quarta-feira, 30 de abril de 2025

Analisando Discografias - Digital Underground: Parte 1

                 

Sex Packets – Digital Underground





















NOTA: 9,2/10


Em 1990, o Digital Underground lança seu álbum de estreia, o Sex Packets, que traz uma abordagem peculiar. Formado na cidade de Oakland, na Califórnia, o grupo era liderado pelo multifacetado e excêntrico Gregory "Shock G" Jacobs. Inspirado pelo estilo teatral e sonoramente eclético do George Clinton, Shock G visava romper com a crescente seriedade do Hardcore Hip-Hop da época e reintroduzir o humor, a liberdade criativa e a sensualidade do Funk na cultura do Rap. O grupo criou um álbum conceitual de ficção científica, em que o governo teria desenvolvido pílulas sexuais alucinógenas (G.S.R.A.) para soldados solitários. A produção, conduzida pelo próprio grupo, constrói uma sonoridade profundamente enraizada no P-Funk, com samples dos artistas de Funk dos anos 70 misturados a caixas de ritmo e sintetizadores analógicos. O repertório é bem legal, e as canções são divertidas e até mesmo envolventes. Em suma, é um baita disco de estreia e um clássico do Rap. 

Melhores Faixas: The Humpty Dance, Packet Man, Freaks Of The Industry 
Vale a Pena Ouvir: Sex Packets, Doowutchyalike, Rhymin' On The Funk

This Is An E.P. Release – Digital Underground




















NOTA: 8/10


No início do ano seguinte, em 1991, foi lançado This Is an E.P. Release, que trazia algumas faixas extras. Após o sucesso do Sex Packets, que consolidou o Digital Underground como um dos grupos mais criativos do Rap, havia grande expectativa sobre os próximos passos deles. Eles decidiram manter a formação que deu certo, com Shock G, Money B, Chopmaster J, Humpty Hump e DJ Fuze, e agora com a inclusão do jovem Tupac Shakur, que ainda era apenas um iniciante. A produção deste trabalho foi conduzida inteiramente por eles e ficou mais limpa e polida, com beats levemente mais lentos, focados no groove e na atmosfera. Os samples ficaram bem mais refinados, mantendo-se dentro da linhagem deles do P-Funk. O repertório é composto por 6 faixas, com duas do último álbum em versões remixadas e as novas, que são bem divertidas. Enfim, é um EP bem interessante e que vale a pena ouvir. 

Melhores Faixas: Same Song 
Vale a Pena Ouvir: Packet Man (Worth A Packet Remix), Nuttin' Nis Funky

Sons Of The P – Digital Underground




















NOTA: 8,5/10


No mesmo ano foi lançado o 2º álbum do grupo, o Sons of the P (parece capa de banda de Power Metal finlandesa). Após o This Is an E.P. Release, o Digital Underground consolidou-se como uma força criativa no Hip Hop, mesclando humor, teatralidade e uma profunda reverência ao P-Funk. Este trabalho surge como uma evolução natural, aprofundando a mitologia do grupo e expandindo seus horizontes musicais. A produção foi feita majoritariamente por Shock G, que utilizou camadas densas de sintetizadores, linhas de baixo pulsantes e arranjos vocais complexos, além de um uso extensivo de samples do Funkadelic. Um dos grandes diferenciais foi a colaboração com o lendário George Clinton, que contribuiu principalmente em uma das faixas. 2Pac também aparece em alguns momentos, ganhando mais espaço. O repertório é bem legal, com canções diversificadas, que vão de faixas profundas a composições mais extensas. Enfim, é um bom disco e bastante coeso. 

Melhores Faixas: No Nose Job, The Higher Heights Of Spirituality 
Vale a Pena Ouvir: Kiss You Back (essa em que o George Clinton participou em grande parte), The DFLO Shuttle, Flowin' On The D-Line

      Então é isso, um abraço e flw!!!          

