domingo, 31 de agosto de 2025

Analisando Discografias - The Cure: Parte 1

                 

Three Imaginary Boys – The Cure





















NOTA: 9,4/10


Em 1979, o The Cure lançava seu album de estreia, o Three Imaginary Boys (capa icônica). Formada em 1976 na cidade de Crawley (West Sussex), com Robert Smith (guitarra/vocal), Michael Dempsey (baixo) e Lol Tolhurst (bateria), sob o nome Easy Cure. Inicialmente mais influenciados pelo Punk, rapidamente se conectaram ao emergente Post-Punk. Após vencerem uma audição para a gravadora Fiction (subsidiária da Polydor), ganharam a chance de gravar o primeiro LP. Produção feita pelo Chris Parry, que acreditava no potencial do trio. No entanto, Robert Smith mais tarde se mostrou insatisfeito com a forma como Parry interferiu. Ainda assim, a produção ajudou a definir o caráter cru e direto do trabalho: guitarras cortantes, baixo seco em destaque e bateria minimalista. Com um repertório incrível, e com canções bem minimalistas e algumas envolventes. No fim, é um belo disco de estreia e que mostrava uma banda com potencial absurdo. 

Melhores Faixas: Grinding Halt, Fire In Cairo, 10:15 Saturday Night, Three Imaginary Boys, Another Day, So What? 
Vale a Pena Ouvir: Object, Foxy Lady, It's Not You

Seventeen Seconds – The Cure





















NOTA: 9,9/10


Aí entra a década de 1980 (e começava a era de ouro do The Cure), com seu segundo álbum, o Seventeen Seconds. Após o Three Imaginary Boys, a banda chamou atenção na cena Post-Punk britânica, mas Robert Smith sentia que a direção musical não estava coerente com sua verdadeira visão. Ao mesmo tempo, Smith começou a se aproximar da atmosfera sombria e minimalista que definiria o gótico, além disso, houve mudanças na formação, com a entrada de Simon Gallup no lugar de Michael Dempsey, acompanhado pelo tecladista Matthieu Hartley. A produção conduzida por Robert Smith junto com Mike Hedges, o som aqui é construído a partir do minimalismo, apostando em reverberações, espaços vazios e climas cinzentos, criando a estética que se tornaria marca do Gothic Rock. O repertório é maravilhoso e as canções ficaram mais sombrias, com aquela energia característica. No final, é um baita disco, que mostrou que eles evoluíram bastante. 

Melhores Faixas: A Forest, Play For Today, Secrets, Seventeen Seconds, M 
Vale a Pena Ouvir: In Your House, At Night

Faith – The Cure





















NOTA: 9,7/10


No ano seguinte, foi lançado mais um disco do The Cure, o Faith, que foi ainda mais sombrio. Após o Seventeen Seconds, o sucesso de A Forest deu projeção internacional, mas Robert Smith sentia que aquele álbum era apenas o início de uma busca por uma sonoridade mais profunda. A turnê foi extremamente desgastante emocionalmente para ele, e tudo isso serviu como tom para o próximo disco. Além disso, o tecladista Matthieu Hartley havia sido demitido, e com isso o som retornaria ao minimalismo. A produção, feita pela banda junto com Mike Hedges, resultou em uma gravação menos rápida que a anterior, com mais experimentações e um som mais cinzento e opressivo. O baixo do Simon é quase hipnótico; a bateria de Tolhurst é seca e fúnebre; as guitarras de Smith alternam entre dedilhados melancólicos e camadas atmosféricas; e os teclados são usados de forma discreta. O repertório é incrível e as canções são bem dinâmicas. Enfim, é mais um belo disco e outro clássico deles. 

Melhores Faixas: The Funeral Party, Primary, The Holy Hour, Doubt 
Vale a Pena Ouvir: Faith, All Cats Are Grey

Pornography – The Cure





















NOTA: 10/10


Entrando no ano de 1982, foi lançado o excepcional e atemporal Pornography, o 4º álbum do The Cure. Após o Faith, Robert Smith se via em um estado psicológico cada vez mais instável. O desgaste das turnês, o abuso de drogas e álcool e a obsessão por mergulhar em temas existenciais fizeram com que o clima interno da banda fosse extremamente pesado. A relação entre Smith e Simon Gallup entrou em colapso durante o processo, marcada por brigas intensas, inclusive físicas. Então, nosso querido Robertinho pensou se deveria continuar nessa sonoridade. A produção, feita por Phil Thornalley junto com a banda, resulta em um som deliberadamente claustrofóbico, denso e opressivo, sendo uma espécie de muro sonoro saturado de ecos, guitarras distorcidas e camadas de sintetizadores sombrios, todas aquelas características do Post-Punk e do Gótico. O repertório é maravilhoso, soando quase como uma coletânea. No fim, é um disco sensacional e certamente uma obra-prima. 

