sábado, 8 de novembro de 2025

Analisando Discografias - The Alchemist: Parte 2

                 

Bread – The Alchemist





















NOTA: 8,2/10


Então, indo lá para 2018, foi lançado o EP Bread, em que The Alchemist fez algo bem mais simplório. Depois de vários trabalhos colaborativos, ele decidiu lançar vários EPs curtinhos, que seriam lançados ao longo do tempo, já que, lógico, ele preparava outros projetos. O título, que significa “pão”, é tanto a recompensa pelo trabalho quanto o alimento criativo que ele fornece à cena, reafirmando seu papel como um dos produtores mais consistentes e visionários do Rap. A produção mostrou uma paleta de sons analógicos, densos e meticulosamente encaixados, demonstrando domínio sobre a arte do sample, algo que Alchemist trata mais como escultura do que montagem. O som é granuloso, sujo, repleto de texturas, e ainda assim tem uma clareza e uma direção precisas, tendo momentos que vão do Boom Bap, Drumless e ao Rap experimental. O repertório é muito bom, e as quatro faixas são todas bem interessantes. Enfim, é um belo trabalho e bastante preciso. 

Melhores Faixas: E. Coli (Earl Sweatshirt levou o som pra ele), Ray Mysterio (os irmãos Westside Gunn e Conway the Machine amassando) 
Vale a Pena Ouvir: Mac 10 Wounds (Conway aparece de novo), Roman Candles (Roc Marciano e Black Thought mandando bem)

Yacht Rock 2 – The Alchemist





















NOTA: 8/10


No ano seguinte, o The Alchemist lança o álbum Yacht Rock 2, que tentou ser mais temático. Após o EP Bread, ele decidiu dar uma continuação ou melhor uma repaginada num EP de 2015, o Yacht Rock 1 que explorava uma sonoridade suave e elegante, inspirada pelo subgênero do Rock dos anos 70 e 80 caracterizado por arranjos sofisticados, harmonias jazzy e um clima marítimo e relaxado. Com isso ele quis revisitar essa atmosfera, mas de maneira ainda mais refinada e cinematográfica. Produção que ele fez traz um som suave e ensolarada desse subgênero, mas filtra tudo por seu próprio olhar: o resultado é um som que parece simultaneamente leve e ameaçador, nostálgico e urbano, so que deixando naquela estética do Drumless desacelerando as beats priorizando o groove preguiçoso e o uso de instrumentos acústicos e sintetizadores suaves. O repertório é muito bom, e as canções são todas bem leves. Enfim, é um trabalho legal e coeso. 

Melhores Faixas: Ocean Prime (Boldy James amassando), Eastside (Westside e Conway brilhando de novo) 
Vale a Pena Ouvir: Stugots, Billy Dee

This Thing Of Ours – The Alchemist





















NOTA: 8/10


Dois anos depois, ele lança outro EP intitulado This Thing of Ours, que voltou para um lado mais tradicional. Após o Yacht Rock 2, The Alchemist decidiu iniciar o primeiro volume de uma série de EPs curtos e colaborativos que exploram um lado mais minimalista, denso e experimental de sua produção. O título faz alusão direta à expressão usada pela máfia italiana “La Cosa Nostra”, traduzida como “essa coisa nossa”, uma metáfora perfeita para o universo que Alchemist e seus parceiros habitam: um círculo fechado de artistas independentes, unidos por uma ética e uma estética próprias. A produção foi mais complementar, onde ele optou por beats de andamento lento, densos e repletos de textura. Os samples são tratados como camadas de lembrança: vozes distantes, fragmentos de Jazz, trilhas sonoras e sintetizadores suaves formam uma atmosfera etérea, quase espiritual. O repertório é muito bom, e as canções são bem rítmicas. Enfim, é um trabalho bacana e coeso. 

Melhores Faixas: Loose Change, Nobles (Earl Sweatshirt apareceu nas duas) 
Vale a Pena Ouvir: TV Dinners, Holy Hell

This Thing Of Ours - Vol. 2 – The Alchemist





















NOTA: 7,4/10


Meses depois, foi lançado o Volume 2 deste EP, que trouxe algumas pequenas mudanças. Após o Volume 1, o Uncle Al decidiu mergulhar de vez no papel de curador da nova era do Rap underground, conectando figuras de diferentes polos estéticos, mas com o mesmo DNA artístico: uma linguagem de autenticidade, introspecção e minimalismo. A produção seguiu por um caminho mais pesado e concreto do que o do primeiro volume, mas ainda profundamente texturizado e atmosférico. Alchemist trabalha com loops sombrios, samples filtrados e camadas de instrumentos acústicos que evocam tanto melancolia quanto tensão. Há um contraste entre o calor analógico dos samples e o frio das baterias secas e espaçadas, girando bem pouco no Drumless, como foi no anterior, já que ficou mais carregado na linhagem do Rap abstrato. O repertório é bem interessante, e as canções são mais variadas e imersas. No final, é um ótimo trabalho e uma boa continuação. 

Melhores Faixas: 6 Five Heartbeats, Miracle Baby 
Vale a Pena Ouvir: Flying Spirit

The Genuine Articulate – The Alchemist





















NOTA: 7/10


Então, chegamos ao último lançamento solo do The Alchemist, o The Genuine Articulate. Após os EPs This Thing of Ours, ele decidiu apresentar não apenas sua típica produção, mas também a si mesmo assumindo o papel de rapper em várias faixas, algo que já vinha sendo explorado por ele, mas que aqui ganha um papel mais central. Ainda assim, há faixas com outros rappers rimando por inteiro e outras em que o nosso querido Uncle Al assume o microfone. A produção, obviamente feita por ele, traz beats baseados em samples analógicos, texturas empoeiradas, baixos profundos, reverberações e, frequentemente, uma ambiência que sugere uma “escuridão elegante”, ou um luxo contido e reflexivo. Há uma sensação de economia: pouco excesso, arranjos mais enxutos, foco em groove e atmosfera. O repertório é muito bom, e as canções são bem imersivas e até introspectivas. No fim, é um trabalho bacana, apesar da falta de novidades. 

Melhores Faixas: Scientology (Havoc indo muito bem), Diego Maradona (Conway acertando)
Vale a Pena Ouvir: Details, Something Light

     Por hoje é só, então flw!!!    

Analisando Discografias - Kansas: Parte 1

                   Kansas – Kansas NOTA: 9/10 Indo para 1974, o Kansas lançava seu álbum de estreia autointitulado, que trazia uma estética ...