quarta-feira, 11 de junho de 2025

Analisando Discografias - Stevie Wonder: Parte 2

                  

Stevie At The Beach – Stevie Wonder





















NOTA: 3,3/10


Indo para o ano de 1974, Stevie Wonder lançou seu 4º álbum de estúdio, o Stevie at the Beach. Após o With a Song in My Heart, a Motown decidiu fazer mais um disco temático voltado ao som das praias californianas, tentando alinhar o jovem Stevie ao clima ensolarado e despreocupado da Surf Music e do Sunshine Pop que fazia sucesso à época (como os Beach Boys). No entanto, essa direção mostrava-se um tanto forçada e possivelmente nem o próprio Stevie Wonder deve ter concordado com isso. Produção feita por Hal Davis, Marc Gordon e Dorsey Burnette, que colocaram arranjos dominados por elementos como guitarras limpas, vocais em coro, percussão leve e metais tímidos, tentando capturar a leveza do estilo Surf Rock, só que tudo é muito desalinhado, com vocais esquisitos do Stevie e uma instrumentação bem manjada. O repertório é bem fraquinho, tendo canções chatas e poucas interessantes. Enfim, é um disco ruim e muito desconexo. 

Melhores Faixas: Hey Harmonica Man, Red Sails In The Sunset, The Beachcomber 
Piores Faixas: Ebb Tide, Sad Boy, The Party At The Beach House, Castles In The Sand

Up-Tight – Stevie Wonder





















NOTA: 8,8/10


Dois anos se passaram, foi lançado mais um disco do Stevie Wonder, o Up-Tight, e aqui foram para uma direção certa. Após o fraquíssimo Stevie At The Beach, Stevie já estava com 15 anos, amadurecendo não só como músico, mas também como compositor e intérprete. A Motown percebia seu talento crescente e, com o sucesso repentino de um single que viria compor o repertório desse album, eles passaram a permitir que ele colaborasse mais ativamente no processo de criação. Produção feita majoritariamente pela equipe da Motown: com nomes como Clarence Paul, William “Mickey” Stevenson e Henry Cosby, apresenta o som típico da gravadora: arranjos vibrantes, seções rítmicas densas, metais marcantes e vocais bem posicionados combinando uma sonoridade do R&B e Soul music. O repertório é muito bom, e as canções são bem vibrantes e energéticas. Em suma, é um disco bacana e mostrando um lado mais maduro. 

Melhores Faixas: Up Tight (Everything's Alright) (single mencionado, que se tornou primeiro mega hit de sua carreira), Blowin' In The Wind, Pretty Little Angel, Nothing's Too Good For My Baby 
Vale a Pena Ouvir: Teach Me Tonight, With A Child's Heart

Down To Earth – Stevie Wonder





















NOTA: 8,2/10


No fim daquele mesmo ano, foi lançado mais um disco dele, o Down to Earth, que foi mais profundo. Após o Up-Tight, Stevie Wonder começava a ganhar respeito não só como intérprete, mas também como compositor. Esse projeto surge nesse momento de mudança, quando a Motown percebe que Stevie podia entregar mais do que canções juvenis e que ele tinha uma capacidade artística crescente, mesmo com apenas 16 anos na época. A produção, feita novamente por Clarence Paul e Henry Cosby, explora uma variedade de estilos como Soul, Pop, R&B e até Folk, com arranjos mais maduros e temáticas mais sérias. As faixas abordam temas sociais e existenciais, com músicas que exploram questões como alienação, conflito, consciência social e amadurecimento emocional. Com isso, o repertório é bem legal, tendo canções mais reflexivas e algumas baladas interessantes. Enfim, é um disco bom e que foi para uma direção mais expansiva. 

Melhores Faixas: A Place In The Sun, Hey Love, Angel Baby (Don't You Ever Leave Me) 
Vale a Pena Ouvir: Mr. Tambourine Man, Thank You Love, Bang Bang

I Was Made To Love Her – Stevie Wonder





















NOTA: 9/10


No ano seguinte, foi lançado mais um trabalho do Stevie Wonder, o I Was Made To Love Her. Após o Down To Earth, Stevie vinha provando que sua arte ia muito além do rótulo de “Little Stevie”, imposto na infância. Ele começava a se estabelecer como um artista maduro, capaz de compor, interpretar com emoção, e dominar instrumentos como a gaita, teclados e bateria. E novamente graças outro hit emplacado nesse meio tempo a Motown decidiu fazer mais um trabalho com a formula deles e as divergências do desejo de Stevie por maior controle artístico continuaria. Produção foi praticamente a mesma, com linhas de baixo pulsantes, metais exuberantes, arranjos vocalmente ricos e bateria marcante. No entanto, há uma camada emocional mais profunda neste álbum: Stevie mostra versatilidade vocal e domínio rítmico incomuns. O repertório é incrível, e as canções são todas melódicas e bem interpretadas. Enfim, é um belíssimo disco e seria a sua virada de chave. 