Melhores Faixas: One Hundred Years, The Hanging Garden, A Strange Day, Siamese Twins Vale a Pena Ouvir: The Figurehead, Cold

Japanese Whispers – The Cure





















NOTA: 7/10


Aí entra mais um ano, e foi lançada uma coletânea (com raridades e inéditas) intitulada Japanese Whispers. Após Pornography, a relação com Simon Gallup implodiu e ele deixou o grupo após uma briga na turnê. Isso deixou Smith praticamente sozinho como força criativa, com Lol Tolhurst ainda presente, mas em um papel cada vez mais secundário. Sem direção clara e sentindo que a banda não poderia continuar na mesma trilha suicida, ele decidiu seguir para um lado mais leve. A produção foi diversificada, contando com Chris Parry, Phil Thornalley e outros em diferentes momentos, mas em todos houve uso de sintetizadores, caixas de ritmo e programações eletrônicas, refletindo tanto as tendências da época (New Wave, Synth-pop) quanto a necessidade de Smith reinventar o grupo, apesar de momentos bem simplistas. O repertório é bom, com canções bacanas e outras mais descartáveis. Em suma, é um trabalho legal, apesar de suas falhas e que serviria de base pro próximo album. 

Melhores Faixas: Let's Go To Bed, The Love Cats, The Dream 
Piores Faixas: Just One Kiss, Speak My Language

The Top – The Cure





















NOTA: 8/10


Entrando em 1984, o The Cure retorna lançando outro álbum, o The Top, que seguiu para um caminho mais acessível. Após o Japanese Whispers, a banda vivia um período de reinvenção criativa. Robert Smith havia reconstruído o grupo praticamente sozinho, explorando novos sons mais leves e Pop, mas ainda carregando ecos da escuridão gótica de antes. Além disso, Lol Tolhurst passou a assumir os teclados e, com isso, entrou o baterista Andy Anderson. A produção, conduzida por David M. Allen, Chris Parry e pelo próprio Robert Smith, apresenta instrumentação diversificada: guitarras elétricas e acústicas, sintetizadores, bateria programada, percussão tribal e até elementos de música eletrônica e psicodélica. Há muita sobreposição de texturas, efeitos e camadas de produção que reforçam a sensação de caos controlado. O repertório é bem interessante, com canções melódicas e mais envolventes. No geral, é um disco bacana, mas muito subestimado. 

Melhores Faixas: The Caterpillar, Piggy In The Mirror 
Vale a Pena Ouvir: Bananafishbones, Dressing Up, Shake Dog Shake


                Bom é isso e flw!!!   

Review: The Cosmos Rocks do Queen + Paul Rodgers

                  

The Cosmos Rocks – Queen + Paul Rodgers





















NOTA: 5/10


Em 2008, foi lançado o álbum do Queen com Paul Rodgers, o The Cosmos Rocks. Após o Made in Heaven, Brian May e Roger Taylor continuaram em carreiras solo, enquanto John Deacon aposentou-se discretamente da música. Até que, em 2004, surgiu uma inesperada parceria: Brian May e Roger Taylor uniram forças a Paul Rodgers, lendário vocalista do Free e do Bad Company, para uma turnê que celebrou tanto os clássicos do Queen quanto a carreira de Rodgers. A produção, feita pelo trio, trouxe uma sonoridade distinta; ao invés das camadas orquestrais e grandiloquentes que marcaram a fase clássica da banda, aqui há uma pegada mais Hard Rock e Blues Rock, refletindo fortemente a influência de Rodgers, já que ele não estava aí para substituir Freddie Mercury. O repertório é mediano, com canções boas e outras bem fraquinhas. No final, é um trabalho irregular, malvisto principalmente devido a shows que não eram lá grande coisa. 

