Starless And Bible Black – King Crimson
NOTA: 9,6/10
Entrando no ano de 1974, o King Crimson iniciava o fim de sua primeira fase com Starless and Bible Black. Após o Larks' Tongues in Aspic, o King Crimson entrou numa nova etapa de experimentação que se consolidaria de vez. Mesmo ficando sem Jamie Muir, o percussionista que trouxe um toque quase ritualístico para o disco anterior, isso não significou limitação e sim uma reorganização interna. A banda estava mais coesa e explorava uma sonoridade que misturava improvisação livre com composições estruturadas, unindo Jazz, peso e virtuosismo. Produzido pela própria banda, tem um som cristalino, mas denso e orgânico. Robert Fripp trabalhou junto a George Chkiantz para preservar a energia dos improvisos ao vivo sem sacrificar a coesão. O resultado é um álbum com texturas que soam espontâneas e imprevisíveis, mas cuidadosamente esculpidas. O repertório é belíssimo e as canções são bem angulares. No geral, é outro álbum incrível e só que bem difícil.
Melhores Faixas: The Great Deceiver, Fracture, The Night Watch, The Mincer
Vale a Pena Ouvir: Lament, Starless And Bible Black
Red – King Crimson
NOTA: 10/10
Sete meses então se passam e chega o excepcional e atemporal 7º álbum deles, o Red. Após o Starless and Bible Black, David Cross acabou deixando o grupo durante as sessões iniciais do disco. O contexto de criação desse projeto foi também o da iminente dissolução da banda. Fripp, cada vez mais introspectivo e imerso em leituras esotéricas, como as do filósofo russo Gurdjieff, começou a questionar o propósito da continuidade do King Crimson. Produzido por eles, o álbum tem uma abordagem deliberadamente enxuta: menos improvisações longas, mais foco em composições estruturadas e uma ênfase brutal na força instrumental. O som do disco é denso, mas cristalino, e toda essa junção de Rock progressivo com influências até no Heavy Metal e Hard Rock serviria para criações de gêneros futuros, como o industrial e o Math Rock. Já o repertório é sensacional, contendo 5 faixas inacreditáveis. No geral, é um álbum sensacional e um dos melhores de todos os tempos.
Melhores Faixas: Starless, Red, Fallen Angel
Vale a Pena Ouvir: One More Red Nightmare, Providence
Discipline – King Crimson
NOTA: 9,9/10
Melhores Faixas: Elephant Talk, Frame By Frame, Thela Hun Ginjeet
Vale a Pena Ouvir: Matte Kudasai, Indiscipline
Beat – King Crimson
NOTA: 8,6/10
No ano seguinte, foi lançado mais um álbum do que se tornou a trilogia das cores, Beat. Após Discipline, o King Crimson havia mostrado um som altamente estruturado, matemático e ao mesmo tempo fluido, que mesclava minimalismo, música africana e experimentação eletrônica. Agora o grupo buscava um segundo passo, um aprofundamento, uma expansão da linguagem recém-criada. Com esse trabalho surgindo em um período de turnês intensas e de um processo criativo que misturava espontaneidade e disciplina. Produzido por Rhett Davies, o disco segue o mesmo modelo cristalino e preciso do anterior, mas com uma leve diferença: aqui o som é mais quente, mais colorido e um pouco mais acessível. Há uma maior presença de melodias claras, refrões e até momentos de lirismo mais direto, sem que isso comprometa a complexidade estrutural. O repertório é muito bom e as canções são mais fluidas. Enfim, é um álbum bacana e preciso.
Melhores Faixas: Two Hands, Heartbeat
Vale a Pena Ouvir: Neal And Jack And Me, Requiem, Waiting Man
Three Of A Perfect Pair – King Crimson
NOTA: 8,5/10
Dois anos se passaram e o King Crimson encerrava essa fase lançando Three of a Perfect Pair. Após o Beat, a banda enfrentava um desgaste interno. As tensões eram tanto musicais quanto pessoais: Adrian Belew queria seguir uma direção mais Pop e direta, enquanto Robert Fripp buscava uma abstração mais cerebral e estruturada. Além disso, a gravadora Warner já estava pegando no pé deles, coisa que nos anos 70 a Atlantic e a Island não faziam. Com isso, esse disco é dividido, literalmente, entre o desejo de coerência e o impulso de fragmentação. Produzido pela banda, é um trabalho mais polido e limpo, com ênfase em timbres eletrônicos, guitarras cristalinas e o uso intensivo dos drum pads e percussões digitais de Bill Bruford. As texturas de guitarra de Fripp e Belew se entrelaçam como fios de teia, sendo o centro de tudo. O repertório é bem legal, tanto a 1ª parte, mais acessível, quanto a 2ª, que é mais a cara da banda. Em suma, é um ótimo álbum e fechou bem essa trilogia.
Melhores Faixas: Three Of A Perfect Pair, Sleepless
Vale a Pena Ouvir: Nuages (That Which Passes, Passes Like Clouds), Larks' Tongues In Aspic Part III
Por hoje é só, então flw!!!