Analisando Discografias - Serj Tankian

                 

Elect The Dead – Serj Tankian





















NOTA: 8,8/10


Indo para 2007, Serj Tankian lança seu 1º álbum solo, intitulado Elect the Dead. Após o lançamento do Mezmerize e Hypnotize, o System Of A Down decidiu dar uma pausa, e com isso Serj resolveu focar em uma carreira solo. Seguindo o contexto político da época, com as guerras no Oriente Médio, a presidência do George W. Bush e o colapso ético de diversas instituições servindo como pano de fundo, o álbum traz a crítica social mordaz do cantor, agora livre das limitações de uma banda e com controle total de sua arte. A produção foi conduzida pelo próprio Serj, realizada de forma caseira, com ele tocando a maioria dos instrumentos, apesar de contar com alguns colaboradores. O álbum equilibra o peso do Rock alternativo e do Avant-Garde Metal com elementos sinfônicos e progressivos. O repertório é muito bom, e as canções são bem melódicas e totalmente reflexivas. No geral, é um ótimo disco, que conseguiu equilibrar todas as suas influências. 

Melhores Faixas: Empty Walls, Saving Us, Beethoven's C***, Lie Lie Lie 
Vale a Pena Ouvir: Sky Is Over, Money, Elect The Dead

Imperfect Harmonies – Serj Tankian





















NOTA: 5/10


Três anos depois, Serj lançava seu 2º álbum de estúdio, o Imperfect Harmonies, que seguia por uma abordagem diferente. Após o Elect the Dead, enquanto ocorria a turnê sinfônica de seu antecessor, o cantor aprofundou-se ainda mais na música orquestral e começou a experimentar com elementos eletrônicos, jazzísticos e de world music. Decidiu que seu próximo trabalho teria uma natureza híbrida, afastando-se deliberadamente do Metal tradicional e abraçando a fusão entre orquestração clássica, eletrônica experimental e poesia lírica. Produzido novamente por ele mesmo, o álbum é totalmente sofisticado, incorporando elementos de música eletrônica, sintetizadores, beats programados e vocalizações múltiplas. Serj canta de forma performática e menos agressiva, mas tudo é muito arrastado, com arranjos pouco enérgicos. O repertório é bem irregular, com canções boas e outras fracas e tediosas. No fim, é um disco mediano e com muita inconsistência. 

Melhores Faixas: Disowned Inc., Gate 21, Yes, It's Genocide 
Piores Faixas: Wings Of Summer, Deserving?, Borders Are

Harakiri – Serj Tankian





















NOTA: 8/10


Dois anos depois, foi lançado seu último álbum de estúdio até então, intitulado Harakiri. Após o irregular Imperfect Harmonies, que mergulhava na fusão entre orquestrações clássicas e música eletrônica, Serj Tankian sentiu a necessidade de voltar a uma abordagem mais direta, com forte presença de guitarra, bateria e voz em primeiro plano. O título faz alusão ao suicídio ritual japonês (seppuku) e funciona como metáfora para a autodestruição da humanidade. A produção seguiu o mesmo padrão de sempre, mas com uma direção mais crua e agressiva, equilibrando arranjos vigorosos com camadas orquestrais e sintetizadores mais discretos. O foco aqui está na mensagem, no ritmo direto, na energia e na acessibilidade, tudo isso com uma sonoridade que retorna ao Rock alternativo e ao Avant-Garde Metal. O repertório é bem legal, com canções atmosféricas e, em sua maioria, melódicas. Enfim, é um disco interessante e cheio de mensagens. 

Melhores Faixas: Deafening Silence, Uneducated Democracy 
Vale a Pena Ouvir: Harakiri, Figure It Out, Weave On

terça-feira, 29 de abril de 2025

Analisando Discografias - Norah Jones: Parte 2

                 

