quarta-feira, 14 de maio de 2025

Analisando Discografias - Ringo Starr: Parte 3

                   

Choose Love – Ringo Starr





















NOTA: 8,5/10


Se passaram dois anos até Ringo Starr lançar mais um disco novo, o Choose Love. Após o Ringo Rama, ele decidiu seguir o mesmo modelo que estava funcionando: fazer um Rock clássico com mensagens positivas, com acenos ao passado dos Beatles, mas com uma pegada atualizada e indo para um lado bem mais modernizado. A produção foi feita, como sempre, por Mark Hudson junto com Ringo, mantendo aquela estética próxima da sonoridade dos Beatles. A produção é propositalmente "orgânica", com destaque para guitarras limpas, baterias vibrantes e o uso de instrumentos clássicos como mellotron e cítara, indo do Country e Folk ao Pop Rock tradicional. O álbum também traz alguns convidados, como Billy Preston, que faria aqui sua última gravação antes de falecer no ano seguinte. Já o repertório é bem legal, com canções energéticas e outras mais cadenciadas. No fim, é um ótimo disco, que tem seu devido valor. 

Melhores Faixas: Choose Love, Oh My Lord 
Vale a Pena Ouvir: Satisfied, Free Drinks, Fading In Fading Out

Liverpool 8 – Ringo Starr





















NOTA: 8,2/10


Mais um tempo se passa, e mais um disco é lançado: Liverpool 8, que foi muito problemático. Após o Choose Love, Ringo Starr entrou em uma fase de transição criativa. Apesar da boa aceitação de seus trabalhos anteriores com Mark Hudson e os Roundheads, desentendimentos criativos e pessoais levaram ao fim dessa parceria pouco antes da finalização deste trabalho. O título Liverpool 8 é uma referência direta ao bairro onde Ringo cresceu, Dingle, cujo código postal era "L8". A produção foi conduzida inicialmente por Mark Hudson, mas foi finalizada por Dave Stewart. Eles seguiram por um lado mais melódico e instrumental em relação à fase anterior, mas com a adição de elementos eletrônicos, programações e uma abordagem mais polida. Os vocais do Ringo são tratados com mais cuidado, e os arranjos são densos e mais variados. O repertório é bem interessante, com canções belíssimas e outras mais divertidas. Em suma, é um disco legal, apesar de ter sido conturbado. 

Melhores Faixas: Give It A Try, If It's Love That You Want 
Vale a Pena Ouvir: Harry's Song, Think About You, Tuff Love, Love Is

Y Not – Ringo Starr





















NOTA: 8/10


Indo para 2010, o Ringo Starr lançava seu 16º album de estúdio, o Y Not, que tentou trazer coisas novas. Após o Liverpool 8, depois do fim do de sua parceria com Mark Hudson, Ringo decidiu colocar-se no centro do estúdio, mesmo com suas limitações técnicas, optando por uma abordagem mais direta e intuitiva. Com isso a produção foi feita em sua maioria por ele mesmo só contando com ajuda do Bruce Sugar, a sonoridade no geral é orgânica, simples, e baseada em performances ao vivo no estúdio. Há uma variedade de estilos indo desde Rock clássico ao Soul e até tendo umas pitadas de Reggae, mas assim a grande coesão vem do carisma e da entrega vocal do Ringo, fora que ele também tocou bateria e até piano. O repertório é muito bom, e as canções são bem mais imersas e com um toque mais cadenciado e poderoso. No geral, é um disco bacana e que é bem descontraído. 

Melhores Faixas: The Other Side Of Liverpool, Walk With You (participação do Paul McCartney) 
Vale a Pena Ouvir: Mystery Of The Night, Who's Your Daddy, Peace Dream, Time

Ringo 2012 – Ringo Starr





















NOTA: 8,4/10


Se passou mais um intervalo de dois anos, e foi lançado Ringo 2012 (parecendo título de álbum de cantor Brega). Após o Y Not, Ringo Starr decidiu novamente gravar com equipes pequenas, com produção majoritariamente caseira, em seu estúdio em Los Angeles, com forte ênfase na autobiografia, simplicidade e mensagens de paz e amor. Aqui, ele continua essa jornada com ainda mais despojamento, mantendo sua estética "faça você mesmo", sem grandes ambições comerciais. A produção foi praticamente a mesma, sendo um processo rápido, com arranjos enxutos, poucos músicos e um clima íntimo, quase como se fosse um diário musical. É um projeto minimalista, fazendo um Rock simples e direto, e tudo ficou bastante consistente. O repertório é bem legal, e as canções são energéticas e envolventes. Enfim, é um ótimo disco, que encerrou essa, entre aspas, trilogia. 

