quarta-feira, 8 de outubro de 2025

Analisando Discografias - Pet Shop Boys: Parte 1

                  

Please – Pet Shop Boys





















NOTA: 9,8/10


Em 1986, o Pet Shop Boys lançava seu excepcional álbum de estreia, intitulado Please. Formado em 1981 na capital inglesa, o duo era composto por Neil Tennant e Chris Lowe, ambos vindos de trabalhos distintos: Neil era jornalista musical, enquanto Chris já trabalhava com produção eletrônica. Ao se encontrarem pela primeira vez em uma loja de discos na King’s Road, no bairro de Chelsea, surgiu ali uma química imediata. Influenciados pelos pioneiros da música eletrônica e, após lançarem alguns singles de forma independente, assinaram com a Parlophone/EMI. A produção feita por Stephen Hague trouxe precisão e brilho às programações de sintetizadores, às linhas de baixo eletrônicas e aos vocais de Neil Tennant, criando um equilíbrio entre a acessibilidade Pop e a sofisticação sonora. O repertório é maravilhoso, com canções bem melódicas e um clima atmosférico. No fim, é um baita disco de estreia e um clássico desse período. 

Melhores Faixas: West End Girls, Suburbia, Love Comes Quickly, Two Divided By Zero, I Want A Lover 
Vale a Pena Ouvir: Opportunities (Let's Make Lots Of Money), Why Don't We Live Together

Actually – Pet Shop Boys





















NOTA: 10/10


No ano seguinte, a dupla retorna lançando o fantástico 2º álbum deles, o Actually. Após o Please, Neil Tennant e Chris Lowe estavam mais confiantes artisticamente, explorando letras mais ousadas e socialmente críticas, enquanto mantinham a estética pop dançante. O período foi marcado pelo auge do Synth-pop britânico e pelo interesse crescente em produções eletrônicas sofisticadas, com maior atenção à textura sonora, à programação de sintetizadores e à integração de elementos clássicos com o Dance-Pop contemporâneo e o emergente Hi-NRG. A produção foi diversificada, contando com o duo junto de Stephen Hague, Andy Richards e outros. O trabalho foi bem mais elaborado, com o uso de sintetizadores analógicos e sequenciadores, além de camadas mais complexas de percussão eletrônica, efeitos de samplers e arranjos orquestrais. O repertório é sensacional e parece até uma coletânea. Enfim, é um álbum clássico e uma obra-prima. 

Melhores Faixas: It's A Sin, What Have I Done To Deserve This? (participação da Dusty Springfield), Rent, Heart, One More Chance 
Vale a Pena Ouvir: King's Cross, Shopping

Introspective – Pet Shop Boys





















NOTA: 10/10


Entrando em 1988, foi lançado o atemporal e também fantástico 3º álbum deles, o Introspective. Após o Actually e com o sucesso dos hits “What Have I Done to Deserve This?” e “Always on My Mind”, a dupla já estava consolidada como um dos principais nomes do Synth-pop dos anos 80. Neste ponto, Neil Tennant e Chris Lowe buscavam expandir a abordagem musical do duo, explorando faixas mais longas e estruturadas, com influência direta da música de discoteca, House e Dance-Pop. A produção foi praticamente a mesma, e o uso de sintetizadores analógicos, samplers, sequenciadores e linhas de baixo eletrônicas mais complexas permitiu que cada faixa tivesse profundidade e espaço para experimentação sonora. Além disso, incorporaram elementos orquestrais sutis e texturas atmosféricas. O repertório, apesar de ter apenas seis faixas longas, é simplesmente sensacional e parece até uma coletânea. No final, é um álbum magnífico e um dos melhores de todos os tempos. 