Not Too Late – Norah Jones





















NOTA: 8,6/10


No início do ano de 2007, ela retornou lançando seu 3º trabalho, o Not Too Late, que foi bem mais introspectivo. Após o Feels Like Home, a Norah Jones decidiu que seu próximo trabalho teria um material inteiramente composto por ela, sem apresentar covers. Além disso, percebeu que precisava integrar mais elementos do Folk, já que era algo que ela ainda precisava treinar um pouco mais para dominar, assim como conseguiu com o Blues e o Country. A produção foi conduzida por Lee Alexander, que adotou uma abordagem extremamente caseira, refletida nos arranjos acústicos com presença marcante de piano, guitarra slide, violões dedilhados, percussões leves e instrumentos como violoncelo, banjo e harmônio. O foco principal está na narrativa emocional e na sensibilidade poética. O repertório é muito bom, com canções profundas e um toque mais melódico. Enfim, é um ótimo disco, apesar de não ter sido um grande sucesso. 

Melhores Faixas: Thinking About You, Until The End, Rosie's Lullaby 
Vale a Pena Ouvir: Broken, Wake Me Up, Not Too Late, Sinkin' Soon

The Fall – Norah Jones





















NOTA: 9/10


Dois anos depois, foi lançado mais um trabalho dela, intitulado The Fall, que tentou algo novo. Após o Not Too Late, Norah começou a levantar suspeitas de que seu trabalho poderia acabar chegando a um ponto considerado previsível. Porém, naquela época, seu relacionamento com Lee Alexander havia chegado ao fim, em 2007. Tudo isso serviu de influência, levando-a a trocar seu piano por guitarras elétricas, grooves mais marcados, arranjos com pegada Indie e Soul, e letras mais cruas e confessionais. A produção, feita por Jacquire King, adotou uma abordagem mais densa, com camadas de guitarra, ritmos secos, baixo pulsante e arranjos que ora flertam com o Soft Rock, ora com o Soul dos anos 70. O resultado reflete a paisagem emocional e estética de um álbum que fala sobre perda, alienação e autodescoberta. O repertório é ótimo, e as canções são mais imersivas, com uma forte inclinação melódica. No geral, é um belo disco e um dos mais maduros dela. 

Melhores Faixas: I Wouldn't Need You, Chasing Pirates, December, Back To Manhattan 
Vale a Pena Ouvir: Young Blood, Waiting

...Little Broken Hearts – Norah Jones





















NOTA: 9,6/10


Três anos depois, ela lança mais um trabalho, intitulado ...Little Broken Hearts. Após o The Fall, Norah Jones resolveu ir ainda mais fundo na exploração de novas sonoridades, abandonando por completo as raízes Jazzísticas e Folk que marcaram seu início. Com isso, ela seguiu por um caminho mais explosivo, sombrio, quase vingativo. Basicamente, mergulhou nas emoções mais corrosivas do fim de um relacionamento: ciúme, ódio, desespero, sarcasmo e desprezo, tudo filtrado por uma estética cinematográfica e experimental. A produção, conduzida por Danger Mouse, traz beats secos e analógicos, ambientes cavernosos, reverbs profundos, guitarras distorcidas, camadas de sintetizadores retrô e uma abordagem estética que combina psicodelia, Indie Pop, Rock alternativo e Soul desfigurado. O repertório é sensacional, e as canções são profundas e totalmente reflexivas. Em suma, é um baita disco e um dos melhores da cantora. 

Melhores Faixas: Good Morning, Take It Back, Say Goodbye, Happy Pills, Travelin' On 
Vale a Pena Ouvir: All A Dream, Out On The Road, Little Broken Hearts

Day Breaks – Norah Jones





















NOTA: 8,4/10


Em 2016, Norah Jones lançou seu 6º álbum, o Day Breaks, que, de certo modo, retomou sua fórmula antiga. Após o belíssimo ...Little Broken Hearts, ela decidiu voltar a se aprofundar em suas influências do Jazz, trazendo participações de músicos consagrados da cena, como Wayne Shorter (saxofone), Brian Blade (bateria) e Lonnie Smith (órgão Hammond B3). Essa escolha a conectou novamente com suas heranças do Jazz espiritual dos anos 70, do Soul sofisticado e do Folk contemplativo. A produção, feita por ela mesma em parceria com Eli Wolf, adotou uma abordagem orgânica e naturalista. O grande destaque é o piano da Norah, que volta a ser protagonista em praticamente todas as faixas, agora com mais sofisticação harmônica e liberdade rítmica. O repertório é muito bom, e as canções são todas imersivas, incluindo alguns covers bastante competentes. Enfim, é um disco muito legal e bastante envolvente. 

