segunda-feira, 1 de setembro de 2025

Analisando Discografias - The Cure: Parte 2

                             

The Head On The Door – The Cure





















NOTA: 9,5/10


Se passaram dois anos, e o The Cure retorna lançando seu 6º álbum, o The Head On The Door. Após o The Top, Robert Smith se via em um momento decisivo. Vendo que o antecessor teve um resultado confuso, aconteceu então uma reconstrução: Lol Tolhurst ficou nos teclados, Porl Thompson na guitarra, Andy Anderson deu lugar a Boris Williams na bateria, e Simon Gallup voltou ao baixo após a saída conturbada em 1982. A produção, feita por Smith junto com David M. Allen, apostou em uma sonoridade mais limpa, dinâmica e acessível, sem perder a atmosfera melancólica característica. Há um cuidado com as texturas: guitarras cristalinas e reverberantes, teclados com timbres variados, além de uma cozinha rítmica bastante marcante, tudo isso seguindo aquela estética do Post-Punk e da New Wave, mas com influências do emergente Rock alternativo. O repertório é incrível, e as canções são bem melódicas e atmosféricas. Em suma, é um belo disco e outro clássico da banda. 

Melhores Faixas: Close To Me, In Between Days, Kyoto Song, A Night Like This, Push 
Vale a Pena Ouvir: The Baby Screams, The Blood

Kiss Me, Kiss Me, Kiss Me – The Cure





















NOTA: 9,2/10


Mais dois anos se passam, e foi lançado um álbum duplo, o Kiss Me, Kiss Me, Kiss Me. Após o The Head On The Door, que devolveu ao The Cure um formato de banda estável e mostrou a Robert Smith que era possível conciliar experimentalismo com acessibilidade Pop, Robert Smith, sentindo-se inspirado e confiante, decidiu que o próximo passo seria ousar sem limites: compor um álbum duplo (ainda no formato vinil) que mostrasse todas as suas facetas, da fúria ruidosa ao lirismo melódico. A produção foi praticamente a mesma. O som resultante é expansivo e variado. As guitarras de Smith e Porl Thompson se entrelaçam em camadas, enquanto Simon Gallup colocou o baixo tanto em linhas mais melódicas quanto nas mais agressivas. A bateria do Boris Williams se mostra versátil, e os teclados do Tolhurst criam atmosferas que vão do etéreo ao ameaçador. O repertório é muito bom, e as canções são bem melódicas e envolventes. No fim, é outro disco fenomenal e coeso. 

Melhores Faixas: Just Like Heaven, Why Can't I Be You?, All I Want, How Beautiful You Are, One More Time, Catch, Torture, Fight 
Vale a Pena Ouvir: A Thousand Hours, The Kiss, Snakepit

Disintegration – The Cure





















NOTA: 10/10


E, no final dos anos 80, o The Cure lança o atemporal e sensacional 8º álbum deles, Disintegration. Após o Kiss Me, Kiss Me, Kiss Me, que colocou a banda de vez no mercado americano, Robert Smith, aos 29 anos, começava a se incomodar com a imagem de “pop-star” que o sucesso havia trazido, ao mesmo tempo em que enfrentava crises pessoais. Para esse próximo trabalho, ele decidiu juntar tudo o que a banda fez naquele período e criar um trabalho definitivo. A produção foi feita por David M. Allen junto com Smith, que criaram uma atmosfera densa e quase cinematográfica. Para isso, foi utilizado um forte tratamento de reverberação, camadas de teclados etéreos feitas por Roger O'Donnell, guitarras com delay e arranjos mais imersos, tudo isso combinado com Post-Punk, Rock gótico e Dream Pop, em uma sonoridade dinâmica. O repertório é simplesmente magnífico e parece uma coletânea. Enfim, é um dos melhores álbuns de todos os tempos, uma completa obra-prima.
 

Melhores Faixas: Love Song, Lullaby, Plainsong, Pictures Of You, Disintegration, Prayers For Rain
Vale a Pena Ouvir: Fascination Street, The Same Deep Water As You

Wish – Cure





















NOTA: 9,2/10


Indo para 1992, o The Cure lança mais um disco, intitulado Wish, que foi um pouco mais variado. Após o excepcional Disintegration, o sucesso também trouxe peso: a pressão da gravadora e dos fãs, além de tensões internas (a saída definitiva do Lol Tolhurst durante as gravações anteriores ainda ecoava na memória da banda). Robert Smith, no entanto, não queria repetir aquela densidade sufocante do álbum anterior. Ele desejava que o próximo trabalho fosse mais “solar”, com espaço para melodias diretas, guitarras cristalinas e até celebrações, mas mantendo aquela melancolia. A produção foi a de sempre, com uma sonoridade puxada para o Rock alternativo, muito por conta do uso intenso de guitarras, explorando camadas melódicas (Porl Thompson, foi importante aqui), mas também experimentando timbres abrasivos. O repertório é muito bom, e as canções são bem diversificadas, indo desde um lado melódico até o introspectivo. No fim, é outro disco incrível e preciso. 

Melhores Faixas: Friday I'm In Love, High, A Letter To Elise, Open, Apart, From The Edge Of The Deep Green Sea 
Vale a Pena Ouvir: Cut, To Wish Impossible Things, Wendy Time

Wild Mood Swings – The Cure





















NOTA: 5,7/10


No ano de 1996, foi lançado mais um álbum do The Cure, o Wild Mood Swings, que trouxe muitas mudanças. Após o Wish, a banda, apesar de estar no ápice e com sua fase de ouro já encerrada nos anos 80, começou a se desgastar internamente. Roger O’Donnell e Boris Williams saíram da banda, e Perry Bamonte (que havia entrado em Wish) assumiu papel fixo como guitarrista/tecladista. Robert Smith decidiu criar um álbum que abraçasse uma diversidade extrema. A produção, conduzida por Steve Lyon junto com Smith, buscou uma sonoridade mais abrangente, seguindo o Rock alternativo e um lado mais Pop. O problema é que há muita inconsistência: a falta de um baterista frequente traz um monte de retalhos que não se encaixam, além de uma instrumentação variada que não faz muito sentido. O repertório é bem irregular, com algumas boas canções, mas também uma parte descartável. Em suma, é um trabalho mediano, no qual faltou precisão. 

