terça-feira, 30 de setembro de 2025

Avaliando Discografias - Bleed

                 

Somebody’s Closer – Bleed





















NOTA: 8/10


Em 2021, foi lançado o 1º trabalho do Bleed, em formato EP, intitulado Somebody’s Closer. Formado no ano anterior, em Dallas, no Texas, pelo vocalista e guitarrista Ryan Hughes, baixista Adam Ackerman, baterista Carson Wilcox e os outros dois membros Noah Boyce e Rubio N., que também cuida da programação eletrônica, o grupo trazia um som que remetia muito à estética de bandas de Metal alternativo dos anos 90 e, com isso, fechou com a 20 Buck Spin. A produção é crua e direta, refletindo a energia da cena alternativa dos anos 90. As guitarras são pesadas e saturadas, criando uma parede de som que é ao mesmo tempo agressiva e atmosférica. A bateria e o baixo são bem dinâmicos. Os vocais de Ryan são emotivos e melódicos, equilibrando momentos de suavidade com explosões de energia, lembrando um pouco Deftones e Taproot. O repertório é curtinho, contendo 4 faixas muito boas. Enfim, é um ótimo trabalho, bem variado. 

Melhores Faixas: Silver, Burnt (By The Sun) 
Vale a Pena Ouvir: Somebody’s Closer, Enervation

Bleed – Bleed





















NOTA: 8,5/10


Então, depois de quatro anos, enfim foi lançado o álbum de estreia autointitulado do Bleed. Após o EP Somebody’s Closer, que rapidamente ganhou atenção na cena underground por sua fusão de Metal alternativo, Shoegaze, Nu Metal e Grunge dos anos 90, rendendo até uma participação em um Knotfest, a banda mostra evolução em seu primeiro álbum, mantendo a essência do trabalho anterior, mas incorporando elementos mais experimentais e uma abordagem mais expansiva. A produção, conduzida pela própria banda, apresenta uma sonoridade bem mais polida, mas ainda muito pesada, incorporando mais elementos do Nu Metal. As guitarras, embora ainda pesadas, são mais espaçadas, permitindo que os vocais do Ryan Hughes ganhem destaque, enquanto a cozinha rítmica se mostra bem sólida e até atmosférica. O repertório é muito bom, e as canções são pesadíssimas e bem melódicas. No fim, é um ótimo disco de estreia e bastante ousado. 

Melhores Faixas: Maraton, Cynical, Climbing Down, Fixate 
Vale a Pena Ouvir: Killing Time, Take It Out

           Bom é isso e flw!!!      

Analisando Discografias - Fleshwater

                 

We're Not Here To Be Loved – Fleshwater





















NOTA: 9,8/10


Em 2022, foi lançado o álbum de estreia do Fleshwater, o maravilhoso We're Not Here To Be Loved. A banda foi formada em 2017 em Boston, Massachusetts, por Anthony DiDio (guitarra e vocais), Jon Lhaubouet (guitarra), Jeremy Martin (baixo) e Matt Wood (bateria), que vinham de outra banda e convidaram Marisa Shirar para os vocais. O objetivo era explorar sonoridades distintas, voltando-se a um revival do Metal alternativo e Shoegaze dos anos 90, mas com peso e intensidade herdados do Post-Hardcore, e nesse meio tempo foi lançado um EP/demo em 2020. A produção, feita por Kurt Ballou, é crua, mas precisa. As guitarras são pesadas e saturadas, as linhas de baixo são cheias, funcionando quase como uma base rítmica secundária junto à bateria agressiva e dinâmica, e os vocais da Marisa são bem variados, indo de um lado doce e etéreo. O repertório é sensacional, e as canções são pesadíssimas. No final, é um baita álbum de estreia e bem explosivo. 