Melhores Faixas: Always On My Mind / In My House, Domino Dancing 
Vale a Pena Ouvir: Left To My Own Devices, I'm Not Scared

Behaviour – Pet Shop Boys





















NOTA: 9,7/10


Entrando nos anos 90, o Pet Shop Boys lançava seu 4º álbum de estúdio, o Behaviour. Após o Introspective, Neil Tennant e Chris Lowe buscaram neste projeto uma abordagem mais introspectiva e madura. O contexto da época era marcado por mudanças na música pop: o Synth-pop dos anos 80 começava a se misturar com elementos do House e do Dance alternativo, e a dupla queria explorar texturas sonoras mais orgânicas, letras mais pessoais e atmosferas melancólicas, sem perder o apelo comercial. A produção, feita pelo duo junto com Harold Faltermeyer, é caracterizada por um som bem mais suave e orgânico, priorizando arranjos minimalistas e atmosferas introspectivas. Os sintetizadores ainda são centrais, mas há mais uso de elementos ambientais. A bateria eletrônica é menos agressiva e mais contida. O repertório é incrível, com canções bem mais profundas, mas que mantêm toda aquela energia característica deles. No fim, é um disco maravilhoso e muito consistente. 

Melhores Faixas: Being Boring, So Hard This Must Be The Place I Waited Years To Leave, The End Of The World, How Can You Expect To Be Taken Seriously? 
Vale a Pena Ouvir: Jealousy, To Face The Truth

Very – Pet Shop Boys





















NOTA: 9/10


Três anos depois, eles voltam lançando seu 5º álbum de estúdio, intitulado Very, que soa mais moderno. Após o Behaviour, o Pet Shop Boys decidiu criar um álbum mais expansivo, colorido e otimista, refletindo mudanças pessoais e artísticas da dupla. Esse período foi marcado por experiências mais alegres, viagens e exposições à cultura clubbing em Londres e outros centros europeus. A ideia central era combinar a sofisticação lírica característica do duo com uma sonoridade exuberante, dançante e visualmente “colorida” (algo que também se reflete na capa). A produção, conduzida pelo próprio duo, é grandiosa, polida e altamente detalhada, com forte ênfase em sintetizadores digitais, linhas de baixo eletrônicas profundas e programação rítmica complexa, mesclando elementos clássicos do Synth-pop com influências do Eurodance e do Dance-Pop contemporâneo. O repertório é muito bom, com canções divertidas e até sentimentais. Enfim, é um ótimo disco e bastante ousado. 

Melhores Faixas: Go West, Can You Forgive Her?, One In A Million, Yesterday, When I Was Mad, A Different Point Of View 
Vale a Pena Ouvir: Dreaming Of The Queen, The Theatre, I Wouldn't Normally Do This Kind Of Thing

Bilingual – Pet Shop Boys





















NOTA: 6/10


Pulando para 1996, foi lançado um álbum bem fraquinho da dupla, intitulado Bilingual. Após o Very, Neil Tennant e Chris Lowe buscavam explorar novas influências musicais, especialmente a música latina e a House music, refletindo um interesse crescente pelo multiculturalismo e pela música global. A década de 90 trouxe à música eletrônica novas possibilidades de fusão de gêneros, e a dupla aproveitou isso para criar um trabalho mais experimental, porém ainda acessível. A produção, feita junto com Chris Porter, Paul Roberts, Danny Tenaglia e Andy Williams, foi mais sofisticada e incorporou influências de música latina, Euro House e Dance-Pop. Os sintetizadores permanecem centrais, mas são combinados com percussão eletrônica de timbres latinos, linhas de baixo profundas e grooves ritmados, só que muita coisa acaba não se encaixando bem. O repertório é irregular: há boas canções e outras sem muito sentido. No geral, é um trabalho mediano, e faltou coesão. 

Melhores Faixas: Discoteca, To Step Aside, Se A Vida É (That's The Way Life Is) 
Piores Faixas: Single, Saturday Night Forever, Electricity

Nightlife – Pet Shop Boys





















NOTA: 9,4/10


Então, chegando ao final dos anos 90, o Pet Shop Boys lança seu 7º álbum, o Nightlife. Após o Bilingual, a dupla decidiu retornar fazendo um álbum que reflete seu fascínio pela cultura de clubes, pela vida noturna urbana e pela experiência de viver entre o glamour e a melancolia da vida noturna. O final da década trouxe novas tendências na música eletrônica, incluindo Trance, House e Pop eletrônico sofisticado, e o álbum incorpora essas influências de forma sutil, mantendo a identidade deles. A produção, feita junto com Craig Armstrong, David Morales e Rollo, é rica e refinada, combinando sintetizadores clássicos com texturas eletrônicas modernas. Há uma percussão eletrônica diversificada, com batidas que alternam entre House, Dance-Pop e grooves discretos, criando uma variação rítmica que se complementa com a voz articulada de Neil. O repertório é ótimo, e as canções são mais cadenciadas e profundas. Enfim, é um belo disco e bem subestimado. 