Melhores Faixas: I Was Made To Love Her (hit mencionado), My Girl, I Pity The Fool, Baby Don't You Do It, Every Time I See You I Go Wild 
Vale a Pena Ouvir: A Fool For You, Send Me Some Lovin'

Someday At Christmas – Stevie Wonder





















NOTA: 8/10


Quando se aproximava do final do ano, foi lançado um disco natalino do Stevie Wonder, o Someday at Christmas. Após o I Was Made to Love Her, bom, como se percebe, isso aqui é um puro produto comercial típico da Motown, mas Stevie e seus produtores aproveitaram a ocasião para infundir mensagens de paz, empatia e consciência social em um momento crítico da história americana, em pleno auge dos movimentos pelos direitos civis e com a Guerra do Vietnã em andamento. A produção foi feita apenas por Henry Cosby, que apresentou uma proposta diferenciada: misturando temas natalinos tradicionais com Soul, R&B e mensagens pacifistas e sociais, explorando tanto o espírito do Natal quanto a aspiração por um mundo mais justo, com arranjos que vão do introspectivo e acústico ao grandioso e orquestral. O repertório é muito bem feito, e as canções são todas bem interpretadas e cheias de conteúdo. No geral, é um belo trabalho e que não trouxe algo genérico. 

Melhores Faixas: Someday At Christmas, A Warm Little Home On A Hill, Silver Bells 
Vale a Pena Ouvir: What Christmas Means To Me, The Little Drummer Boy, Bedtime For Toys

Eivets Rednow – Stevie Wonder





















NOTA: 2,8/10


Ai o que acontece no ano de 1968, foi lançado mais um trabalho no mínimo peculiar do Stevie Wonder, o Eivets Rednow. Após o Someday At Christmas, a intenção era criar um projeto instrumental que se destacasse sem depender do nome e fama do cantor uma aposta da Motown para testar novos formatos e públicos. Tanto que o título é simplesmente seu nome invertido, mas ele não aparece creditado na capa original, nem como artista principal, o que gerou confusão na época do lançamento. Produção feita pelo Henry Cosby, foi mais sofisticado e apostando em uma sonoridade mais suave, instrumental e melódica. Com foco na gaita diatônica (harmonica), executada com maestria por Stevie, além de elementos de teclado e percussão. Tudo isso evocando estilo do easy listening, só que tudo ficou manjado demais e sem muita imersão. O repertório é fraquíssimo, e a maioria das canções não passam nenhuma emoção. No fim, é um disco péssimo e esquecível. 

Melhores Faixas: A House Is Not A Home, Which Way The Wind 
Piores Faixas: Bye Bye World, How Can You Believe, Ruby

For Once In My Life – Stevie Wonder





















NOTA: 9,3/10


Perto do fim daquele mesmo ano, foi lançado mais um disco do Stevie Wonder, o For Once in My Life. Após o curioso Eivets Rednow, o cantor, na época, já tinha acabado de fazer 18 anos, mas já era uma figura consolidada na Motown, embora ainda operando, em grande parte, dentro da estrutura de controle criativo da gravadora. O título do álbum vem da canção que se tornaria um dos maiores sucessos da carreira dele: For Once in My Life, composta originalmente por Ron Miller e Orlando Murden, e o que eles fizeram, mais uma vez, foi um trabalho em cima de mais um hit. Produzido por Henry Cosby, Don Hunter e próprio Stevie Wonder (de forma ainda limitada, mas crescente), o destaque vai para os arranjos de metais e cordas, que conferem um Soul totalmente sofisticado, além de mostrar Stevie demonstrando um domínio vocal absurdo. O repertório é incrível, e as canções são profundas e bem envolventes. Em suma, é um baita disco e totalmente coeso. 