Melhores Faixas: Carry On, Tragedy, And Then There Was You 
Vale a Pena Ouvir: It's A Wonderful Time For Love, Day Breaks, Burn

Pick Me Up Off The Floor – Norah Jones





















NOTA: 8,2/10


Então, em 2020, Norah Jones lançava seu 7º álbum de estúdio, o Pick Me Up Off the Floor. Após o Day Breaks, ela inicialmente não tinha a intenção de fazer um novo álbum, mas sim de explorar sessões livres e colaborativas, como explicou em entrevistas na época. Porém, ao perceber a quantidade de material que havia produzido e considerando o contexto do isolamento social devido à pandemia da COVID-19, decidiu lançar esse trabalho, que é mais sentimental. A produção, conduzida por ela mesma com a ajuda do Jeff Tweedy, traz uma abordagem acústica e intimista, com influências que vão do Jazz ao Folk e à Soul music, em arranjos que muitas vezes misturam melancolia e elevação espiritual. Um dos principais destaques é certamente o piano e os vocais da cantora, que se conectam profundamente com as melodias. O repertório é muito bom, e as canções são belíssimas, com aquele toque de leveza. No fim, é um disco legal e que cumpre com sua imersão. 

Melhores Faixas: Hurts To Be Alone, To Live 
Vale a Pena Ouvir: This Life, Stumble On My Way, Flame Twin

Visions – Norah Jones





















NOTA: 7,7/10


Então chegamos ao último lançamento do Norah Jones até o momento, lançado no ano passado: Visions. Após o Pick Me Up Off the Floor, ela chegou a lançar, em 2021, um álbum natalino, mas que acabou passando despercebido. Em seguida, dedicou-se às turnês e começou a trabalhar em um projeto que refletisse ideias surgidas em momentos de transição entre o sono e a vigília, capturando uma sensação de espontaneidade e introspecção. A produção, feita por Leon Michels, foi realizada em sessões de gravação orgânicas, nas quais ambos exploraram ideias de forma livre e improvisada. A maioria das faixas foi gravada com Norah ao piano ou à guitarra e Leon na bateria, criando uma sonoridade crua e autêntica. O som transita entre o Blues, o Soul e toques sutis de Dream Pop. O repertório é interessante, com canções suaves e bem construídas, embora algumas se destaquem menos. No final de tudo, é um disco bom, apesar de suas pequenas falhas. 

Melhores Faixas: Paradise, Swept Up In The Night, I Just Wanna Dance, Alone With My Thoughts 
Piores Faixas: Visions, I'm Awake

                                                         Então é isso e flw!!!       

segunda-feira, 28 de abril de 2025

Analisando Discografias - Norah Jones: Parte 1

                 

Come Away With Me – Norah Jones





















NOTA: 10/10


Em 2002, Norah Jones lançava seu álbum de estreia intitulado Come Away With Me. A cantora é filha do sitarista Ravi Shankar e da concertista sueca Sue Jones. Esse relacionamento durou até 1986, então Norah foi morar com a mãe no Texas, onde começou a se interessar por música, chegando a se formar em Piano Jazz pela Universidade do Norte do Texas (UNT), e no ano de 1999 ela se mudou para Nova Iorque e, graças às suas apresentações, assinou com a lendária gravadora Blue Note. A produção foi feita por Arif Mardin, com alguns pitacos da cantora e de Jay Newland, adotando uma abordagem minimalista, mas altamente eficaz, permitindo que a voz da Norah se destaque, ao mesmo tempo em que a instrumentação complementa e enriquece o ambiente da música, que tem influências que vão desde o Jazz até o Blues, Folk e Pop. O repertório é maravilhoso, e as canções são extremamente leves e relaxantes. No fim, é um belo disco de estreia, praticamente um clássico. 