Melhores Faixas: Closet, The Razor's Apple, Kiss The Ladder, Woohoo 
Vale a Pena Ouvir: Baldpate Driver, Linda Claire

2000: In Search Of The Endless Sky – Fleshwater





















NOTA: 9,1/10


(É o patinho virou cisne) Bom, recentemente o Fleshwater retornou lançando seu 2º álbum, o 2000: In Search Of The Endless Sky. Após o We're Not Here To Be Loved, a banda recebeu certo reconhecimento e depois lançou um EP com músicas reimaginadas. Houve também uma mudança, com a saída do Matt Wood, que deu lugar a Josian Omar Soto Ramos, e com isso eles focaram em suas turnês, chegando até a abrir shows do Deftones, uma de suas grandes influências. Para esse novo trabalho, eles seguiram por um caminho mais amplo. A produção, feita pela própria banda, foi mais refinada. As guitarras, embora ainda pesadas, são mais espaçadas, permitindo que os vocais da Marisa ganhem destaque. A bateria e o baixo oferecem uma base sólida, enquanto os elementos atmosféricos adicionam profundidade às faixas. O repertório é ótimo, e as canções são pesadíssimas e densas. Em suma, é um belo disco e foi mais complexo. 

Melhores Faixas: Last Escape, Drowning Song, Endless Sky, Jerome Town, Green Street 
Vale a Pena Ouvir: Jetpack, Sundown


Analisando Discografias - Gracie Abrams

                 

Minor – Gracie Abrams





















NOTA: 1/10


Em 2020, foi lançado o primeiro trabalho em formato EP da Gracie Abrams, intitulado Minor. A cantora californiana veio de uma família artística, já que é filha do cineasta J. J. Abrams e da produtora de cinema e televisão Katie McGrath. Ela sempre se interessou pela música desde a infância e, em 2019, lançou o single Mean It pela gravadora Interscope, consolidando um estilo próximo ao Indie Pop, onde a vulnerabilidade é o centro da experiência. A produção foi altamente diversificada, contando com diversos produtores, sendo Blake Slatkin o mais presente. Eles deram bastante espaço para a voz da Gracie, sempre colocada em primeiro plano, com arranjos que combinam sintetizadores suaves, guitarras dedilhadas e baterias eletrônicas sutis, tudo isso com influências do Bedroom Pop e do Folk. Porém, tudo soa muito arrastado, e a voz sussurrada dela incomoda demais. O repertório contém 7 faixas péssimas. No final, é um trabalho completamente horroroso. 

Melhores Faixas: (............................) 
Piores Faixas: 21, Friend, I Miss You, I'm Sorry

This Is What It Feels Like – Gracie Abrams





















NOTA: 1/10


No ano seguinte, foi lançado mais um EP, intitulado This Is What It Feels Like, que foi um pouco mais amplo. Após o Minor, marcado por arranjos minimalistas e uma atmosfera de vulnerabilidade confessional, Gracie conquistou um público que se identificou com a sinceridade crua das letras. Ao chegar em 2021, Gracie Abrams buscava dar um passo adiante: expandir o espectro sonoro e narrativo, mantendo a mesma essência emotiva, mas experimentando com texturas mais modernas. A produção foi altamente diversificada, contando com Blake Slatkin, Joel Little, entre outros, que foram responsáveis por um som mais robusto, com batidas eletrônicas marcantes, sintetizadores densos e camadas instrumentais. Aqui, eles decidiram mesclar influências alternativas com Folk, mas tudo soa bem arrastado e com muita falta de imersão. O repertório é péssimo, e as canções são chatíssimas e bem genéricas. No fim, é um trabalho ruim e esquecível. 

