sábado, 27 de setembro de 2025

Analisando Discografias - Art Blakey: Parte 1

                 

The Jazz Messengers – The Jazz Messengers





















NOTA: 9,9/10


Em 1956, foi lançado o 1º trabalho de Art Blakey com os Jazz Messengers, que servia como um conceito de ideias. O baterista começou sua trajetória por volta de 1942, quando passou a integrar várias orquestras, até que, após começar a se moldar, tornou-se independente e, por volta de 1947, nasceu o Jazz Messengers, que servia como um laboratório de ideias, mas também de estilos e talentos que ajudariam a definir o Hard Bop. Este disco de estúdio, gravado nas sessões de abril e maio de 1956 em Nova Iorque, é o último a reunir a formação com Horace Silver ao piano. Com produção do George Avakian, oferece uma acústica aberta que privilegia o som corporal dos instrumentos: o ataque do trompete de Donald Byrd, o sopro mais seco de Hank Mobley e a percussão de Blakey soam vivos, com espaço para decaimentos e respostas rítmicas. O repertório é incrível, e as canções são todas vibrantes e dinâmicas. Enfim, é um belo disco e um grande clássico do Jazz. 

Melhores Faixas: Nica's Dream, Infra-Rae, The End Of A Love Affair 
Vale a Pena Ouvir: Hank's Symphony, It's You Or No One

Orgy In Rhythm (Volume One) – Art Blakey





















NOTA: 8/10


No ano seguinte, foi lançado Orgy in Rhythm, Volume 1, que seguia influências africanas. Após o The Jazz Messengers, Blakey começou a se interessar por projetos que colocassem a percussão em primeiro plano, indo além do papel tradicional de acompanhamento. Em 1956, ele viajou para a África Ocidental (Gana, Nigéria e Serra Leoa), onde mergulhou em tradições rítmicas locais e trouxe para si uma inspiração que marcaria os anos seguintes. Dessa experiência nasceu a ideia de um projeto coletivo de percussão que uniria Jazz, ritmos afro-cubanos e africanos. A produção, conduzida por Alfred Lion, contou com uma formação com Herbie Mann (flauta), Ray Bryant (piano), Wendell Marshall (baixo), além de vários percussionistas. O clima era de jam session expandida, mas com direção clara de Blakey. O repertório é curto, com 4 faixas um pouco longas, mas que seguem um caminho mais improvisado. Enfim, é um trabalho bacana, e que ainda renderia mais. 

Melhores Faixas: Ya Ya 
Vale a Pena Ouvir: Split Skins, Toffi, Buhaina Chant

Drum Suite – Art Blakey And The Jazz Messengers





















NOTA: 8,6/10


Aí, um mês depois, foi lançado outro álbum diferente, desta vez o 2º com os Jazz Messengers, o Drum Suite. Após o Orgy in Rhythm, Vol. 1, Blakey decidiu seguir um caminho mais híbrido: uma tentativa de conciliar a força rítmica das raízes africanas e afro-cubanas com a estruturação mais convencional do Hard Bop que os Jazz Messengers vinham desenvolvendo. O disco, portanto, é ao mesmo tempo continuidade e síntese: mantém a ideia de suíte percussiva, mas insere essa dimensão no contexto de arranjos mais próximos ao Jazz tradicional. A produção foi feita por George Avakian e lançada pelo selo Columbia, que buscou equilibrar dois universos sonoros: a exuberância de múltiplos tambores e a clareza do quinteto de Jazz. Assim, as percussões são captadas em estéreo amplo, os sopros bem definidos e o piano com presença sólida no centro da mixagem. O repertório é muito legal, e as canções seguem um lado mais tribal. No geral, é um ótimo disco e bem versátil. 

Melhores Faixas: Cubano Chant, D's Dilemma 
Vale a Pena Ouvir: Nica's Tempo, Just For Marty

Orgy In Rhythm - Volume Two – Art Blakey





















NOTA: 8/10


Foi só no ano seguinte que foi lançado o Volume 2 do Orgy in Rhythm, ainda mais percussivo. Após o lançamento do Drum Suite, a Blue Note decidiu lançar a segunda parte desse projeto por conta da extensão das sessões. Em alguns aspectos, essa continuação é mais ousada: nele, Art Blakey permite que os percussionistas convidados assumam ainda mais espaço, ao mesmo tempo em que os sopros e o piano oferecem molduras mais livres. A produção foi praticamente a mesma, mas reflete a visão de Blakey como catalisador: ele não queria brilhar sozinho, mas criar uma “comunidade de tambores”. O disco soa quase como um documento etnográfico, mas sem perder a lógica jazzística: temas, improvisos e variações organizadas em faixas que funcionam como episódios de um mesmo ritual. O repertório é muito bom, e as canções são ainda mais dinâmicas e um pouco mais complexas. Em suma, é um trabalho bacana e mais energético que o anterior. 