Melhores Faixas: Want, Numb, Mint, Strange Attraction 
Piores Faixas: Bare, Round & Round & Round, Jupiter Crash, Gone!

Bloodflowers – The Cure





















NOTA: 8,8/10


Entrando nos anos 2000, a banda lança seu 11º álbum, intitulado Bloodflowers, que teve mais consistência. Após o mediano Wild Mood Swings, o The Cure enfrentou um momento turbulento. A proposta colocada no álbum anterior não foi bem recebida, e com razão. Nos anos finais da década de 90, Robert Smith refletia sobre o futuro. Prestes a completar 40 anos, começou a ver o tempo como algo central em sua obra, dizendo que esse próximo álbum encerraria sua visão de mundo adulta e madura, em oposição ao lirismo juvenil dos anos 80. A produção, feita por ele junto com Paul Corkett, seguiu para uma sonoridade minimalista e atmosférica: poucas músicas têm aqueles ganchos pop; ao contrário, Smith privilegia progressões lentas, texturas densas e vocais carregados de emoção, sendo um retorno à estética gótica que os consolidou. O repertório é muito bom, e as canções são todas mais profundas e densas. Enfim, é um disco muito bom e bem introspectivo. 

Melhores Faixas: Maybe Someday, There Is No If..., The Last Day Of Summer, 39 
Vale a Pena Ouvir: Bloodflowers, Watching Me Fall

The Cure – The Cure





















NOTA: 4/10


Quatro anos depois, o The Cure retorna lançando seu álbum autointitulado, que foi para um lado mais variado. Após o Bloodflowers, Robert Smith havia declarado que aquele poderia ser o último álbum da banda. Só que, vendo a resposta emocional dos fãs e a turnê Trilogy, que reafirmou o poder da banda ao vivo tocando os três discos (Pornography – 1982, Disintegration – 1989 e Bloodflowers – 2000) na íntegra, reacendeu em Smith a vontade de continuar. E, percebendo que uma nova geração estava descobrindo seu som, ele decidiu voltar a dialogar com o Rock alternativo. A produção, feita por Ross Robinson e lançada pela Geffen Records, seguiu para um lado bem mais cru, com guitarras densas e camadas distorcidas, explorando um som mais agressivo. Só que isso deixou tudo muito imperfeito, faltando coesão e soando bastante repetitivo. O repertório é fraco, com canções medíocres e algumas poucas que se salvam. No final, é um trabalho fraquíssimo e um tropeço feio. 

Melhores Faixas: alt.end, Lost, The End Of The World 
Piores Faixas: Never, Anniversary, Us Or Them, Taking Off

4:13 Dream – The Cure





















NOTA: 8,2/10


Quatro anos se passaram, e a banda retorna lançando outro disco, o 4:13 Dream (com essa capa doida). Após um álbum fraquíssimo, Robert Smith queria, para o sucessor, um projeto mais ambicioso que fosse no formato duplo. Porém, problemas internos atrapalharam. Roger O’Donnell (tecladista) e Perry Bamonte (guitarra/teclados) foram demitidos em 2005, deixando o The Cure novamente como um quarteto: Robert Smith (vocais/guitarra), Simon Gallup (baixo), Porl Thompson (guitarra, retornando à banda após mais de dez anos) e Jason Cooper (bateria). A produção, feita por Smith junto com Keith Uddin, trouxe uma sonoridade mais clara, expansiva e direta do que a do álbum de 2004, com camadas de guitarras e menos densidade claustrofóbica, focando mais no Rock alternativo. O repertório é muito bom, e as canções vão desde um lado introspectivo até outro mais envolvente. No geral, é um disco bacana e bastante subestimado. 

Melhores Faixas: The Reasons Why, The Perfect Boy 
Vale a Pena Ouvir: Freakshow, The Hungry Ghost, The Real Snow White, The Scream

Songs Of A Lost World – The Cure





















NOTA: 9,2/10


Chegamos em 2024, quando foi lançado o mais recente álbum do The Cure, o fenomenal Songs of a Lost World. Após o 4:13 Dream, a banda entrou em um período de inatividade criativa, com Robert Smith se dedicando a outros projetos e o grupo enfrentando mudanças em sua formação, como a entrada do guitarrista Reeves Gabrels no lugar do Porl Thompson. Em 2019, a banda iniciou a turnê Shows of a Lost World, na qual novas músicas foram apresentadas ao público, criando grande expectativa para um novo álbum. A produção, feita pelo próprio Robert Smith junto com Paul Corkett, seguiu para uma sonoridade bem atmosférica, recheada de elementos texturizados, com camadas de guitarra precisas que unem influências do Post-Punk e do Post-Rock sem abandonar a estética gótica. Com a cozinha rítmica sendo mais hipnótica e pulsante. O repertório é belíssimo, e as canções todas são imersivas. No final, é um baita disco e um dos melhores do ano passado. 


Melhores Faixas: A Fragile Thing, Alone, I Can Never Say Goodbye, All I Ever Am 
Vale a Pena Ouvir: And Nothing Is Forever, Endsong

 

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