Analisando Discografias - Stevie Wonder: Parte 3

                 

Music Of My Mind – Stevie Wonder

NOTA: 9,4/10

No ano seguinte foi lançado o 14º álbum de estúdio do cantor, o excepcional Music of My Mind. Após o Where I'm Coming From e depois de ter assinado uma renovação de contrato com a Motown que lhe deu mais autonomia criativa, desejo esse impulsionado por artistas como Marvin Gaye (com What’s Going On) e Sly Stone (com There’s a Riot Goin’ On, que Deus o tenha), Stevie se isolou em estúdios com novos sintetizadores e ideias próprias. A produção foi feita por ele junto com Malcolm Cecil e Robert Margouleff, que ajudaram a moldar o som futurista do álbum. A abordagem sonora do disco é densa e cheia de camadas, unindo Soul, Funk e elementos progressivos e psicodélicos. É uma produção rica, sem perder a musicalidade emocional e o groove que marcaram sua carreira. O repertório é ótimo, e as canções são todas densas e bem aprofundadas. No final, é um disco incrível e que se tornou um dos primeiros clássicos da carreira do Stevie. 

Melhores Faixas: I Love Every Little Thing About You, Superwoman, Girl Blue, Happier Than The Morning Sun 

Vale a Pena Ouvir: Evil, Sweet Little Girl

Talking Book – Stevie Wonder

NOTA: 9,8/10

Mais um tempo se passa, e Stevie Wonder lança mais um trabalho novo: Talking Book. Após o maravilhoso Music of My Mind, tem início o que é considerado da era clássica dele, num período marcado por sua parceria criativa com músicos e técnicos que expandiram seus horizontes sonoros. O título é uma espécie de coleção de histórias íntimas e confessionais, como se Stevie estivesse falando com o mundo através da música. A produção foi basicamente a mesma, e Stevie já dominava técnicas de gravação e programação de instrumentos eletrônicos, algo evidente nas camadas e texturas do álbum. O uso de sintetizadores como o ARP, Moog e o TONTO foi inovador, adicionando profundidade e atmosferas inéditas ao R&B da época. O repertório é espetacular, com canções bem diversificadas, que vão das mais animadas às mais profundas, incluindo baladas interessantes. Enfim, é um disco sensacional e que certamente se tornou um clássico. 

Melhores Faixas: You Are The Sunshine Of My Life, Superstition, You've Got It Bad Girl, I Believe (When I Fall In Love It Will Be Forever) 

Vale a Pena Ouvir: Tuesday Heartbreak, Maybe Your Baby, Blame It On The Sun

Innervisions – Stevie Wonder

NOTA: 10/10

Em 1973, Stevie Wonder lançava o excepcional e clássico Innervisions, que trouxe muita coisa nova. Após o Talking Book, ele decidiu fazer um disco social, espiritual e político. Nele, Stevie critica o racismo, as drogas, a corrupção política e as ilusões religiosas, ao mesmo tempo em que oferece visões de esperança, consciência e transcendência pessoal. O mais curioso é que, apenas três dias após o lançamento desse disco, Stevie sofreu um grave acidente de carro, ficando em coma por dias, sobrevivendo ao trauma e dizendo ter renascido. A produção foi a mesma de sempre, impressionantemente avançada, tanto tecnológica quanto artisticamente. Além de ter tocado praticamente todos os instrumentos, a presença do sintetizador TONTO continua central, agora com ainda mais sofisticação, combinando Soul progressivo com Funk. O repertório é maravilhoso, parecendo até uma coletânea. Enfim, é um disco sensacional e simplesmente uma obra-prima. 

Melhores Faixas: Higher Ground, Too High, Living For The City, Don't You Worry 'Bout A Thing

Vale a Pena Ouvir: Visions, Jesus Children Of America, He's Misstra Know-It-All

Fulfillingness' First Finale – Stevie Wonder

NOTA: 9,6/10

Se passa mais um ano, e é lançado mais um álbum: o emblemático Fulfillingness' First Finale. Após o atemporal Innervisions, esse novo trabalho surge em um momento pós-trauma, já que Stevie havia sofrido um grave acidente de carro em agosto de 1973, que o deixou em coma por dias. Por isso, tudo é carregado de uma carga espiritual, introspectiva e emocional muito forte, refletindo não só sobre temas sociais, mas também sobre a fragilidade da vida, a fé e as relações pessoais. A produção foi com os mesmos nomes de sempre, utilizando novamente o sintetizador TONTO e outros equipamentos eletrônicos de ponta para a época. Só que tudo foi mais minimalista, com foco maior nas letras, nos vocais e nas mensagens espirituais do que na experimentação sonora, ainda que mantendo elementos de Soul progressivo, Pop e Funk. O repertório é muito bom, com canções envolventes e reflexivas. Em suma, é outro trabalho sensacional e bastante profundo. 

Melhores Faixas: Heaven Is 10 Zillion Light Years Away, You Haven't Done Nothin' (quem tá nos backing vocals é o Jackson 5), Smile Please, It Ain't No Use 

Vale a Pena Ouvir: Creepin', Boogie On Reggae Woman, Bird Of Beauty (participação da lenda Sérgio Mendes)

Songs In The Key Of Life – Stevie Wonder

NOTA: 10/10

Dois anos se passaram, e em 1976 foi lançado o atemporal álbum duplo Songs in the Key of Life. Após o Fulfillingness' First Finale, Stevie Wonder entrou em um período de silêncio e reclusão criativa. Insatisfeito com o panorama social e político dos Estados Unidos, ele cogitou abandonar a música e se mudar para Gana para trabalhar com crianças carentes. Mas a Motown não estava disposta a perdê-lo. Em 1975, assinou com Stevie o maior contrato da indústria musical até então, garantindo liberdade total e um orçamento milionário. A produção feita inteiramente pelo cantor, que contou com uma ampla gama de músicos, nomes como Herbie Hancock e George Benson, e seguiu por um caminho bastante diverso, misturando Soul, R&B, Jazz, Funk e Pop, tudo muito bem encaixado e com um refinamento técnico excelente. O repertório é excepcional, digno de coletânea, e sendo extenso. No fim, esse disco é sensacional e considerado um dos melhores álbuns de todos os tempos. 

Melhores Faixas: Sir Duke, I Wish, Pastime Paradise, Isn't She Lovely, Love's In Need Of Love Today, Joy Inside My Tears, As 

Vale a Pena Ouvir: Summer Soft, If It's Magic, Have A Talk With God, Black Man

  

É isso, então flw!!!