Melhores Faixas: Rock Island Line, Wonderful 
Vale a Pena Ouvir: In Liverpool, Samba, Anthem

Postcards From Paradise – Ringo (Starr)





















NOTA: 7,2/10


Três anos se passaram, e Ringo Starr lançou mais um trabalho: Postcards From Paradise. Após o Ringo 2012, Ringo estava prestes a ser induzido ao Rock and Roll Hall of Fame como artista solo, sendo o último Beatle a receber essa honra individualmente (em abril de 2015, por Paul McCartney). Isso influenciou diretamente o tom do álbum: nostálgico, celebrativo, porém contemporâneo. A produção, conduzida por ele mesmo, foi feita em seu estúdio caseiro e trouxe uma abordagem abrangente, com uma variedade de estilos, indo do Rock clássico ao Reggae, passando por Folk e Country. Tudo soa coeso, mas oferece mais dinamismo rítmico e de timbres, mesmo mantendo a simplicidade estrutural e lírica, além de dar o devido espaço aos artistas convidados. O repertório é bem legal, e as canções são energéticas e envolventes, embora haja algumas mais fracas. No fim, é um disco bom e muito aceitável. 

Melhores Faixas: Right Side Of The Road, Bridges, Touch And Go, Let Love Lead 
Piores Faixas: Confirmation, Bamboula

Give More Love – Ringo (Starr)





















NOTA: 7/10


Indo para 2017, foi lançado mais um trabalho de Ringo Starr: Give More Love, que não trouxe tantas mudanças. Após o Postcards From Paradise, Ringo vivia um momento particularmente simbólico de sua carreira. Aos 77 anos, seria condecorado com o título de cavaleiro do Império Britânico (em 2018) e vinha de uma sequência constante de álbuns a cada três anos, mantendo sua produção em ritmo surpreendente para um artista de sua idade. Com isso, ele decidiu fazer um trabalho que seguisse os moldes de seu antecessor. A produção, como sempre, foi feita pelo próprio Ringo Starr e seguiu aquele direcionamento de Rock clássico e suave, com alguns momentos de Country e R&B. A sonoridade é limpa e direta, com arranjos clássicos e instrumentação orgânica, mantendo sua filosofia de evitar artifícios tecnológicos exagerados. O repertório, novamente, é muito bom, e as canções seguem aquele estilo envolvente, embora haja algumas faixas mais fracas. Em suma, é um álbum legal e mais pacífico. 

Melhores Faixas: So Wrong For So Long, Standing Still, Laughable, King Of The Kingdom
Piores Faixas: Speed Of Sound, Shake It Up

What’s My Name – Ringo Starr





















NOTA: 9/10


Mais dois anos se passaram, e Ringo Starr lançou seu 20º álbum, o What’s My Name. Após o Give More Love, o disco foi anunciado em meio a declarações do próprio baterista de que este poderia ser seu último álbum completo de estúdio, já que ele preferiria, a partir de então, lançar EPs (algo que de fato aconteceu por um tempo, mas que recentemente acabou sendo quebrado). Ele decidiu que esse trabalho fosse mais pessoal e, ao mesmo tempo, leve em relação aos temas. A produção, como sempre, foi conduzida por ele mesmo. O método de gravação foi informal e colaborativo; os músicos gravavam por sessões, e a estrutura do álbum se desenvolveu em torno da espontaneidade, algo ousado, com uma vibe retrô. Isso resultou em um som limpo, direto e analógico, com muito uso de guitarra, órgão e harmonias vocais clássicas. O repertório é ótimo, e as canções são mais energéticas, com poucas sendo mais sentimentais. No fim, é um disco excepcional e muito bem planejado. 

Melhores Faixas: Grow Old With Me, Life Is Good, What's My Name, Better Days 
Vale a Pena Ouvir: Gotta Get Up To Get Down, Thank God For Music

Look Up – Ringo Starr




















NOTA: 8,5/10


Então chegamos ao último álbum lançado até o momento por Ringo, que foi em janeiro deste ano, o Look Up. Após o What’s My Name, Ringo Starr vinha lançando alguns EPs desde a época da pandemia até 2024, até que decidiu reviver toda aquela abordagem do Country após mais de 50 anos, desde Beaucoups of Blues. Um dos motivos foi sua paixão de longa data pelo estilo caipira. A produção foi feita pelo renomado T Bone Burnett, com co-produção do Daniel Tashian e Bruce Sugar. O álbum apresenta uma sonoridade Country contemporânea, mesclando elementos tradicionais com arranjos modernos. A instrumentação inclui violões acústicos, guitarras elétricas, pedal steel, mandolins, violinos e harmonias vocais ricas, tudo muito bem aplicado numa temática que ainda soa rockeira em determinados momentos. O repertório é ótimo, e as canções são suaves e com um forte lado melódico. Enfim, é um disco bacana e que vale a pena conhecer. 

Melhores Faixas: Never Let Me Go, Can You Hear Me Call, Thankful 
Vale a Pena Ouvir: Look Up, Rosetta, Time On My Hands
 

                                             Então é isso, um abraço e flw!!!    

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