Melhores Faixas: New York City Boy, I Don't Know What You Want But I Can't Give It Any More, Closer To Heaven, For Your Own Good, Boy Strange 
Vale a Pena Ouvir: Radiophonic, Footsteps, Vampires

Release – Pet Shop Boys





















NOTA: 8,4/10


Entrando em 2002, o Pet Shop Boys lança seu 8º álbum de estúdio, o introspectivo Release. Após o Nightlife, eles entraram no novo milênio buscando uma abordagem mais orgânica e menos centrada em grandes grooves de club. A dupla estava interessada em expandir a paleta sonora do Synth-pop, incorporando elementos da música eletrônica contemporânea com instrumentos acústicos, arranjos mais suaves e uma produção menos voltada para o lado dançante. A produção, conduzida junto com Chris Zippel, segue um caminho mais orgânico e sofisticado: os sintetizadores continuam presentes, mas há maior presença de piano, cordas e elementos acústicos, criando texturas mais quentes e emotivas, que revelam influências do Post-Britpop e do Downtempo. O repertório é muito bom, e as canções são bem diversas, com um lado mais sentimental. Enfim, é um trabalho interessante e que costuma ser bem esquecido pelos fãs. 

Melhores Faixas: London, The Samurai In Autumn 
Vale a Pena Ouvir: Home And Dry, The Night I Fell In Love, E-Mail

Fundamental – Pet Shop Boys





















NOTA: 6/10


Quatro anos se passam, e eles retornam lançando mais um trabalho novo, o Fundamental. Após o Release, o Pet Shop Boys voltou com um álbum mais político e crítico, refletindo o contexto internacional do início dos anos 2000, marcado por tensões políticas globais, guerras e debates sobre direitos civis e liberdades individuais. Eles também decidiram retornar à sonoridade característica do grupo, com forte uso de sintetizadores e aqueles grooves eletrônicos sofisticados. A produção, feita por Trevor Horn, é moderna, polida e deliberadamente grandiosa, trazendo de volta as influências do Synth-pop e do Dance-Pop que os consolidaram. Os sintetizadores são densos e sofisticados, os pads atmosféricos criam texturas ricas, e a bateria eletrônica é precisa e marcante, apesar de tudo soar um pouco repetitivo e faltar mais imersão. O repertório é mediano, com canções genéricas, embora algumas sejam interessantes. No geral, é um trabalho fraco, que carece de mais coesão. 

Melhores Faixas: Psychological, I'm With Stupid, Minimal 
Piores Faixas: Casanova In Hell, I Made My Excuses And Left, God Willing

Yes – B.B. King





















NOTA: 8,7/10


Três anos se passam, e é lançado o 10º álbum de estúdio do Pet Shop Boys, o Yes. Após o mediano Fundamental, Neil Tennant e Chris Lowe decidiram fazer um álbum mais positivo, introspectivo e pessoal. O contexto global no final dos anos 2000, marcado por incertezas econômicas e transformações sociais, influenciou a dupla a explorar temas como amor, conexão emocional, reflexão pessoal e esperança. A produção, conduzida por Brian Higgins, é refinada, minimalista e elegante, priorizando a clareza sonora e melodias fortes. Os sintetizadores continuam sendo o núcleo da sonoridade, mas há maior presença de pianos digitais, pads atmosféricos e linhas de baixo suaves que reforçam a profundidade emocional, tudo isso seguindo aquelas influências do Synth-pop e do Dance-Pop que os consolidaram nos anos 80. O repertório é ótimo, e as canções são bem envolventes, com algumas mais cadenciadas. No final, é um disco bacana e que vale a pena apreciar. 

Melhores Faixas: Love Etc., More Than A Dream, The Way It Used To Be, Did You See Me Coming? 
Vale a Pena Ouvir: Pandemonium, All Over The World, Building A Wall
 

    Por hoje é só, então flw!!!   

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