Melhores Faixas: Cosmos Rockin’, C-lebrity, Small, Through The Night 
Piores Faixas: Surf's Up...School's Out !, Still Burnin', Voodoo, Call Me
  

Review: Álbum Autointitulado do Kossoff / Kirke / Tetsu / Rabbit

                  

Kossoff / Kirke / Tetsu / Rabbit – Kossoff / Kirke / Tetsu / Rabbit





















NOTA: 8/10


Voltando para o ano de 1972, os integrantes do Free decidiram lançar um álbum colaborativo de forma inesperada. Após o lançamento do Highway, a banda acabou se desfazendo, enquanto o baterista Simon Kirke permaneceu próximo do Paul Kossoff. Nesse período, surge a ideia de formar uma nova banda que mantivesse a chama do Free, mas sem Paul Rodgers e Andy Fraser. Para isso, convidaram o baixista japonês Tetsu Yamauchi e o tecladista John “Rabbit” Bundrick, texano, que havia tocado com Johnny Nash e mais tarde ficaria célebre como músico de apoio do The Who. A produção, feita pelo quarteto, é refinada e destaca a riqueza instrumental: as guitarras de Kossoff apresentam texturas mais contidas e líricas, o groove elegante de Tetsu no baixo, a bateria sólida de Kirke e os teclados de Rabbit como elemento central, trazendo elementos de Soul em um Blues Rock. O repertório ficou bem legal, e as canções são bem melódicas. Enfim, é um ótimo disco e bem relaxante. 

Melhores Faixas: Yellow House, Dying Fire 
Vale a Pena Ouvir: Sammy's Alright, Hold On, I'm On The Run
  

Analisando Discografias - Paul Rodgers: Parte 2

                  

Electric – Paul Rodgers





















NOTA: 4/10


Dois anos depois, foi lançado o 4º álbum de Paul Rodgers, intitulado Electric, que foi mais direto. Após o Now, ele quis fazer um trabalho com uma postura mais confiante, indo por uma roupagem moderna, ainda que fiel ao seu DNA. Era também um período em que o Rock clássico estava em meio a uma renovação, e Rodgers, sem se render a tendências, decidiu seguir sua estética padrão. A produção, feita como sempre por ele mesmo, foi para um lado polido, com guitarras bem destacadas, um baixo encorpado e sua voz cristalina no centro das mixagens. É perceptível o cuidado em dar ao álbum uma estética “viva”, sem exagero em camadas artificiais, apesar de ter muitos elementos que ficaram bem repetitivos e que carecem de uma dinâmica muito mais harmônica. O repertório é fraquinho, com canções pouco interessantes e poucas se salvando. Enfim, é um álbum bem ruinzinho e que faltou mais preenchimento. 

Melhores Faixas: China Blue, Find A Way, Freedom 
Piores Faixas: Walking Tail, Love Rains, Conquistadora, Deep Blue

Midnight Rose – Paul Rodgers





















NOTA: 8,5/10


Então chegamos em 2023, quando foi lançado seu mais recente álbum, intitulado Midnight Rose. Após o Electric, Paul Rodgers não havia lançado nenhum álbum solo de estúdio com material inédito por décadas, concentrando-se em turnês, projetos colaborativos e registros ao vivo. Um dos destaques foi o envolvimento com o Queen + Paul Rodgers. Durante os anos 2010, Rodgers passou a ser reconhecido não apenas como vocalista histórico do Rock, mas também como uma das vozes mais consistentes ainda em atividade, retornando com um projeto aos 72 anos. A produção foi feita por Bob Rock junto com Cynthia Rodgers, trazendo uma sonoridade cristalina, potente e contemporânea, sem perder a organicidade do Blues Rock que sempre definiu Rodgers. O resultado é um disco limpo, de arranjos enxutos e muito centrado na voz. O repertório ficou muito bom, e as canções são todas bem dinâmicas. Em suma, é um ótimo disco, cheio de consistência. 

