quinta-feira, 6 de março de 2025

Analisando Discografias - Lô Borges: Parte 1

                 

Lô Borges – Lô Borges





















NOTA: 9,8/10


Ainda naquele ano de 1972, Lô Borges lançou seu álbum de estreia autointitulado, mais conhecido como Disco do Tênis. Enquanto ainda gravava Clube da Esquina com Milton Nascimento, a gravadora Odeon o chamou para gravar seu disco solo, mas em um curto espaço de tempo. A produção foi feita por Milton Miranda, com o auxílio de Milton Nascimento e Márcio Borges. Tudo foi bem improvisado: Lô compunha as músicas pela manhã, seu irmão Márcio escrevia as letras à tarde e, à noite, as canções eram apresentadas aos músicos para gravação. O resultado foi uma sonoridade com influências que vão do Rock psicodélico e Baião ao Folk e até mesmo um toque de Tropicália, refletindo a urgência e a experimentação do período. O repertório é fantástico, com canções muito melódicas e cheias de profundidade. No fim, é um baita disco de estreia, mas, infelizmente, um fiasco comercial. 

Melhores Faixas: Canção Postal, Eu Sou Como Você É, Calibre, Não Foi Nada, O Caçador
Vale a Pena Ouvir: Não Se Apague Esta Noite, Você Fica Melhor Assim, Toda Essa Água

A Via-Láctea – Lô Borges





















NOTA: 9,8/10


Sete anos se passaram, e Lô Borges lançou seu 2º álbum de estúdio, A Via-Láctea. Após o famosíssimo Disco do Tênis, o cantor acabou decidindo meio que abandonar sua carreira e virou hippie depois de algumas loucas viagens por Porto Alegre e pelo interior da Bahia. Mais tarde, voltou para BH, onde colaborou na concepção do Clube da Esquina 2, até que surgiu a oportunidade de lançar mais um trabalho. Produzido por Mariozinho Rocha, o disco trouxe uma sonoridade mais envolvente e, dessa vez, não bebeu tanto das influências psicodélicas do seu antecessor. Em vez disso, enveredou por um clima mais introspectivo da MPB, mesclado ao Pop progressivo e barroco, resultando em um trabalho coeso. O repertório é sensacional, com canções bem encadeadas e repletas de melodia. No fim, é um belo disco, que chega a ficar bem próximo de sua estreia. 

Melhores Faixas: Vento De Maio, Chuva na Montanha, A Via-Láctea, Olha O Bicho Livre 
Vale a Pena Ouvir: Nau Sem Rumo, Tudo Que Você Podia Ser, Sempre-Viva

Nuvem Cigana – Lô Borges





















NOTA: 8,8/10


Três anos se passaram, e Lô Borges lançou seu 3º álbum, o Nuvem Cigana, que seguiu um caminho diferente. Após A Via-Láctea, o cantor acabou focando em outros projetos, como o álbum Os Borges (que reuniu praticamente toda a família Borges em um só disco). Graças a isso, somado às inspirações dos últimos lançamentos de Milton Nascimento, ele decidiu gravar algo mais experimental. Produzido por Renato Corrêa, o disco mescla arranjos típicos dos anos 80 com a sonoridade que Lô havia explorado anteriormente, resultando em um trabalho típico da MPB da época, com influências progressivas e grande ênfase no Jazz Fusion. Isso se reflete nas linhas vocais mais expressivas de Lô Borges. Com um repertório muito interessante, com canções que trazem uma vibe tropical e atmosférica, tudo bem cadenciado. No fim, é um disco muito bom, que revelou um lado mais temático do artista. 

Melhores Faixas: Vida Nova, Ritatá 
Vale a Pena Ouvir: Nuvem Cigana, Viver, Viver, Todo Prazer

Sonho Real – Lô Borges





















NOTA: 8,7/10


Outros dois anos se passaram, e Lô Borges lançou mais um disco, o Sonho Real, que seguiu um caminho completamente diferente. Após o Nuvem Cigana, Lô estava mais intimista e não estava compondo muito. Além disso, com a chegada da cena do Rock no Brasil, ele decidiu fazer um trabalho totalmente underground, o que não agradou o pessoal da gravadora. A produção, conduzida por Marco Mazzola, buscou mesclar elementos tradicionais da MPB com influências contemporâneas da década, mas incorporando também técnicas do Pop progressivo e do Yacht Rock, resultando em arranjos sofisticados e melodias cativantes, algo totalmente fora do que a grande mídia proporcionava. O repertório é muito interessante, com canções repletas de paisagens sonoras e harmonias sentimentais. Enfim, é um ótimo disco, que vale a pena ser apreciado. 