Melhores Faixas: (.................) 
Piores Faixas: Rockland, Painkillers, Better, Older, For Real This Time

Good Riddance – Gracie Abrams





















NOTA: 1,2/10


Dois anos se passaram, e Gracie Abrams lançou seu álbum de estreia, o terrível Good Riddance. Após os EPs Minor e This Is What It Feels Like, Gracie Abrams já havia consolidado uma identidade própria dentro do Indie Pop: letras confessionais, atmosfera de vulnerabilidade e arranjos que iam do minimalismo acústico até uma expansão etérea. Nesse disco, ela decidiu colocar uma honestidade brutal em suas letras, o intimismo de sua interpretação e uma estética sonora que dialoga com o Alt-Pop. A produção foi conduzida apenas por Aaron Dessner, que colocou sua textura característica: arranjos orgânicos, camadas atmosféricas e uma sensação de espaço amplo, como se a música ecoasse em paisagens abertas. Ele cria ambientes sonoros que ressaltam cada suspiro e cada pausa, mas tudo se tornou um pastiche da Taylor Swift na fase folklore e evermore, com Gracie fazendo um chororô insuportável. O repertório é péssimo, e as canções são tão coesas quanto um churrasco sem picanha. Enfim, é um trabalho simplesmente pavoroso e sem identidade. 

Melhores Faixas: (..........................) 
Piores Faixas: The Blue, Right Now, Best, I Know It Won't Work, Will You Cry?

The Secret Of Us – Gracie Abrams





















NOTA: 1/10


Então chegamos ao último trabalho da Gracie Abrams, lançado no ano passado, o igualmente terrível The Secret Of Us. Após o Good Riddance, Gracie não queria ficar restrita à estética minimalista e foi para um trabalho mais amplo. O álbum surge como resposta a um momento de maior visibilidade da cantora, que vinha ganhando espaço em turnês e colaborações, e mostra que ela pode dialogar com uma sonoridade mais variada e até mais acessível, mas ainda fiel ao tom confessional. A produção, feita por ela junto com Aaron Dessner, seguiu para um lado mais Pop e radiofônico. O álbum alterna momentos grandiosos, com arranjos cheios de camadas, a instantes de extrema simplicidade, onde a voz e a letra de Gracie conduzem tudo, além de ter um uso moderado de sintetizadores, só que tudo soa plastificado e repete os mesmos erros sendo um pastiche da Taylor Swift. O repertório é péssimo, e as canções são medíocres. No geral, é um trabalho pavoroso e repetitivo. 

Melhores Faixas: (........................................) 
Piores Faixas: Gave You I Gave You I, Let It Happen, Tough Love, I Love You, I'm Sorry, Us. (Taylor não agregou absolutamente nada), Close To You
  

segunda-feira, 29 de setembro de 2025

Analisando Discografias - OGermano

                 

As Crônicas De Um Neguin – OGermano





















NOTA: 8,8/10


Em junho do ano passado, foi lançado o álbum de estreia do OGermano, As Crônicas De Um Neguin (capa fazendo referência ao lendário Slick Rick). O rapper carioca, vindo do bairro do Andaraí, começou sua trajetória por volta de 2019, quando lançou o single Refri de Laranja. Após várias correrias, ele retornou em 2022, lançando outros trabalhos até que decidiu produzir seu 1º projeto, relembrando um pouco do Rap das antigas e lançando de forma independente pela sua própria gravadora, a OGEF Records. A produção, conduzida por ele junto com Matchola, é caracterizada por beats que mesclam elementos do Boom Bap e Jazz Rap com influências contemporâneas, que se complementam com os flows ousados dele, e tudo isso bem encaixado aos samples que lembram muito a estética do The Alchemist. O repertório é incrível, e as canções são bem envolventes, ao mesmo tempo reflexivas e cheias de mensagem. Em suma, é um baita álbum e um começo com pé direto. 

