quinta-feira, 3 de julho de 2025

Analisando Discografias - John Coltrane: Parte 1

                 

Coltrane – John Coltrane





















NOTA: 8,9/10


Em 1957, foi lançado o 1º álbum do John Coltrane, intitulado apenas como Coltrane. Ele já começava a ser respeitado no mundo do Jazz, principalmente por seu trabalho com Miles Davis. Porém, sua carreira até então teve altos e baixos. Na metade daquela década, ele passou por dificuldades pessoais, incluindo a luta contra o vício em heroína, que chegou a afetar sua vida e carreira. Após esse período turbulento, ele conseguiu se recuperar e, com muita disciplina e estudo intenso, transformou sua técnica e sua abordagem musical, assinando contrato com a Prestige Records. A produção foi conduzida por Bob Weinstock, que tinha um estilo mais “livre” e direto, sem muitas interferências, valorizando o espírito do momento da sessão, deixando toda a sonoridade flutuar dentro da linha que a gravadora seguia, que era o Hard Bop. O repertório contém 6 faixas belíssimas e bem melódicas. Enfim, é um ótimo disco de estreia, sendo só uma palinha do que viria pela frente. 

Melhores Faixas: Violets For Your Furs, Chronic Blues 
Vale a Pena Ouvir: While My Lady Sleeps, Bakai

Blue Train – John Coltrane





















NOTA: 10/10


No ano seguinte, John Coltrane lançava seu estrondoso álbum, o magnífico Blue Train. Após seu álbum de estreia, esse trabalho surge num momento em que o Hard Bop estava consolidando sua força, trazendo uma combinação entre o Bebop e o Blues, com grooves mais marcados e emoções profundas. Este álbum é considerado uma síntese perfeita desses elementos, além de ser um marco para o próprio Coltrane, que aqui começa a firmar sua identidade sonora, a qual influenciaria todo Jazz nas décadas seguintes. A produção, conduzida por Alfred Lion, revelou uma química perfeita entre Coltrane e seu sexteto, formado por Lee Morgan (trompete), Curtis Fuller (trombone), Kenny Drew (piano), Paul Chambers (contrabaixo) e Philly Joe Jones (bateria). Neste disco, eles seguiram por um caminho em que grande parte foi construída na pura improvisação e com muita técnica. O repertório contém cinco faixas completamente exuberantes. Enfim, é um discaço e certamente um clássico. 

Melhores Faixas: Blue Train, Moment's Notice, I'm Old Fashioned 
Vale a Pena Ouvir: Lazy Bird, Locomotion

Traneing In – John Coltrane With The Red Garland Trio





















NOTA: 8,4/10


Aí não foi nem questão de um mês e já foi lançado mais um disco dele, o Traneing In. Após o Blue Train, que foi lançado sob o selo da Blue Note, John Coltrane estava integrado ao grupo de Miles Davis, mas também desenvolvendo trabalhos paralelos como líder e co-líder. A sessão contou com a parceria do Red Garland Trio, que já tocava com Coltrane na banda do Davis, trazendo basicamente um ambiente familiar e de alta sintonia. A produção, novamente conduzida por Bob Weinstock, seguiu aquele caminho de gravação rápida e direta, característico de seu estilo, mostrando Coltrane e os demais com ótimo entrosamento e liberdade para explorar as composições de maneira mais pessoal e íntima. E mesmo seguindo a abordagem do Hard Bop, é possível notar um pouco daquela sofisticação do Cool Jazz que já vinha sendo explorada anteriormente. O repertório novamente contém cinco faixas, só que mais cadenciadas. Enfim, é um trabalho bacana, só que não é muito lembrado. 

Melhores Faixas: You Leave Me Breathless 
Vale a Pena Ouvir: Slow Dance, Soft Lights And Sweet Music, Traneing In, Bass Blues

Soultrane – John Coltrane With Red Garland





















NOTA: 8/10


Indo para 1977, Eric Clapton lançava mais um trabalho sensacional, intitulado Slowhand. Após o No Reason to Cry, Clapton sentia a necessidade de retomar o equilíbrio entre acessibilidade comercial e sua identidade musical. Percebendo que estava artisticamente maduro, em um momento de sobriedade relativa (embora ainda com uso ocasional de álcool) e com o forte apoio de sua banda, ele decidiu retornar a uma estética mais centrada no Rock e no Blues. A produção foi conduzida por Glyn Johns, que optou por uma abordagem naturalista: poucas camadas, foco nos instrumentos reais e grande ênfase no groove sutil e no espaço sonoro. Clapton só queria alguém com autoridade que pudesse canalizar a energia da banda sem deixá-la se perder em improvisações infindáveis ou excesso de overdubs. O repertório é maravilhoso, e as canções são bem envolventes, cadenciadas e tendem para um lado mais profundo. No final, é um belíssimo disco e uma completa obra-prima. 

Melhores Faixas: Wonderful Tonight, Cocaine (não tem apologia; a letra é inteiramente uma crítica), Lay Down Sally 
Vale a Pena Ouvir: Peaches And Diesel, The Core, We're All The Way

Giant Steps – John Coltrane





















NOTA: 10/10


Então se passaram dois anos para que ele lançasse seu 5º álbum de estúdio, o Giant Steps. Após o Soultrane, John Coltrane passou por uma transformação musical profunda, ampliando seu domínio técnico e harmônico, especialmente a partir do que se conhece como o "período sheets of sound", sua técnica característica de linhas rápidas e densas. Durante essa fase, Coltrane estudou profundamente teoria musical, escalas, modos e progressões harmônicas complexas, em especial uma progressão que ficou conhecida como o “ciclo de Coltrane”. A produção, feita por Nesuhi Ertegun e lançada sob o selo da Atlantic, foi realizada em diferentes sessões com formações levemente diferentes, já que ele estava testando com diferentes músicos que reagiam às suas novas e desafiadoras composições, que exploravam acordes fora do convencional do Jazz. Com isso, o repertório é magnífico e as canções são todas belíssimas. Em suma, é um baita álbum e certamente uma obra-prima. 

Melhores Faixas: Giant Steps, Spiral, Naima 
Vale a Pena Ouvir: Cousin Mary, Syeeda's Song Flute
  

É isso, então flw!!!     

O Legado de Ozzy: Dois Meses de Saudade e Eternidade

Mesmo após sua partida, a influência do Ozzy permanece viva no rock e na cultura.  Foto: Ross Halfin Pois é, meus amigos, hoje faz 2 meses q...