Melhores Faixas: Coming Home, Take Love 
Vale a Pena Ouvir: Dance In The Sun, Highway Robber, Photo Shooter
  

sábado, 30 de agosto de 2025

Review: FREE do Kid Cudi

                     

FREE – Kid Cudi





















NOTA: 8,3/10


Semana passada, o Kid Cudi lançou seu mais recente álbum, intitulado Free, que foi mais diferenciado. Após o lançamento de Insano (Nitro Mega), esse novo trabalho chega em um momento pessoal marcante: Cudi casou-se em junho de 2025 e publicou sua autobiografia Cudi: The Memoir, refletindo sua jornada de cura e reencontro com a paz interior. Ele descreve que esse álbum seria mais ousado após um período de desafios emocionais, simbolizando sua libertação criativa. A produção, como sempre, foi diversificada, contando com Beau Nox, Dave Sitek, Justin Tranter, além do próprio Kid Cudi, entre outros. O disco segue para uma sonoridade mais puxada para o Pop Rock e o Rock alternativo, com uso de texturas e sintetizadores que complementam muito bem a atmosfera emocional e visualmente cinematográfica. O repertório é bem legal, com canções mais introspectivas e de bastante profundidade. No geral, é um ótimo álbum e que vai envelhecer bem com o tempo. 

Melhores Faixas: Salt Water, Grave, Deep Driving 
Vale a Pena Ouvir: Submarine, Mr. Miracle, Past Life

                                                         Então é isso e flw!!!      

Avaliando Discografias - Paul Rodgers: Parte 1

                 

Cut Loose – Paul Rodgers





















NOTA: 8,2/10


Em 1983, foi lançado o 1º trabalho solo de Paul Rodgers, o Cut Loose, que foi bem improvisado. Após o lançamento de Rough Diamonds, como sabemos, o Bad Company entrou em hiato, e Rodgers aproveitou esse período para realizar um projeto que vinha amadurecendo em sua mente: um disco totalmente solo, no sentido literal da palavra, já que ele fez praticamente tudo sozinho. Produzido obviamente por ele mesmo, o álbum tem um caráter intimista, quase “caseiro”, o que se reflete na sonoridade mais crua e pessoal, distante da grandiosidade das produções de sua antiga banda. Rodgers toca guitarras, baixo, bateria, teclado e piano, o que dá ao disco uma coerência estilística, embora, em alguns momentos, a instrumentação soe mais simples, mas ainda assim com muita consistência. O repertório é muito bom, e as canções são bem intimistas e leves. Enfim, é um ótimo disco, apesar de ter sido ignorado na época. 

Melhores Faixas: Rising Sun, Live In Peace 
Vale a Pena Ouvir: Talking Guitar Blues, Morning After The Night Before, Cut Loose

Muddy Water Blues (A Tribute To Muddy Waters) – Paul Rodgers





















NOTA: 8/10


Então se passaram dez anos, e o Paul Rodgers retorna lançando mais um disco, o Muddy Water Blues. Após o Cut Loose, o cantor nesse meio tempo participava de outros projetos só que ele queria projeto especial que se conectasse às suas raízes musicais. Desde sempre Rodgers declarava devoção a Muddy Waters, um dos gigantes do Blues de Chicago e influência direta em sua maneira de cantar. Sua proposta, então, foi criar um álbum-tributo que não se limitasse a covers simples, mas que reunisse grandes guitarristas do Rock e do Blues. Produção feita pelo Billy Sherwood, a ideia central foi gravar cada faixa com um convidado especial na guitarra, criando um verdadeiro painel do Blues reinterpretado pelo Rock contemporâneo. Alternando entre versões mais cruas, gravadas em estilo próximo ao Delta Blues, e versões elétricas poderosas. O repertório ficou muito coeso, e as canções são bem interpretadas. Enfim, é um ótimo disco e um belo tributo. 

Melhores Faixas: I Just Want To Make Love To You (Jeff Beck), I Can't Be Satisfied (Brian Setzer do Stray Cats) 
Vale a Pena Ouvir: Rollin' Stone (Jeff Beck), Louisiana Blues (Trevor Rabin), She Moves Me (Gary Moore), Born Under A Bad Sign (Neal Schon do Journey)

Now – Paul Rodgers





















NOTA: 3/10


Quatro anos depois, foi lançado mais um disco dele, intitulado Now, que foi mais variado. Após o Muddy Water Blues, Paul Rodgers decidiu gravar um álbum solo de composições inéditas, em que buscava unir sua bagagem de décadas com uma sonoridade mais intimista e atualizada, fazendo um trabalho que não marcasse apenas sua volta ao formato tradicional de álbum autoral, mas também um registro dele indo para um lado mais reflexivo. Produzido por ele junto com Eddie Kramer e Dan Priest, o disco segue por um caminho bem mais limpo e caloroso, valorizando tanto o vocal quanto os arranjos instrumentais. Diferente do peso cru de seus trabalhos setentistas, aqui temos uma sonoridade mais polida, com uso notável de teclados e camadas de guitarra, mas que oscila bastante, principalmente nos arranjos, muitas vezes arrastados. Em suma, é um disco fraco, que carece de complementos. 

