Ultra – Depeche Mode
NOTA: 9,5/10
Pulando para 1997, o Depeche Mode retornou lançando mais um álbum, o Ultra, em um momento de mudanças. Após o Songs of Faith and Devotion, o grupo mergulhou em uma espiral de excessos e conflitos internos. Dave Gahan, vocalista, afundou em dependência química e quase perdeu a vida em 1996, após uma overdose de heroína. Alan Wilder, um dos pilares criativos do grupo, acabou saindo em 1995, alegando frustração com a dinâmica interna e falta de reconhecimento. Restaram então Dave Gahan, Martin Gore e Andy Fletcher, enfraquecidos emocionalmente e incertos sobre o futuro. Produzido por Tim Simenon, o álbum se afasta do Rock industrial abrasivo, abraçando uma estética mais sombria, eletrônica e texturizada, com camadas densas de sintetizadores, batidas pesadas e atmosferas melancólicas. O repertório é incrível, e as canções são bem sombrias e, ao mesmo tempo, profundas. No geral, é um belo trabalho e muito ousado.
Melhores Faixas: It’s No Good, Home, The Bottom Line, Useless, Freestate Vale a Pena Ouvir: Insight, Barrel Of A Gun, Jazz Thieves
Exciter – Depeche Mode
NOTA: 8,6/10
Entrando em 2001, o Depeche Mode lança seu 10º álbum de estúdio, intitulado Exciter. Após o Ultra, a banda respirava um pouco mais aliviada. Dave Gahan havia conseguido se manter sóbrio, Martin Gore voltava a compor de forma consistente e Andy Fletcher, mesmo não sendo central musicalmente, permanecia como figura estabilizadora. Com o novo milênio chegando, havia a necessidade de reposicionar o Depeche Mode em uma cena musical que havia mudado radicalmente. Produzido por Mark Bell, o álbum trouxe uma abordagem minimalista, apostando em arranjos esparsos, sons eletrônicos frios e camadas sintéticas delicadas, mas detalhadas. O disco acabou soando como um híbrido entre o estilo Synth-pop clássico da banda e a estética experimental da cena eletrônica britânica daquele momento, com Downtempo e Trip Hop. O repertório é muito bom, e as canções são bem atmosféricas e dinâmicas. Enfim, é um ótimo disco e que é bem subestimado.
Melhores Faixas: Freelove, I Feel Love Vale a Pena Ouvir: I Am You, Comatose, Dream On, When The Body Speaks
Playing The Angel – Depeche Mode
NOTA: 9/10
Quatro anos se passaram, e a banda retorna lançando outro disco, o Playing the Angel. Após o Exciter, o Depeche Mode se encontrava em uma encruzilhada devido à recepção crítica morna. Durante a turnê, porém, ficou claro que eles ainda eram uma força imensa ao vivo, mas a necessidade de revitalização criativa era evidente. Entre 2001 e 2004, Dave Gahan passou por uma transformação importante: lançou seu 1º álbum solo e, mais crucialmente, começou a escrever suas próprias músicas. Isso gerou tensão com Martin Gore, até então o principal (quase exclusivo) compositor, mas também trouxe frescor à dinâmica do grupo. Produzido por Ben Hillier, o álbum privilegiou sintetizadores analógicos, distorções pesadas, camadas de ruídos e batidas industriais, evocando a atmosfera sombria dos anos 80, mas com a intensidade de uma banda madura. O repertório é ótimo, e as canções são mais energéticas e críticas. No geral, é um baita álbum e bem reflexivo.