Melhores Faixas: Elephant Walk 
Vale a Pena Ouvir: Abdallah's Delight, Amuck, Come Out And Meet Me Tonight

A Night In Tunisia – Art Blakey's Jazz Messengers





















NOTA: 8,9/10


Indo para 1958, foi lançado o enigmático álbum A Night in Tunisia, que seguia naquela pegada tribal. Após a série dupla Orgy in Rhythm, nesse novo trabalho Art Blakey decidiu captar a energia crua de seu grupo no palco, mostrando a força do Hard Bop em seu habitat natural: o clube de Jazz. O conjunto era explosivo: Bill Hardman trazia a energia da juventude, Johnny Griffin era conhecido por sua técnica velocíssima e fraseado intenso, Sam Dockery tinha um estilo mais cadenciado, e Spanky DeBrest sustentava a base com firmeza. A produção, conduzida por Bob Rolontz, seguiu por um lado mais cru, menos polido, mas justamente por isso mais autêntico. O ruído da plateia, a vibração do ambiente e a liberdade dos solos longos dão ao álbum uma intensidade documental, quase como se estivéssemos presentes no clube. O repertório é muito bom, e as canções são todas bem divertidas. Enfim, é um trabalho bacana e mais rudimentar. 

Melhores Faixas: A Night In Tunisia, Couldn't It Be You? 
Vale a Pena Ouvir: Evans, Theory Of Art, Off The Wall

Art Blakey And The Jazz Messengers – Art Blakey And The Jazz Messengers





















NOTA: 10/10


Então chegamos a 1959, quando foi lançado o sensacional Art Blakey and the Jazz Messengers (também conhecido como Moanin’). Após o A Night in Tunisia, Art Blakey decidiu lançar um trabalho que marcaria de vez a consolidação do grupo como a verdadeira escola do Hard Bop, não só porque trouxe uma formação fenomenal com Lee Morgan (trompete), Benny Golson (sax tenor), Bobby Timmons (piano) e Jymie Merritt (baixo), mas também porque apresentou ao público mundial uma síntese perfeita do estilo. A produção, realizada por Alfred Lion, tinha como ênfase captar a energia crua do grupo em performance, sem polimentos excessivos. Além disso, o disco traz uma divisão equilibrada, com três composições de Timmons e Golson, além de standards e arranjos que davam espaço igual a todos os músicos. O repertório é fantástico e praticamente funciona como uma coletânea. No fim, é um baita disco e certamente uma obra-prima. 

Melhores Faixas: Moanin', The Drum Thunder (Miniature) Suite 
Vale a Pena Ouvir: Are You Real

Art Blakey's Big Band – Art Blakey's Big Band





















NOTA: 8/10


Aí, ironicamente, no mesmo mês daquele ano de 1959, foi lançado outro disco, o Art Blakey's Big Band. Após o Moanin’, um selo chamado Bethlehem decidiu lançar esse trabalho em que Blakey se arrisca em um contexto maior: uma big band. Não foi algo recorrente em sua carreira, mas reflete uma tendência dos anos 1950, quando vários músicos do Bebop e do Hard Bop testavam formações expandidas para dialogar com a tradição das orquestras de swing e explorar novas possibilidades de arranjo. A produção, conduzida por Lee Kraft, trouxe vários nomes como Lee Morgan, John Coltrane, Ray Copeland, Bill Graham, entre outros. Basicamente, os arranjos misturam a potência típica das big bands com a liberdade de improviso característica do Hard Bop, o que deixou tudo na base da espontaneidade. O repertório é muito bom, e as canções são todas bem leves e melódicas. No geral, é um trabalho legal e que vale a pena conhecer. 

Melhores Faixas: Tippin', The Kiss Of No Return 
Vale a Pena Ouvir: Pristine, Midriff


        Então é isso, um abraço e flw!!!             

Analisando Discografias - Art Blakey: Parte 1

                  The Jazz Messengers – The Jazz Messengers NOTA: 9,9/10 Em 1956, foi lançado o 1º trabalho de Art Blakey com os Jazz Messen...