Melhores Faixas: Chasing Shadows, Soul Of Love, Shadow Of The Sun 
Piores Faixas: Saving Grace, Holding Back The Storm, Love Is All I Need, Nights Like This

Analisando Discografias - Free: Parte 2

                  

Highway – Free





















NOTA: 9/10


Ai, perto do final daquele ano, o Free retorna lançando mais um álbum, o Highway. Após o maravilhoso Fire And Water, graças ao single All Right Now, que explodira nas paradas, levando-os de promessa a realidade do Rock mundial. Essa ascensão meteórica, no entanto, trouxe consigo uma pressão enorme: eles precisavam lançar rapidamente um sucessor que mantivesse o embalo comercial. A Island Records, percebendo o momento, incentivou a banda a retornar imediatamente ao estúdio. Produção feita por eles mesmos, seguiu aquela temática crua, orgânica, sem grandes adornos, mas com uma sonoridade mais introspectiva e contida que o disco anterior. Com isso, os arranjos privilegiam espaços, atmosferas melancólicas e um Blues Rock menos explosivo. O repertório é muito bom, e as canções são bem diversificadas e leves. Enfim, é um belo disco, que foi muito menosprezado. 

Melhores Faixas: Be My Friend, Sunny Day, The Stealer, The Highway Song, Ride On Pony
Vale a Pena Ouvir: Bodie, On My Way

Free At Last – Free





















NOTA: 8,4/10


Dois anos se passaram e eles retornam lançando seu 5º álbum de estúdio, O Free At Last. Após o Highway, a banda já estava esfacelada: Paul Rodgers e Andy Fraser tinham conflitos constantes sobre direção musical, enquanto Paul Kossoff, cada vez mais abalado pela dependência de drogas e pela depressão, via sua saúde se deteriorar. E, após o lançamento de um álbum ao vivo, a gravadora Island insistiu num retorno. Rodgers e Fraser concordaram em dar mais uma chance, mas sob uma condição clara: todas as composições seriam creditadas coletivamente a Rodgers/Fraser/Kirke/Kossoff. Produzido pela própria banda, o disco soa mais minimalista, quase fantasmagórico em alguns momentos, refletindo tanto a fragilidade interna do grupo quanto o estado emocional do Kossoff, resultando num Blues Rock mais arrastado. O repertório ficou interessante, com canções boas e outras mais fracas. Enfim, é um ótimo disco, apesar de ser realmente o mais fraco deles. 

Melhores Faixas: Little Bit Of Love, Magic Ship, Soldier Boy 
Piores Faixas: Goodbye, Guardian Of The Universe

Heartbreaker – Free





















NOTA: 9,7/10


Então chegamos a 1973, quando foi lançado o álbum do Free, o Heartbreaker, em um momento decisivo. Após o Free At Last, a situação interna da banda continuava insustentável. Paul Kossoff, cada vez mais debilitado pelas drogas e pela depressão, já não tinha condições de manter um ritmo estável de gravações ou turnês, o que levou Rodgers e Kirke a buscar reforços, já que Andy Fraser também havia saído. Entraram Tetsu Yamauchi (baixo) e John "Rabbit" Bundrick (teclados), ambos músicos de apoio experientes. Produzido pela banda junto com Andy Johns, o disco apresenta um som mais limpo e refinado que os anteriores, graças, em grande parte, ao uso marcante dos teclados de Rabbit, que acrescentam camadas de cor e atmosfera inéditas à sonoridade deles. O repertório é belíssimo, com canções incríveis, algumas mais melódicas. No fim, é um baita disco, que encerrou a trajetória da banda, e é uma pena que Kossoff, dois anos depois, viesse a falecer. 