Melhores Faixas: Turn Me On, Come Away With Me, Don't Know Why, One Flight Down, Seven Years, The Nearness Of You 
Vale a Pena Ouvir: Feelin' The Same Way, I've Got To See You Again, Nightingale

Feels Like Home – Norah Jones





















NOTA: 9,3/10


Dois anos depois, foi lançado o seu segundo álbum, o Feels Like Home, que seguiu um lado mais intimista. Após o sensacional Come Away With Me, Norah Jones queria criar algo mais "livre" e menos produzido, para que seu estilo natural se refletisse de maneira mais genuína. A mudança para um som mais Country e Americana pode ter sido vista como um afastamento do Jazz tradicional, mas, ao mesmo tempo, ela encontrou um equilíbrio entre os gêneros, mantendo a suavidade e a profundidade emocional. A produção foi feita novamente por Arif Mardin, junto com a própria cantora, e tem uma sonoridade mais orgânica e expansiva, que inclui elementos do Blues e Country Pop. Além de manter uma atmosfera intimista que caracteriza o trabalho dela, só que agora com um pouco mais de imersão, principalmente em sua vocalização. O repertório é espetacular, e as canções são mais melódicas e leves. Em suma, é um disco muito legal e extremamente coeso. 

Melhores Faixas: Sunrise, Be Here To Love Me, The Long Way Home, What Am I To You?, Humble Me 
Vale a Pena Ouvir: Above Ground, Toes, The Prettiest Thing, Those Sweet Words

              Então um abraço e flw!!!               

Analisando Discografias - Billie Joe Armstrong

                 

Foreverly – Billie Joe + Norah





















NOTA: 8,7/10


Em 2012, foi lançado o álbum colaborativo do Billie Joe Armstrong com Norah Jones, intitulado Foreverly. Após o lançamento dos três álbuns do Green Day, que foram um fiasco, além de enfrentar problemas pessoais e buscar reconexão artística, ele encontrou no material do The Everly Brothers um refúgio emocional e criativo. Fazendo assim uma releitura do disco Songs Our Daddy Taught Us (1958), ele precisou de uma segunda voz, convidando Norah Jones, filha do lendário Ravi Shankar, cuja carreira solo sempre transitou entre o Jazz, o Blues e a música Folk americana. A produção, conduzida por Chris Dugan, adotou uma abordagem extremamente orgânica e deliberadamente simples, com a gravação sendo feita no formato analógico e de forma caseira, com as influências voltadas para o Country Pop e o Folk, lembrando um pouco Bruce Springsteen. O repertório é ótimo, sendo muito bem reinterpretado. Enfim, é um belo disco, apesar de ter passado despercebido. 

Melhores Faixas: Barbara Allen, Silver Haired Daddy Of Mine, Roving Gambler, Oh So Many Years 
Vale a Pena Ouvir: Kentucky, Long Time Gone, Down In The Willow Garden

No Fun Mondays – Billie Joe Armstrong





















NOTA: 6/10


Passou-se bastante tempo até que Billie Joe Armstrong decidiu lançar seu único álbum solo até o momento, intitulado No Fun Mondays. Após o lançamento do tenebroso Father of All... com o Green Day, e com a pandemia recém-instalada, Billie Joe decidiu arriscar e escapar da monotonia da quarentena, resultando em uma série de covers que ele passou a gravar e divulgar aos seus fãs, como parte de um projeto que acabaria dando nome ao disco. As faixas eram publicadas uma vez por semana nas redes sociais, sem qualquer pretensão de se tornar um álbum, mas com a repercussão, ele decidiu lançá-lo oficialmente. A produção foi conduzida por ele mesmo, de maneira bastante simples e até caseira, com um som que parece capturar a energia espontânea e puxado para aquele seu lado Punk, apesar de tudo ficar repetitivo e sem sal. O repertório é repleto de covers, alguns bons e outros medíocres. No fim, é um disco mediano que não atendeu às expectativas. 