Melhores Faixas: Foi Mal Aí, Amigos Imaginários, Corre Vira, Amigos Que Eu Nem Queria, Lifestyle, Jogo, Tentando Ser Eu Mesmo 
Vale a Pena Ouvir: Doce Veneno, Viagem, Clickbait

GUANABARA MIXTAPE – OGermano





















NOTA: 8/10


E lá para o final do ano foi lançada a GUANABARA MIXTAPE, que serviu para explorar novas sonoridades. Após o As Crônicas De Um Neguin, Germano conseguiu um relativo sucesso, muito pela cena underground do Boom Bap e afins. Nesse meio tempo, ele chegou até a ser apadrinhado por Marcelo D2 e teve a oportunidade de fazer um freestyle no projeto Sala Vermelha do Movimento (ou melhor dizendo, Rock Danger). Para essa mixtape, ele decidiu testar algo novo e dar mais chances pros manos de sua gravadora. A produção, feita por VirginGod, é caracterizada por beats que equilibram o estilo old school com toques modernos, criando uma atmosfera envolvente e autêntica. Aqui tem uma mistura de tudo: Boom Bap, Jazz Rap, Chipmunk Soul e até Trap, tudo bem encaixado e que casa com a vibe do projeto. O repertório é muito bom, com canções reflexivas, divertidas e até algumas love songs. No geral, é um ótimo trabalho e que trouxe ótimas ideias. 

Melhores Faixas: ANGOLA, DOIS MUNDOS, GUANABARA, JOIAS, GAROTA TE QUERO
Vale a Pena Ouvir: CHICAGO BULLS, DINHEIRO, FINI

Caça & Recompensa – OGermano & Matchola





















NOTA: 10/10


Dois meses atrás, foi lançado o álbum colaborativo de OGermano com Matchola, o Caça & Recompensa. Após a Guanabara Mixtape, o rapper continuava a explorar coisas novas e, nesse período, lançou uma mixtape com sua gravadora que deu mais chance para os integrantes da label. Com isso, surgiu a ideia de lançar um trabalho colaborativo com Matchola, que já era um parceiro frequente de seus projetos e até havia lançado um álbum solo. A capa é uma referência ao álbum Rock Bravo Chegou Para Matar, da dupla sertaneja Léo Canhoto & Robertinho (olha que curioso). A produção, conduzida pela dupla, é caracterizada por beats que mesclam o estilo clássico do Boom Bap com influências do Jazz Rap e até pitadas do R&B contemporâneo, tudo muito preciso e conectando os flows ousados de OGermano à presença marcante de Matchola. O repertório é ótimo, e as canções são leves e profundas. Enfim, é um excelente trabalho e, além disso, bem curtinho. 

Melhores Faixas: Sujão, Sou Mais Eu 
Vale a Pena Ouvir: Cachorro Magro, Na Altura do Leme, Adesivo

          É isso, um abraço e flw!!!                

Analisando Discografias - Art Blakey: Parte 3

                 

The Witch Doctor – Art Blakey And The Jazz Messengers





















NOTA: 9/10


Mais um ano se passou, e foi lançado mais um trabalho intitulado The Witch Doctor. Após o Like Someone In Love, a Blue Note decidiu resgatar mais um dos materiais antigos do Art Blakey & The Jazz Messengers, só que este sendo de 1961. No momento, estavam refinando um Hard Bop que já não era apenas explosivo e dançante, mas também sofisticado, com composições mais ousadas. Wayne Shorter, em particular, estava em ascensão como principal compositor da banda, criando temas com identidade própria. A produção foi aquela de sempre: cristalina, com a bateria de Blakey soando com impacto, os metais com brilho e o piano de Timmons cortando com clareza. A produção segue o padrão da gravadora, feita de maneira a capturar a energia quase “ao vivo” do grupo, sem polimentos excessivos. O repertório é muito bom, e as canções são bem coordenadas e dinâmicas. Enfim, é um trabalho bacana e bastante essencial. 