Melhores Faixas: Wishing Well, Come Together In The Morning, Easy On My Soul 
Vale a Pena Ouvir: Muddy Water, Heartbreaker

 

sexta-feira, 29 de agosto de 2025

Avaliando Discografias - Free: Parte 1

                 

Tons Of Sobs – Free





















NOTA: 9,9/10


Voltando a 1969, foi lançado o álbum de estreia do Free, intitulado Tons Of Sobs. Formada um ano antes, também em Londres, na Inglaterra (mesmo caso do futuramente Bad Company), a banda tinha membros incrivelmente jovens: Paul Rodgers tinha apenas 18 anos, Paul Kossoff 17, Andy Fraser 15 (!) e Simon Kirke 19. Apesar da pouca idade, todos já tinham alguma bagagem. Com isso, chamaram a atenção do Alexis Korner, o “pai do Blues britânico”, que ajudou a encaminhá-los para um contrato com a Island Records. A produção, feita por Guy Stevens, com uma gravação curta e orçamento apertado, resultou em um som cru e visceral, quase de ensaio. Não há luxo na produção: a bateria soa direta, o baixo é seco, as guitarras têm aquele timbre “na cara” e a voz de Paul domina o espaço sonoro. O repertório é maravilhoso, e as canções são magníficas e dinâmicas. Enfim, é um baita disco de estreia e um completo clássico. 

Melhores Faixas: I'm A Mover, Goin' Down Slow, Walk In My Shadow, The Hunter 
Vale a Pena Ouvir: Worry, Wild Indian Woman

Free – Free





















NOTA: 9,6/10


Então, se passaram sete meses e foi lançado o 2º álbum autointitulado do Free, que foi mais estruturado. Após o Tons Of Sobs, a banda rapidamente se consolidou como uma promessa dentro da cena britânica do Blues Rock. O disco de estreia recebeu boas críticas por sua autenticidade e energia, mas ainda soava como um registro cru, quase uma jam de bar. A Island Records acreditava no potencial do quarteto, especialmente no talento individual dos jovens músicos. A produção, feita por Chris Blackwell, buscou um som mais refinado, embora ainda direto. O álbum soa mais organizado, com arranjos definidos, maior equilíbrio entre os instrumentos e um esforço claro para dar identidade própria à banda, distinguindo-a de contemporâneos como Cream e Led Zeppelin. O repertório ficou muito bom, e as canções ficaram mais melódicas, só que ainda com aquela energia. Em suma, é um álbum incrível e que mostrou uma evolução. 

Melhores Faixas: Songs Of Yesterday, Woman, I'll Be Creepin', Free Me 
Vale a Pena Ouvir: Broad Daylight, Trouble On Double Time

Fire And Water – Free





















NOTA: 10/10


Entrando nos anos 70, foi lançado o 3º álbum da banda, o excepcional Fire And Water. Após o disco anterior, o Free mostrava evolução, mas ainda não havia conseguido emplacar nenhum grande hit. A crítica reconhecia o talento do grupo, mas o público em geral ainda os via como uma banda de Blues Rock promissora entre tantas outras. A virada começou com o fortalecimento da parceria de composição entre Paul Rodgers e Andy Fraser, que, aos 17 anos, já demonstrava maturidade musical impressionante. A produção, conduzida pela própria banda, apresenta um som limpo, mas não polido demais; a crueza ainda está presente. A guitarra do Paul Kossoff aparece em seu auge: poucos acordes, muito espaço e uma intensidade emocional incomparável. Simon Kirke mantém a bateria enxuta, o baixo de Fraser é criativo, e Rodgers entrega interpretações arrebatadoras. O repertório é maravilhoso, parecendo uma coletânea. No final de tudo, é um baita disco e certamente o melhor da banda. 

Melhores Faixas: All Right Now, Fire And Water, Mr. Big 
Vale a Pena Ouvir: Heavy Load, Remember

           Bom é isso e flw!!!    

Analisando Discografias - Bad Company: Parte 3

                 

Holy Water – Bad Company





















NOTA: 2,5/10


Entrando nos anos 90, foi lançado mais um trabalho do Bad Company, o Holy Water. Após o Dangerous Age, que foi de certo modo um acerto apesar de não terem conseguido um sucesso nos Estados Unidos, o passo seguinte era continuar tentando isso, buscando um disco ainda mais radiofônico, capaz de se firmar nas rádios americanas e consolidar Brian Howe como frontman definitivo. A produção, feita por Tony Harris, Andrew Scarth e Terry Thomas, seguiu aquela temática característica do AOR: guitarras com timbres limpos, teclados abundantes, linhas vocais carregadas de backing vocals grandiosos e bateria com peso típico da época, marcada pela mixagem digitalizada. Só que tudo ficou extremamente exagerado e faltando muita imersão, refletindo em um repertório fraco, com canções terríveis e poucas interessantes. No fim, é mais um trabalho péssimo e que acabou sendo outro fiasco. 