Melhores Faixas: That's Rock 'n' Roll (Eric Carmen), Kids In America (Kate Bush), Manic Monday (Prince) 
Piores Faixas: Police On My Back (The Equals), Amico (Don Backy), Whole Wide World (Wreckless Eric)

Analisando Discografias - Kiko Loureiro: Parte 2

                 

Sounds Of Innocence – Kiko Loureiro





















NOTA: 4,3/10


Em 2012, o Kiko Loureiro lançava mais um álbum, intitulado Songs Of Innocence. Após o Fullblast, o guitarrista já era um artista plenamente desenvolvido, com uma estética híbrida que integrava elementos do Metal, da música brasileira, do Jazz Fusion e da música progressiva. Este álbum aparece como um retorno ao formato mais "guitar hero", mas sem abrir mão da riqueza rítmica e harmônica adquirida nos trabalhos anteriores. A produção foi conduzida, como sempre, por ele mesmo, que deixou tudo extremamente bem equilibrado: as guitarras têm muito peso, mas sem encobrir os detalhes rítmicos nem as linhas de baixo do Felipe Andreoli. A bateria do Virgil Donati apresenta um encadeamento mais claro, puxado para o lado dos grooves. Apesar disso, acontecem muitos erros em seu cadenciamento, deixando os arranjos muito entediantes. O repertório é fraco, alternando faixas interessantes e outras sem graça. Enfim, é um disco fraco e muito limitado. 

Melhores Faixas: Reflective, The Hymn 
Piores Faixas: Gray Stone Gateway, Ray Of Life, El Guajiro, A Perfect Rhyme

Open Source – Kiko Loureiro





















NOTA: 8,3/10


Oito anos se passaram, ele retorna lançando mais um trabalho, o Open Source. Após o Sounds Of Innocence, nesse intervalo de tempo, Kiko acabou saindo do Angra e ingressando no Megadeth, onde teve ótima aceitação. Após vivenciar várias experiências em turnês e viajando pelo mundo, conhecendo outros músicos experientes, ele decidiu que este projeto seria mais técnico e exploraria novas ideias. Como sempre, a produção foi conduzida por ele mesmo, trazendo uma abordagem cristalina e dinâmica. As guitarras têm uma presença impecável, com timbres que variam de sons pesados e saturados até limpos e cristalinos. A bateria foi tratada para soar natural, com uma pegada moderna, e o baixo (tocado em boa parte pelo próprio Kiko) é encorpado e técnico. O repertório é muito bom, com canções energéticas que seguem uma linha mais melódica e cadenciada. No fim, é um ótimo disco, mais consistente que o anterior. 

Melhores Faixas: Imminent Threat (participação do Marty Friedman), Vital Signs 
Vale a Pena Ouvir: Sertão, Running With The Bulls, E D M (E-Dependent Mind), Black Ice

Theory Of Mind – Kiko Loureiro





















NOTA: 8,8/10


Em 2024, foi lançado o último álbum de Kiko Loureiro até o momento, intitulado Theory Of Mind. Após o Open Source, ele permaneceu focado no Megadeth, mas, após o lançamento do The Sick, the Dying... and the Dead!, Kiko decidiu sair da banda, motivado principalmente pelo desejo de dedicar mais tempo à família e a projetos próprios, após anos intensos de turnês mundiais. Ele então decidiu criar um projeto mais cinematográfico, que refletisse um lado mais emocional. A produção foi conduzida por ele mesmo, resultando em uma sonoridade extremamente polida e com fortes influências do Metal progressivo. A sonoridade das guitarras é orgânica, alternando entre timbres saturados modernos e sons limpos, cristalinos, além do uso de efeitos como delays e reverbs para criar atmosferas. O repertório é muito bom, e as canções são todas bastante diversificadas. Enfim, é um baita disco e um dos melhores de sua carreira. 