Melhores Faixas: Afrique, Joelle 
Vale a Pena Ouvir: The Witch Doctor

Roots & Herbs – Art Blakey And The Jazz Messengers





















NOTA: 9/10


Então chega em 1970, quando foi lançado outro disco do Art Blakey & The Jazz Messengers, o Roots & Herbs. Após o The Witch Doctor, a Blue Note decidiu resgatar mais um material lá de 1961, com aquela mesma formação, explorando a todo vapor o Hard Bop. Mas a cena começava a apontar para outras direções, como o Modal Jazz, o Free Jazz (chato demais) e o Post-Bop. Wayne Shorter, inclusive, se tornaria um dos grandes responsáveis por levar a música do grupo a um patamar mais moderno. A produção foi a mesma de sempre: quente, próxima, dando destaque à percussão de Blakey, ao brilho metálico do trompete de Morgan e ao sax tenor encorpado de Shorter. O piano do Timmons, e às vezes do Walter Davis, Jr., tem uma presença rítmica marcante, e o baixo do Merritt sustenta tudo com firmeza. O repertório é muito legal, e as canções são bem mais divertidas e, de certo modo, imersivas. No geral, é um ótimo trabalho, que mostra a grandeza do grupo. 

Melhores Faixas: Ping Pong, United 
Vale a Pena Ouvir: Look At The Birdie

Album Of The Year – Art Blakey And The Jazzmessengers





















NOTA: 8,2/10


Pulando para 1981, Art Blakey enfim retornou com o disco Album Of The Year (muita megalomania, graças a Deus). Após o Roots & Herbs, o baterista acabou meio que dando uma sumida, em um período dominado pela onda Fusion, que, por sinal, Blakey abominava. Nesse meio tempo, ele teve alguns trabalhos antigos lançados e focou em seus shows, só voltando a gravar com uma nova formação: Wynton Marsalis (trompete), Bill Pierce (sax tenor), Bobby Watson (sax alto), James Williams (piano) e Charles Fambrough (baixo). Produzido por Wim Wigt e lançado pelo selo Timeless, gravado em Paris, o som da gravação é limpo e potente, típico das produções da Timeless. Cada instrumento aparece com clareza, com destaque para o trompete cortante de Wynton Marsalis e o impacto da bateria de Blakey. O repertório é muito bom, e as canções são todas bem dinâmicas. No final, é um trabalho legal e bastante esquecido. 

Melhores Faixas: Ms. B.C., Little Man 
Vale a Pena Ouvir: Soulful Mister Timmons

One For All – Art Blakey & The Jazz Messengers





















NOTA: 8/10


Então chegamos ao último trabalho do Art Blakey, intitulado One For All, que surgia em um período derradeiro. Após o Album Of The Year, Blakey continuava suas apresentações, embora já estivesse debilitado pela saúde devido ao câncer, mas não perdeu nem o espírito nem a energia de conduzir a sua “Escola de Jazz”. O grupo de 1990 mantinha a tradição, reunindo jovens talentos que viam em Blakey não apenas um líder, mas também um mentor e figura paterna no gênero. Produzido por John Snyder e lançado pela A&M Records, o disco teve uma sonoridade moderna e nítida, diferente da textura calorosa dos clássicos da Blue Note. A produção valoriza a coletividade do grupo: há bastante espaço para os sopros em uníssono, para o baixo e o piano aparecerem, mas a bateria de Art Blakey continua sendo o coração pulsante. O repertório foi bem mais extenso, mas ficou muito bom, e as canções são todas aconchegantes. No fim, é um ótimo disco e uma despedida decente. 

Melhores Faixas: Accidently Yours, Green Is Mean 
Vale a Pena Ouvir: Theme For Penny, I'll Wait And Pray, Polkadots And Moonbeams

 

domingo, 28 de setembro de 2025

Analisando Discografias - Art Blakey: Parte 2

                 

