sexta-feira, 16 de maio de 2025

Analisando Discografias - Robert Plant: Parte 2

                  

Manic Nirvana – Robert Plant





















NOTA: 8,2/10


Já nos anos 90, ele volta lançando mais um trabalho novo intitulado Manic Nirvana. Após o Now and Zen, Robert Plant estava se sentindo mais seguro, maduro, e assume com mais naturalidade sua condição de veterano do rock, tentando dialogar com o presente sem negar o passado. O álbum foi lançado em um momento em que o hard rock ainda dominava as rádios (antes da chegada do Grunge), sendo uma resposta energética e sensual ao mundo musical de então. A produção foi praticamente a mesma: bastante polida, mas com uma agressividade controlada. As guitarras têm destaque, com timbres saturados e solos presentes, enquanto os teclados acrescentam texturas que garantem um clima atmosférico e contemporâneo. A bateria soa pesada e marcada, típica da estética do Rock de arena, e os vocais de Plant são bem dinâmicos. O repertório é bem interessante, com canções orgânicas e mais cadenciadas. No geral, é um disco bom, e seu conceito funciona bem. 

Melhores Faixas: Hurting Kind (I've Got My Eyes On You), Your Ma Said You Cried In Your Sleep Last Night 
Vale a Pena Ouvir: Liars Dance, Nirvana, She Said, Tie Dye On The Highway

Dreamland – Robert Plant





















NOTA: 3,3/10


Em 2002, Robert Plant lançava mais um trabalho, intitulado Dreamland, e aqui ele seguiu um outro caminho. Após o Manic Nirvana e o esquecível Fate of Nations, de 1993, ele passou a explorar mais profundamente suas paixões musicais originais, como o Folk psicodélico, o Blues raiz e o Rock dos anos 60. Formou uma nova banda com Justin Adams (guitarras e texturas orientais), Clive Deamer (bateria, conhecido por seu trabalho com o Portishead) e John Baggott (teclados, ex-Massive Attack). A produção foi feita pelo próprio Robert Plant junto com Phil Brown, valorizando o espaço, a ambiência e a dinâmica. As gravações são dominadas por arranjos etéreos, uso de instrumentos orientais (oud, bendir), loopings atmosféricos, guitarras tratadas com reverb e delay e percussões tribais, só que tudo é muito sem graça e arrastado. Refletindo em um repertório muito fraco, com pouquíssimas faixas interessantes. Enfim, é um disco chato e bastante tedioso. 

Melhores Faixas: Funny In My Mind (I Believe I'm Fixin' To Die), Morning Dew, Hey Joe 
Piores Faixas: Skip’s Song, Dirt In A Hole, Darkness, Darkness, Song To The Siren

Mighty Rearranger – Robert Plant





















NOTA: 5/10


Três anos se passaram, e Robert Plant lançou mais um disco: Mighty Rearranger. Após o Dreamland, percebeu a conexão que tinha com a banda Strange Sensation. Com essa formação, ele não apenas reinterpretou canções antigas em estilo etéreo e world music, como também reconectou-se com sua veia mais crítica, política e espiritualizada, agora sob a ótica de um artista maduro. A produção foi feita por toda a banda, que optou por uma estética crua e natural. Os instrumentos soam vivos e secos, sem excessos. Há um uso consistente de loops percussivos, samples ambientais, instrumentação do Oriente Médio e do Norte da África, além de dinâmicas orgânicas que ajudam a dar fluidez ao álbum. Só que eles tentaram fazer um virtuosismo pique Emerson, Lake & Palmer da vida, mas tudo ficou exagerado e com falta de coesão. O repertório é bem mediano, com canções chatas e outras boas. Enfim, é um disco irregular, que carece de um acabamento mais refinado. 

Melhores Faixas: Dancing In Heaven, Shine It All Around, Somebody Knocking, The Enchanter 
Piores Faixas: Mighty Rearranger, Brother Ray, Freedom Fries, Tin Pan Valley

Band Of Joy – Robert Plant





















NOTA: 2,9/10


Indo para 2010, ele voltou a lançar mais um trabalho solo, intitulado Band of Joy, que tinha muita história por trás. Após o chatíssimo Mighty Rearranger, a moral de Robert Plant foi restabelecida com o sucesso do álbum colaborativo com Alison Krauss. Então, ele decidiu se reconectar ao seu passado de maneira dupla: ao espírito Folk-experimental que vinha cultivando e ao nome da banda pré-Led Zeppelin que liderou nos anos 60, onde chegou a tocar com John Bonham. A produção, feita por ele junto com Bud Miller, foi totalmente orgânica, esparsa e atmosférica, apostando em texturas sombrias, quase oníricas, com um senso de espaço. Tudo isso ocorre dentro do contexto da Country music e da Americana, mas o resultado é muito inconsistente, chegando a parecer algo feito por alguém em estado de delírio. O repertório é terrível, com canções ridículas, e poucas se salvam. No fim, é um disco péssimo e que não honrou em nada sua proposta. 

Melhores Faixas: Central Two-O-Nine, House Of Cards You Can't Buy My Love 
Piores Faixas: Angel Dance, Even This Shall Pass Away, Monkey, Satan Your Kingdom Must Come Down

Lullaby And... The Ceaseless Roar – Robert Plant





















NOTA: 8/10


Se passaram quatro anos e, naquele ano de Copa do Mundo no Brasil, Robert Plant lançou mais um trabalho, o Lullaby and... The Ceaseless Roar. Após o Band of Joy, ele decidiu dar continuidade à ideia de fusão entre Blues, Rock psicodélico, música africana e Folk, voltando a fazer canções originais depois de quase uma década. É uma obra que soa mais contemplativa, introspectiva e emocional, marcada por um luto sutil. A produção foi conduzida inteiramente por ele mesmo, seguindo por um caminho mais sofisticado, com loops digitais, instrumentos étnicos (rabab afegão, bendir, sintetizadores analógicos), guitarras atmosféricas, percussões tribais e vocais sobrepostos. O som é, ao mesmo tempo, orgânico e eletrônico, tribal e etéreo, passado e futuro. O repertório é muito bom, e as canções são atmosféricas, com um lado mais carregado melodicamente. No final de tudo, é um disco legal e mais imersivo. 

Melhores Faixas: Rainbow, House Of Love 
Vale a Pena Ouvir: Turn It Up, A Stolen Kiss, Poor Howard

Carry Fire – Robert Plant





















NOTA: 8,6/10


E aí chegamos ao último lançamento solo até o momento de Robert Plant, lançado em 2017, o Carry Fire. Após o Lullaby and... The Ceaseless Roar, Plant quis continuar com uma abordagem multicultural e espiritual, mas com uma ênfase ainda maior em mood, atmosfera e introspecção madura. Marca um novo estágio em sua jornada artística: ele está mais filosófico, politicamente reflexivo e emocionalmente contido. A produção foi feita, como sempre, pelo próprio cantor, que optou por um caminho deliberadamente cinemático e atmosférico, com forte uso de texturas orientais (oud, percussão árabe), drones harmônicos, loops discretos e ambiências digitais envolventes. A sonoridade segue pelo Folk Rock e pela música Americana, com pouco daquele lado clássico dos tempos de Led Zeppelin. O repertório é muito bom, com canções mais cadenciadas e uma vibe hipnotizante. Em suma, é um disco bom e que mostra sua versatilidade. 

Melhores Faixas: New World..., Bluebirds Over The Mountain 
Vale a Pena Ouvir: Keep It Hid, Carry Fire, A Way With Words

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