Melhores Faixas: Precious, A Pain That I'm Used To, Lilian, Suffer Well, John The Revelator, Nothing's Impossible Vale a Pena Ouvir: I Want It All, The Darkest Star, Macro
Sounds Of The Universe – Depeche Mode
NOTA: 8,2/10
Mais quatro anos se passam, e foi lançado mais um trabalho do Depeche Mode, o Sounds of the Universe. Após o Playing the Angel, a banda estava em um ponto de estabilidade e confiança que não se via desde os anos 90. A turnê do disco havia sido um triunfo. No entanto, nem tudo estava tranquilo: durante as gravações, Gahan enfrentou problemas de saúde sérios, incluindo um tumor maligno na bexiga, que precisou ser tratado cirurgicamente em 2009, pouco antes da turnê mundial. Apesar disso, deu tudo certo, e eles tentaram fazer um álbum que relembrasse suas raízes. Produzido novamente por Ben Hillier, o disco adotou uma abordagem orgânica, mas, desta vez, o foco foi ainda mais direcionado aos sintetizadores. O som é denso, cheio de texturas eletrônicas, camadas pulsantes e timbres ásperos, que dão um ar de colagem experimental, apesar de algumas falhas. O repertório é bom: há ótimas canções e outras descartáveis. Enfim, é um disco legal, mas com ressalvas.
Melhores Faixas: Wrong, Corrupt, Come Back, In Chains, Miles Away / The Truth Is
Piores Faixas: Perfect, Peace, Spacewalker
Delta Machine – Depeche Mode
NOTA: 8,6/10
Chegando em 2013, eles retornaram lançando mais um trabalho, o Delta Machine. Após o Sounds of the Universe, o Depeche Mode estava mais uma vez diante do desafio de se reinventar. Com isso, eles decidiram, de certa forma, completar essa “trilogia”, que estava longe de ser tão aclamada quanto a trilogia de Berlim dos anos 80. A proposta era fundir a base eletrônica característica deles com influências mais orgânicas e “terrosas”. Martin Gore, em particular, estava imerso em Blues e Gospel, e quis trazer essa atmosfera. Produzido mais uma vez por Ben Hillier, o álbum ganhou uma textura rica, com sons de sintetizadores analógicos robustos, camadas industriais e guitarras carregadas de distorção blues. Assim, o resultado ficou bem equilibrado e atmosférico, apesar de algumas falhas. O repertório é bom: tem canções bacanas e outras mais imprecisas. No geral, é um trabalho bem interessante e sólido.
Melhores Faixas: Heaven, Soft Touch / Raw Nerve, Secret To The End, Welcome To My World, Should Be Higher
Piores Faixas: Alone, My Little Universe
Spirit – Depeche Mode
NOTA: 8/10
Melhores Faixas: Going Backwards, So Much Love, Cover Me, No More (This Is The Last Time), Poison Heart
Piores Faixas: Eternal, Scum, Poorman
Memento Mori – Depeche Mode
NOTA: 9,4/10
Então chegamos a 2023, quando foi lançado o último álbum do Depeche Mode até então, o Memento Mori. Após o Spirit, a banda continuava focada em seus shows e, como sabemos, veio a pandemia. Depois de tudo aquilo, quando começaram a preparar o novo trabalho, o membro fundador Andrew Fletcher acabou falecendo em maio de 2022, o que trouxe uma carga emocional significativa ao processo criativo. Apesar da ausência de Fletcher, Gore e Gahan decidiram seguir em frente, resultando em um álbum que aborda temas como risco, alienação e renovação. Produzido novamente por James Ford, o disco apresenta uma fusão de elementos industriais com melodias delicadas, criando uma sonoridade mais orgânica e introspectiva. O álbum é caracterizado por atmosferas densas, sintetizadores pulsantes e uma abordagem minimalista. O repertório é incrível, e as canções são densas, mas ao mesmo tempo muito profundas. No final de tudo, é um baita disco e muito consistente.
Melhores Faixas: Ghosts Again, Soul With Me, My Favourite Stranger, People Are Good, Always You, Never Let Me Go
Vale a Pena Ouvir: My Cosmos Is Mine, Don't Say You Love Me, Speak To Me
Por hoje é só, então flw!!!