The Big Beat – Art Blakey & The Jazz Messengers





















NOTA: 9,6/10


Em 1960, foi lançado mais um trabalho de Art Blakey, intitulado The Big Beat, que foi ainda mais energético. Após o Art Blakey’s Big Band, Blakey e os Jazz Messengers já eram referência absoluta do Hard Bop, estilo que ele ajudou a consolidar na década de 1950. Mantendo praticamente a mesma formação, ele decidiu explorar uma mistura de repertório original e standards reinterpretados, com forte ênfase em grooves rítmicos e espaço para a individualidade de cada solista. A produção, conduzida por Alfred Lion, colocou um som claro e direto, com a bateria de Blakey em destaque, e a banda captando a energia de um grupo de palco. Lion valorizou a interação ao vivo entre os músicos, permitindo que a seção rítmica sustentasse os solos de forma dinâmica e pulsante. O repertório é ótimo, e as canções são bem melódicas e têm um lado envolvente. Enfim, é um belo disco e muito coeso. 

Melhores Faixas: Dat Dere, Politely, Lester Left Town 
Vale a Pena Ouvir: Sakeena's Vision

A Night In Tunisia – Art Blakey & The Jazz Messengers





















NOTA: 9,7/10


No ano seguinte, foi lançado mais um trabalho, intitulado A Night In Tunisia, só que agora repaginado pela Blue Note. Após o The Big Beat, esse novo trabalho chega em um momento em que o Jazz buscava conciliar complexidade rítmica e harmônica com apelo mais popular, mantendo a tradição do Bebop, mas incorporando grooves mais próximos do Blues e da Soul music. Com isso, decidiram fazer uma nova versão de A Night In Tunisia, agora voltada para um lado mais moldado às influências da época. A produção, feita por Alfred Lion, valorizou, como sempre, a energia de grupo: o som da bateria de Art Blakey é destacado, mas sem sobrepor os solistas. A mixagem permite ouvir claramente cada instrumento, especialmente nos solos, o que era essencial para capturar o dinamismo do Hard Bop, trazendo muitas passagens interessantes. O repertório é ótimo, e as canções são bem dinâmicas e intensas. No geral, é um disco bacana e bastante profundo. 

Melhores Faixas: A Night In Tunisia, So Tired 
Vale a Pena Ouvir: Yama, Sincerely Diana, Kozo's Waltz

!!!!! Impulse! Art Blakey! Jazz Messengers! !!!!! – Art Blakey And The Jazz Messengers





















NOTA: 8,5/10


Meses se passaram, e foi lançado o álbum !!!!! Impulse! Art Blakey! Jazz Messengers! !!!!! (um de seus vários nomes). Após o A Night In Tunisia, Blakey continuava a explorar a combinação de virtuosismo técnico, grooves poderosos e um repertório que mesclava composições originais e standards reinventados. O álbum reflete um momento em que o baterista experimentava intensamente com formas e arranjos dentro do Hard Bop, aproveitando o selo Impulse!, conhecido por dar liberdade criativa aos músicos. A produção, dessa vez conduzida por Bob Thiele, enfatiza clareza e presença de palco, capturando a energia característica da banda. A bateria de Blakey é sempre proeminente, mas não sufoca os demais instrumentos; a mixagem permite ouvir com nitidez cada detalhe dos solos e da seção rítmica. O repertório é bem legal, e as canções são virtuosas e tendem para um lado mais complexo. No final, é um ótimo disco, importante para lançamentos futuros. 

Melhores Faixas: Circus, Alamode 
Vale a Pena Ouvir: I Hear A Rhapsody

Mosaic – Art Blakey & The Jazz Messengers





















NOTA: 9,8/10


No comecinho de 1962, foi lançado mais um trabalho magnífico de Art Blakey, o Mosaic. Após o álbum dos mil nomes, Blakey já havia consolidado os Jazz Messengers como uma verdadeira escola de talentos do Jazz moderno, conhecida por seu groove poderoso e pela mistura de virtuosismo e swing emocional. O disco conta com uma formação excepcional: Freddie Hubbard (trompete), Curtis Fuller (trombone), Wayne Shorter (saxofone tenor), Cedar Walton (piano) e Jymie Merritt (baixo). A produção, conduzida mais uma vez por Alfred Lion, foi excepcionalmente clara e direta, valorizando a interação do grupo. O som da bateria de Blakey é destacado sem dominar o espaço dos outros instrumentos. Cada solista é captado de forma nítida, permitindo que o ouvinte perceba nuances de fraseado e improvisação. O repertório é incrível, e as canções são todas bem profundas e cadenciadas. No geral, é um belo disco, um de seus grandes clássicos. 

