Samba Esquema Novo – Jorge Ben
NOTA: 10/10
Agora indo lá para 1963, surgiu o atemporal álbum de estreia do Jorge Ben, o Samba Esquema Novo. O nosso querido Babulina, vindo lá da Madureira, chegou a jogar por um período no time infanto-juvenil do Flamengo. Só começou a se interessar pela música na adolescência, sendo no início pandeirista, e foi só com 18 anos que ganhou seu violão. Ali nasceu uma paixão, tornando-se seu companheiro em apresentações. Após um de seus shows, em que cantava uma certa música para a plateia, estava presente um executivo da Philips, e ali aconteceu o ponto de virada. A produção, feita por Armando Pittigliani, é relativamente simples, típica de gravações brasileiras do início dos anos 60, mas extremamente eficaz em capturar a energia do Jorge. Os arranjos se apoiam fortemente na instrumentação do grupo Meirelles e Os Copa 5, deixando tudo bem íntimo. O repertório é sensacional, parecendo até uma coletânea. No fim, é um baita disco de estreia e uma obra-prima.
Melhores Faixas: Mas, Que Nada! (música que ele cantou, e que é praticamente um dos maiores hinos da música brasileira), Chove Chuva, Balança Pema, Por Causa De Você, Menina, Quero Esquecer Você
Vale a Pena Ouvir: A Tamba, Rosa, Menina Rosa
Ben É Samba Bom – Jorge Ben
NOTA: 9,2/10
No ano seguinte, Jorge Ben lança seu 2º álbum de estúdio, o Ben É Samba Bom. Após o Samba Esquema Novo, com o sucesso internacional de “Mas, Que Nada!”, Jorge já havia consolidado seu estilo único: um Samba inovador, com elementos de Jazz e ritmos africanos, além de letras irreverentes e bem-humoradas. O período é crucial para a música brasileira: a Bossa Nova ainda domina o cenário, mas há espaço para a experimentação rítmica e melódica em seu som. A produção, feita mais uma vez por Armando Pittigliani, foi um pouco mais refinada, com arranjos criativos e instrumentação bem dosada: o violão de Jorge, o baixo pulsante de Manuel Gusmão, a bateria de Dom Um Romão e os sopros que reforçam os pontos melódicos. E tudo isso ainda seguindo o Samba tradicional, só que mergulhando no Sambalanço. O repertório é muito bom, e as canções são todas de uma leveza pura. Enfim, é um ótimo disco e muito aconchegante.
Melhores Faixas: Onde Anda O Meu Amor, Vou De Samba Com Você, Descalço No Parque, Bicho Do Mato, Samba Menina, Dandara, Hei
Vale a Pena Ouvir: Gabriela, Samba Legal, Saída Do Pôrto
Sacundin Ben Samba – Jorge Ben
NOTA: 9/10
Em questão de alguns meses foi lançado mais um álbum, o Sacundin Ben Samba. Após o Ben É Samba Bom, Jorge começou a ir por um caminho de fazer um Samba autoral moderno, com influência do Jazz e de ritmos africanos, mostrando-o já experimentando mais intensamente com arranjos complexos, grooves inventivos e letras urbanas, saindo daquele lado mais aconchegante que lembrava um pouco da Bossa Nova. A produção, feita como sempre por Armando Pittigliani, colocou uma sofisticação instrumental sem perder a espontaneidade característica do Jorge Ben, com seu violão sendo o elemento central, criando grooves que sustentam o samba e dão identidade rítmica às faixas. Os arranjos incluem sopros, percussão brasileira, baixo pulsante e coros, compondo uma textura sonora rica e dinâmica. O repertório é muito legal, e as canções ficaram mais reflexivas, só que com traços melódicos. No fim, é um ótimo disco e mais pensativo.
Melhores Faixas: Carnaval Triste, Espero Por Você, A Princesa E O Plebeu, Jeitão De Preto Velho, Gimbo, Vamos Embora "Uáu"
Vale a Pena Ouvir: Não Desanima João, Anjo Azul
Big Ben – Jorge Ben
NOTA: 9/10
No ano seguinte, foi lançado o 4º álbum de Jorge Ben, intitulado Big Ben (não sei se ele escolheu esse título pensando no mercado americano). Após o Sacundin Ben Samba, esse novo trabalho surge em um contexto de efervescência cultural no Rio de Janeiro. A Bossa Nova ainda dominava parte do cenário, enquanto o Samba urbano ganhava espaço, e Jorge Ben percebia que podia acrescentar coisas novas ao gênero, fazendo algo ainda mais moderno. A produção foi aquela de sempre, mas há uma integração mais ampla entre percussão, sopros, baixo e coros, resultando em grooves mais densos e camadas harmônicas mais ricas, mostrando aqui o início do desenvolvimento do Samba-rock. Além disso, os arranjos foram cuidadosamente trabalhados para equilibrar dançabilidade e musicalidade. O repertório é bem legal, e as canções são mais descontraídas e envolventes. Enfim, é um trabalho bacana e, de certo modo, subestimado.
Melhores Faixas: Deixa O Menino Brincar, O Homem, Que Matou O Homem, Que Matou O Homem Mau, Patapatapata, Na Bahia Tem, Telefone De Brotinho, Maria Conga
Vale a Pena Ouvir: Lalari – Olala, Agora Ninguém Chora Mais
Então é isso e flw!!!