Melhores Faixas: Dead Of The Night, Lay Your Love On Me 
Piores Faixas: 100 Miles, Never Too Late, If You Needed Somebody, With You In A Heartbeat

Here Comes Trouble – Bad Company





















NOTA: 3/10


Em 1992, foi lançado o 10º álbum de estúdio do Bad Company, o Here Comes Trouble. Após o Holy Water, mesmo tendo conseguido ganhar uma pequena relevância muito por conta de toda aquela ditadura em que o AOR tinha predominância, sobretudo devido às baladas, a banda passou por mudanças com a entrada do guitarrista Dave Colwell e do baixista Rick Wills. Fora isso, a Warner pressionava a banda para que conseguisse manter o sucesso. A produção, feita dessa vez pela própria banda, manteve aquela sonoridade cristalina, carregada de teclados, refrões com backing vocals grandiosos e guitarras acessíveis de Mick Ralphs. O objetivo era reproduzir o sucesso do disco anterior, mas com um leve incremento de peso. Porém, de nada adiantou, já que vários erros se repetiram pela falta de imersão. O repertório é fraquíssimo, e as canções são chatíssimas em sua maioria. Enfim, mais um trabalho ruim e que representou o fundo do poço. 

Melhores Faixas: This Could Be The One, This Could Be The One, Little Angel 
Piores Faixas: Stranger Than Fiction, Brokenhearted, What About You, My Only One

Company Of Strangers – Bad Company





















NOTA: 8,4/10


Três anos se passaram, e foi lançado mais um álbum do Bad Company, o Company Of Strangers. Após o Here Comes Trouble, aquela fórmula do AOR já soava datada em um cenário musical dominado pelo Grunge e pelo Britpop no Reino Unido. As tensões internas cresceram, e Brian Howe acabou deixando a banda em 1994. Então, eles recrutam Robert Hart como novo vocalista. Hart já tinha carreira solo e uma voz versátil, com um timbre próximo ao de Paul Rodgers em alguns momentos, o que fez dele um substituto quase ideal. A produção, feita pela própria banda, teve uma sonoridade mais limpa e moderna para os anos 90, menos carregada de teclados do que na fase Howe e com maior foco em guitarras e arranjos mais crus. Ou seja, Mick Ralphs reassumiu o protagonismo nas guitarras, voltando assim para aquele lado mais puxado para o Hard Rock e Blues. O repertório é muito bom, e as canções são bem energéticas. Enfim, é um ótimo disco, e dessa vez acertaram. 

Melhores Faixas: Clearwater Highway, Down And Dirty, Down Down, Down 
Vale a Pena Ouvir: Judas My Brother, You're The Only Reason, Dance With The Devil, Company Of Strangers

Stories Told & Untold – Bad Company





















NOTA: 7/10


Então, em 1996, foi lançado o último álbum de estúdio da banda, o Stories Told & Untold. Após o Company Of Strangers, a banda optou por um caminho híbrido: lançar um trabalho que funcionasse ao mesmo tempo como álbum de inéditas e como uma espécie de celebração do passado. Com isso, eles decidiram combinar novas composições e releituras acústicas de clássicos da era Paul Rodgers, tentando unir as duas fases da banda e aproximar fãs antigos e novos. A produção, conduzida como sempre pela própria banda, seguiu naquele Hard Rock mais orgânico, com guitarras limpas e arranjos sem exagero de teclados, valorizando a voz versátil do Robert Hart. Já as versões acústicas dos clássicos buscam um tom intimista, com violões, percussões leves e arranjos vocais que suavizam o peso original. O repertório ficou legal, e as canções ficaram boas, apesar de algumas serem esquecíveis. Em suma, é um ótimo álbum e que, após isso, a banda só gerou várias turnês. 

Melhores Faixas: Ready For Love, Shooting Star, One One One, Love So Strong, Silver, Blue & Gold 
Piores Faixas: Is That All There Is To Love, Weep No More, Downpour In Cairo

      

Analisando Discografias - ††† (Croses)

                  EP † – ††† (Croses) NOTA: 7,5/10 Lá para 2011, foi lançado o 1º trabalho em formato EP do projeto Croses (ou, estilisticam...