Melhores Faixas: Mosaic, Arabia, Children Of The Night 
Vale a Pena Ouvir: Crisis, Down Under

Caravan – Art Blakey & The Jazz Messengers





















NOTA: 9/10


No final daquele ano, foi lançado mais um trabalho do Art Blakey, intitulado Caravan. Após o Mosaic, o baterista e sua trupe continuavam a explorar um lado ainda mais improvisado e cadenciado; com isso, decidiram fazer um trabalho mais complexo, que mostrasse a precisão do Hard Bop e desse ainda mais chance para cada solista brilhar em seu momento. A produção, feita por Orrin Keepnews, segue a linha clássica do gênero, com som claro, direto e de alta presença acústica. A bateria de Blakey é sempre proeminente, mas equilibrada para não sufocar os demais instrumentos. O piano do Cedar Walton, o trompete do Freddie Hubbard e o saxofone do Wayne Shorter são captados de forma nítida, permitindo ouvir com clareza nuances de improvisação e interação entre os músicos. O repertório é muito bom, e as canções são bem mais melódicas e energéticas. Enfim, é um ótimo álbum, mais colaborativo. 

Melhores Faixas: This Is For Albert, Skylark 
Vale a Pena Ouvir: Caravan

Buhaina's Delight – Art Blakey & The Jazz Messengers





















NOTA: 9,5/10


Outro ano se passou, e foi lançado mais um trabalho fenomenal de Art Blakey & The Jazz Messengers, o Buhaina's Delight. Após o Caravan, nesse período o Hard Bop estava no auge e Blakey consolidava sua reputação como líder e mentor de jovens talentos do Jazz moderno. O título do álbum faz referência ao apelido africano de Blakey, “Buhaina”, enfatizando sua ligação com ritmos e tradições percussivas. A produção, conduzida por Alfred Lion, foi bem mais cristalina, permitindo que cada instrumento fosse claramente perceptível. A bateria de Blakey recebe destaque natural, mas sem sufocar os demais músicos. A mixagem e a gravação enfatizam a energia de conjunto, equilibrando seções rítmicas, solos e temas melódicos. O repertório é ótimo, e as canções são bem melódicas e vão para um lado mais cadenciado. Em suma, é um ótimo álbum, um dos mais potentes de sua carreira. 

Melhores Faixas: Bu's Delight, Backstage Sally 
Vale a Pena Ouvir: Reincarnation Blues, Moon River

The Freedom Rider – Art Blakey & The Jazz Messengers





















NOTA: 9,6/10


Indo para 1964, foi lançado outro disco, o The Freedom Rider, que seguiu um caminho mais aconchegante. Após o Buhaina's Delight, o álbum chega em um período em que Art Blakey consolidava a formação clássica dos Jazz Messengers, explorando ao máximo a energia do Hard Bop e servindo como incubadora de novos talentos. Uma das coisas interessantes foi o retorno de Lee Morgan, que trouxe todo aquele virtuosismo energético e fraseado ousado. A produção, feita novamente por Alfred Lion, é cristalina, valorizando a clareza de cada instrumento. A bateria de Blakey é destacada, mas com equilíbrio, permitindo que trompete, saxofone, piano e contrabaixo se destaquem igualmente. A gravação enfatiza interações ao vivo, alternando momentos de alta intensidade com passagens mais líricas. O repertório é incrível, e as canções são bem leves e envolventes. No fim, é um baita disco, um clássico. 