Melhores Faixas: For Once In My Life, Sunny, Shoo-Be-Doo-Be-Doo-Da-Day, God Bless The Child, I Don't Know Why 
Vale a Pena Ouvir: I'd Be A Fool Right Now, Do I Love Her, You Met Your Match

My Cherie Amour – Stevie Wonder





















NOTA: 8,4/10


Para finalizar a década de 60, em 1969, foi lançado o 11º álbum de estúdio dele, o My Cherie Amour. Após o For Once in My Life, Stevie Wonder já estava com quase uma década de carreira profissional. A Motown ainda exercia controle criativo sobre seus discos, mas ele começava a mostrar maior independência e amadurecimento. E o que aconteceu mais uma vez foi que a faixa-título foi lançada antes como single e foi um sucesso, com isso partiram para gravar mais um projeto. Produção feita, como sempre, por Henry Cosby, que colocou uma sonoridade que alterna entre o Pop Soul e aquele R&B mais dançante. Stevie ainda não tinha controle total sobre os arranjos e o repertório, mas sua voz estava mais madura, expressiva e técnica, e seu domínio da gaita e do teclado começava a se destacar. Falando no repertório, ele é muito bom, e as canções são todas bem envolventes, com aquelas baladas açucaradas. No final, é um disco bom, apesar de não ter tanta inovação. 

Melhores Faixas: The Shadow Of Your Smile, Yester-Me, Yester-You, Yesterday 
Vale a Pena Ouvir: My Cherie Amour, Pearl, Somebody Knows, Angie Girl, Somebody Cares

Signed Sealed & Delivered – Stevie Wonder





















NOTA: 9,9/10


No ano de 1970, Stevie Wonder lançava seu 12º álbum intitulado Signed, Sealed & Delivered. Após o My Cherie Amour, Stevie estava prestes a atingir a maioridade legal (21 anos nos EUA), o que significaria liberdade contratual para renegociar com a Motown e, possivelmente, obter controle criativo total sobre sua música. Ele participou ativamente da produção e composição de diversas faixas, explorou novos timbres e abordou temas mais variados do que o padrão romântico e Pop Soul que caracterizava seus trabalhos anteriores. Produção conduzida por ele junto com Henry Cosby, Ron Miller e Steve Marcel, onde começou a experimentar com instrumentos eletrônicos de forma mais proeminente, especialmente clavinet, sintetizadores primitivos e efeitos de estúdio, além de começar a misturar gêneros como Soul e R&B ao Funk, Gospel e psicodelia. O repertório é incrível, e as canções são todas belíssimas e profundas. Em suma, é um belo disco e um dos melhores de sua carreira. 

Melhores Faixas: Signed, Sealed, Delivered I'm Yours, Sugar, We Can Work It Out, Anything You Want Me To Do, Heaven Help Us All 
Vale a Pena Ouvir: I Can't Let My Heaven Walk Away, Something To Say, Don't Wonder Why, Never Had A Dream Come True

Where I'm Coming From – Stevie Wonder




















NOTA: 9/10


Mais um ano se passa, e foi lançado mais um trabalho novo do Stevie Wonder, o Where I'm Coming From. Após o Signed, Sealed & Delivered, o cantor já estava cansado daquela fórmula da Motown de controlar tudo e de não ser possível ele criar nada. Ele vinha estudando música, teoria, produção e se interessava profundamente por tecnologia sonora, sintetizadores e temas sociais. Influenciado por Marvin Gaye (que acabara de lançar o revolucionário What’s Going On) e por outros artistas mais politizados, Stevie decide tomar as rédeas de sua arte. A produção foi conduzida inteiramente por ele, onde mesclou elementos do Soul progressivo, Funk, Pop e até elementos de música erudita e Jazz, algo muito distante da fórmula tradicional da Motown, além de utilizar o sintetizador TONTO, o clavinet, o Moog bass e efeitos de estúdio. O repertório é muito bom, e as canções são todas conceituais e bem reflexivas. Enfim, é um belo disco e que deu início à sua fase de ouro. 

Melhores Faixas: If You Really Love Me, Never Dreamed You'd Leave In Summer, Sunshine In Their Eyes, Think Of Me As Your Soldier 
Vale a Pena Ouvir: Something Out Of The Blue, Do Yourself A Favor
 

Por hoje é só, então flw!!!

Analisando Discografias - Belladonna

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