Melhores Faixas: Talking Dreams, Lost in Seconds, Finitude 
Vale a Pena Ouvir: The Barefoot Queen, Mind Rise, Raveled

domingo, 27 de abril de 2025

Analisando Discografias - Kiko Loureiro: Parte 1

                 

No Gravity – Kiko Loureiro





















NOTA: 8,4/10


No ano de 2005, Kiko Loureiro lançava seu álbum de estreia intitulado No Gravity. O guitarrista do Angra sentiu a necessidade de expressar musicalmente ideias que iam além do Metal tradicional, decidindo fazer uma obra completamente instrumental, onde poderia explorar sua musicalidade sem amarras de estilos ou estruturas de banda. A produção foi conduzida por Dennis Ward, que priorizou um som limpo e cristalino, destacando as diferentes camadas dos arranjos. O timbre de guitarra é moderno, equilibrado entre peso e definição, sem excessos de efeitos. Lembrando que Kiko executa todas as guitarras, violões, baixos e até algumas programações de teclado, sendo apenas a bateria conduzida pelo experiente Mike Terrana. O repertório é muito bom, com faixas instrumentais bem diversas, indo desde um lado mais energético até momentos mais cadenciados. Em suma, é um ótimo disco de estreia, com uma bela abordagem. 

Melhores Faixas: No Gravity, Moment Of Truth 
Vale a Pena Ouvir: La Force De L'Âme, Beautiful Language, Dilemma, Endangered Species

Universo Inverso – Kiko Loureiro





















NOTA: 8,9/10


Dois anos depois, Kiko Loureiro lançou seu 2º disco, o Universo Inverso, no qual testou uma abordagem diferente. Após o No Gravity, ele sentiu que era hora de explorar ainda mais suas raízes musicais e interesses fora do Heavy Metal tradicional, mostrando sua profunda vontade de mergulhar na música latino-americana e na música brasileira contemporânea, afastando-se ainda mais do Metal. Ele fez uma fusão genuína, incorporando gêneros como Samba, Baião, Bossa Nova, Latin Jazz e Jazz Fusion, mas ainda mantendo o espírito virtuoso e livre que marcou seu trabalho anterior. A produção foi conduzida por ele mesmo, com uma sonoridade totalmente cristalina, timbres mais limpos, os violões ganhando bastante destaque e a guitarra elétrica sendo usada com moderação e sensibilidade, longe da agressividade do Metal e indo para um lado mais imersivo. O repertório é bem legal, com canções mais envolventes e atmosféricas. Enfim, é um baita disco e muito ousado. 

Melhores Faixas: Havana, Recuerdos, Camino A Casa 
Vale a Pena Ouvir: Realidade Paralela, Feijão De Corda, Arcos Da Lapa

Fullblast – Kiko Loureiro





















NOTA: 8/10


Então se passaram três anos até ele lançar seu 3º trabalho, o Fullblast, no qual voltou para uma abordagem mais pesada. Após o Universo Inverso, vendo os bons frutos que colheu nos trabalhos anteriores, Kiko Loureiro sentiu vontade de unir essas duas vertentes em um álbum que fosse ainda mais dinâmico, técnico e variado, trazendo de volta mais distorção, mais shred, mais velocidade, mas também carregando influências do Jazz Fusion, da música brasileira e da música latina. A produção foi conduzida novamente por ele mesmo, que colocou uma sonoridade polida, com a guitarra em primeiro plano, mas sem sufocar os outros instrumentos. O baixo do Felipe Andreoli cumpre papel melódico e rítmico, enquanto a bateria do Mike Terrana soa natural, com bom punch nos bumbos e caixas. O repertório é bem legalzinho, com canções mais dinâmicas e energéticas. No final, é um ótimo disco, porém muito subestimado. 

Melhores Faixas: Whispering, Excuse Me 
Vale a Pena Ouvir: Desperado, Pura Vida (seria uma música perfeita pro Tim Maia), Se Entrega, Corisco!

        Então é isso, um abraço e flw!!!           

Review: Eu Odeio o Dia Dos Namorados do Orochi

                     Eu Odeio o Dia Dos Namorados – Orochi NOTA: 3,8/10 E novamente o Orochi retorna lançando mais um trabalho novo, o Eu Od...