Melhores Faixas: Tell It Like It Is, The Freedom Rider 
Vale a Pena Ouvir: Blue Lace, El Toro, Petty Larceny

Free For All – Art Blakey & The Jazz Messengers





















NOTA: 10/10


Então chega o ano seguinte, quando foi lançado o excepcional e atemporal Free For All. Após The Freedom Rider, esse trabalho surge em uma fase em que os Jazz Messengers estavam no auge criativo. O Hard Bop já estava plenamente consolidado, mas vivia um momento de expansão, flertando tanto com o lirismo modal de Miles Davis e John Coltrane quanto com a energia crua do Soul Jazz. Para esse trabalho, eles decidiram seguir um caminho ainda mais intenso. A produção, conduzida como sempre por Alfred Lion, apresenta um lado preciso, permitindo que cada instrumento seja ouvido com clareza. A bateria de Blakey é protagonista, mas há espaço suficiente para os solos de Freddie Hubbard, Wayne Shorter, Curtis Fuller, Reggie Workman e Cedar Walton se destacarem. O repertório é simplesmente sensacional, e as 4 faixas são todas belíssimas. No final de tudo, é um trabalho maravilhoso, um dos grandes clássicos do Jazz, assim como Moanin’. 

Melhores Faixas: Free For All, The Core 
Vale a Pena Ouvir: Hammer Head, Pensativa

Indestructible – Art Blakey & The Jazz Messengers





















NOTA: 9,9/10


Se passa mais um ano e foi lançado mais um trabalho de Art Blakey, o Indestructible. Após o Free For All, esse novo álbum representa uma fase madura dele junto com seu grupo, que já havia passado por diversas formações clássicas, consolidando o Hard Bop como estilo dominante do Jazz moderno. O álbum é marcante por reunir músicos talentosos e já consagrados, cada um contribuindo com identidade própria, mas sempre guiados pela liderança incansável de Blakey. A produção, como sempre, apresenta um lado cristalino e preciso, enfatizando a dinâmica e a interação ao vivo, capturando a energia coletiva do grupo e os detalhes dos solos individuais. A mixagem permite ouvir nuances rítmicas, articulações melódicas e harmonias complexas, criando sensação de presença e espontaneidade. O repertório é incrível, e as canções são bem variadas, indo do lado mais envolvente ao mais cadenciado. No fim, é um disco maravilhoso, outro clássico de sua carreira. 

Melhores Faixas: The Egyptian, Mr. Jin, When Love Is New 
Vale a Pena Ouvir: Sortie, Calling Miss Khadijn

Like Someone In Love – Art Blakey And The Jazz Messengers





















NOTA: 9,1/10


Chegando em 1967, foi lançado mais um trabalho de Art Blakey & The Jazz Messengers, o Like Someone In Love. Após o Indestructible, a Blue Note acabou resgatando uma gravação feita sete anos antes, ou seja, num momento em que o grupo estava em sua era de ouro, até porque contava com a formação clássica com Lee Morgan (trompete), Wayne Shorter (saxofone tenor), Bobby Timmons (piano) e Jymie Merritt (contrabaixo). Vale lembrar que, nesse período atual, Art Blakey já estava tentando se moldar aos padrões da época. A produção, realizada por Alfred Lion, deixou um som quente e direto, com o cuidado de Rudy Van Gelder em captar tanto a potência dos metais quanto a riqueza tímbrica do piano e da bateria. O resultado é um álbum com clima ao vivo, onde a interação entre os músicos soa espontânea, cheia de energia e frescor. O repertório é muito bom, e as canções são bem dinâmicas e envolventes. Enfim, é um ótimo trabalho, bem cuidado. 

Melhores Faixas: Sleeping Dancer Sleep On, Johnny's Blue 
Vale a Pena Ouvir: Noise In The Attic, Like Someone In Love, Giantis

      Então é isso, um abraço e flw!!!         

Analisando Discografias - Kansas: Parte 1

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