long Way Home – Donots





















NOTA: 3/10


No ano de 2010, foi lançado mais um trabalho da banda alemã: The Long Way Home. Após o Coma Chameleon, essa mudança conseguiu um relativo reconhecimento. A virada para o Indie Rock com nuances do Post-Hardcore refletiu uma necessidade da banda de evoluir, já que havia bastante coisa que não se encaixava direito no trabalho anterior. A produção, feita agora inteiramente por Vincent Sorg, apresenta uma sonoridade cristalina, com foco na clareza dos instrumentos e na atmosfera emocional. As guitarras continuaram texturizadas, com riffs melódicos. A bateria é bem trabalhada, sustentando as dinâmicas com precisão. O baixo tem mais presença, e os vocais do Ingo Knollmann soam excessivamente emocionais. Na maioria dos momentos, os arranjos são anticlimáticos e muito arrastados. O repertório ficou bem fraco, com canções sem graça, e poucas realmente interessantes. Enfim, é um trabalho péssimo e totalmente inexpressivo. 

Melhores Faixas: Parade Of One, Make Believe, High And Dry 
Piores Faixas: Hello Knife, Calling, Let It Go, The Years Gone By

Wake The Dogs – Donots





















NOTA: 5,5/10


Dois anos depois, foi lançado mais um álbum deles, intitulado Wake the Dogs, que seguiu um caminho diferente. Após o The Long Way Home, a banda, que já havia deixado para trás a fase Pop Punk, agora, com duas décadas de estrada, queria mostrar uma versão revigorada, inquieta e politicamente mais engajada. Eles decidiram reconectar sua música à crítica social, à energia bruta e à vibração de rua que sempre flertaram com sua essência. A produção, feita por Vincent Sorg, seguiu uma abordagem limpa e polida, com influências do Rock alternativo e elementos garageiros. A bateria e a guitarra soam mais orgânicas, enquanto o baixo ganha um papel mais rítmico e presente. Os vocais de Ingo variam entre o melódico, o falado e o gritado, mas tudo continua muito arrastado e com falta de preenchimento. O repertório até começa bem, mas depois há muitas canções chatas e poucas realmente interessantes. No fim, é mais um trabalho bastante mediano. 

Melhores Faixas: Wake The Dogs, I Don't Wanna Wake Up, You're So Yesterday, Come Away With Me 
Piores Faixas: Don't Ever Look Down, All You Ever Wanted, Control, Solid Gold

Karacho – Donots





















NOTA: 6/10


No ano de 2015, com o lançamento de mais um disco, o Karacho, houve um ponto de virada. Após o Wake the Dogs, o Donots decidiu gravar um álbum inteiro em alemão pela primeira vez. Essa escolha foi significativa por diversos motivos. Primeiro, a banda sempre teve uma forte identidade alemã, mas até então compunha quase exclusivamente em inglês, uma estratégia para alcançar o mercado internacional. Ao abraçar sua língua nativa, eles optaram por se reconectar com sua base original e explorar temas de forma mais direta e visceral. Com produção conduzida por Vincent Sorg, o som está mais coeso e mais orientado ao Punk Rock, sendo denso e enérgico, mas sem abrir mão de clareza e melodia. As guitarras soam afiadas, com riffs fortes e distorções bem dosadas. O problema é que havia muita coisa a ser aprimorada, já que há momentos muito repetitivos. O repertório é irregular, com canções legais e outras fracas. Enfim, é um trabalho que precisava de mais moldagem. 

Melhores Faixas: Hier Also Weg, Ich Mach Nicht Mehr Mit, Du Darfst Niemals Glücklich Sein
Piores Faixas: Junger Mann Zum Mitleiden Gesucht, Immer Noch, Besser Als Das

Lauter Als Bomben – Donots





















NOTA: 8,2/10


Em 2018, foi lançado o 9º álbum do Donots, intitulado Lauter Als Bomben (Mais Alto que Bombas). Após o Karacho, a banda entrou em uma nova era: compor e cantar em alemão passou a ser não apenas um experimento, mas a nova identidade do grupo. O álbum anterior, apesar de irregular, mostrava que era possível manter o espírito Punk e emocional ao mesmo tempo em que se aproximavam mais de seu público de origem linguística, e só precisava melhorar um pouco mais a imersão das canções. A produção, feita por Kurt Ebelhäuser e Robin Völkert, seguiu por um caminho mais polido, expansivo e ambicioso. Há uma clara intenção de fazer um álbum mais monumental, com refrões maiores, paredes de guitarras mais densas e arranjos pensados para o ao vivo, resultando em um Punk Rock com toques retrô. O repertório ficou muito bom, e as canções são bem dinâmicas e, às vezes, melódicas. No geral, é um ótimo trabalho, e que dessa vez foi. 

Melhores Faixas: Gegenwindsurfen, Aschesammeln 
Vale a Pena Ouvir: Whatever Forever, Der Trick Mit Dem Fliegen, Alle Zeit Der Welt

Heut ist ein guter Tag – Donots





















NOTA: 8,4/10


Então chegamos ao último lançamento até o momento da banda: Heut ist ein guter Tag (Hoje é um Bom Dia). Após o Lauter Als Bomben (Mais Alto que Bombas), o Donots passou um bom tempo fora dos estúdios, focando em turnês, projetos paralelos e em um hiato criativo que refletia a complexidade dos tempos. A pandemia e a crise política global intensificaram o senso de urgência e também de reflexão dentro da banda. A produção, conduzida por Kurt Ebelhäuser junto com o grupo, apresenta uma estética polida, espaçosa e textural, mas sem perder o punch direto que os caracteriza. As guitarras continuam agressivas, mas ganham mais camadas. Os vocais surgem ora crus e enérgicos, ora melódicos e intimistas, e a mixagem é cuidadosa para permitir que tanto os momentos de tensão quanto os de respiro coexistam de forma natural. O repertório ficou muito bom, e as canções são bastante diversificadas e vibrantes. No fim, é mais um ótimo trabalho, bem maduro. 

Melhores Faixas: Augen sehen, Hey Ralph, Kometen 
Vale a Pena Ouvir: Auf sie mit Gebrüll, Apokalypse Stehplatz Innenraum, Hunde los, Radikale Passivisten
 

                Então é isso, um abraço e flw!!!              

O Legado de Ozzy: Dois Meses de Saudade e Eternidade

Mesmo após sua partida, a influência do Ozzy permanece viva no rock e na cultura.  Foto: Ross Halfin Pois é, meus amigos, hoje faz 2 meses q...