Melhores Faixas: Um Raio De Sol, Vagas Estrelas 
Vale a Pena Ouvir: Você Fica Melhor Assim, Nenhum Mistério, Tempestade

Meu Filme – Lô Borges





















NOTA: 4/10


Depois disso, passaram-se 12 anos, e Lô Borges, já enfrentando a famosa crise da meia-idade, lançou Meu Filme. Após o Sonho Real, o cantor acabou sumindo da mídia, focando mais em fazer alguns shows e compondo de forma livre, até que decidiu enfim gravar um material novo, recebendo uma nova chance da gravadora EMI. Produzido por Chico Neves, o disco traz uma sonoridade bem íntima e cheia de leveza, até porque, basicamente, o álbum é composto, em sua maioria, por Lô cantando com arranjos totalmente acústicos. No entanto, apesar de ser uma proposta interessante, muitas vezes as músicas se tornam arrastadas e carecem de coesão rítmica. Isso se reflete em um repertório fraco, com canções genéricas e sem emoção, restando poucas faixas realmente boas. Em suma, é um trabalho decepcionante, que teve uma longa espera, mas não resultou em algo à altura de seu talento. 

Melhores Faixas: Te Ver, Blue Girl, Vertigem 
Piores Faixas: Alô, Sem Não, Solto No Mundo, A Cara Do Sol

Feira Moderna – Lô Borges





















NOTA: 5/10


Passou-se mais um tempo, e Lô Borges voltou lançando mais um álbum, o Feira Moderna, que, no entanto, não trouxe quase nenhuma novidade. Após o Meu Filme, o cantor ficou mais uma vez longe dos holofotes, até que, ao ouvir uma versão acústica da faixa-título feita pelos Paralamas do Sucesso no Acústico MTV de 1999, decidiu fazer um trabalho repaginando canções antigas. A produção, feita por Marcelo Sussekind e pelo próprio Lô, trouxe uma sonoridade bem mais moderna, com influências diretas do Pop Rock e da MPB, deixando tudo de forma mais orgânica. No entanto, muitas das escolhas acabaram descaracterizando as músicas, e a mixagem ficou abafada. Isso resultou em um repertório irregular, com algumas reinterpretações interessantes e outras problemáticas. No final de tudo, é um trabalho mediano, que parece ter sido feito às pressas só para ganhar uns trocados. 

Melhores Faixas: Fé Cega Faca Amolada, Trem De Doido, O Trem Azul, Ela 
Piores Faixas: A Página Do Relâmpago Elétrico, Vento De Maio, Nuvem Cigana

Um Dia e Maio – Lô Borges





















NOTA: 7,9/10


Dois anos se passaram, e Lô Borges retornou lançando mais um disco, o Um Dia e Maio, que trouxe alguns acertos. Após o Feira Moderna, Lô ganhou novamente atenção ao participar da música Dois Rios, do Skank, junto com Nando Reis. Isso o motivou a lançar um material inédito, agora mais preparado para seguir caminhos totalmente diferentes. Produzido pelo próprio cantor e por Capitão Antônio, o álbum apresenta arranjos que mesclam o estilo característico do Clube da Esquina com influências contemporâneas, combinando elementos da MPB com o Pop Rock, resultando em uma sonoridade coesa e com um ótimo ritmo, apesar de Lô apresentar algumas imprecisões vocais em certos momentos. O repertório é interessante, com canções muito boas, mesmo que algumas sejam mais fracas, mas ainda assim mantendo consistência. Enfim, é um disco bacana que acertou em vários aspectos. 

Melhores Faixas: Qualquer Lugar, Sonho Novo, Um Dia E Meio, Quem Sabe Isso Quer Dizer Amor 
Piores Faixas: Por Que Não?, Chega Pra Ficar

Bhanda – Lô Borges





















NOTA: 8/10


Mais um tempo se passou, e, em 2006, Lô Borges lançou outro disco, o Bhanda, que trouxe novidades. Após o Um Dia e Maio, ele decidiu focar em fazer algo mais consistente, com maior ênfase no Rock. Para isso, pegou tudo que deu certo em seus primeiros discos e reformulou de uma maneira mais contemporânea, sem contar a capa, totalmente abstrata. A produção, feita pelo próprio cantor junto com o produtor Barral, resultou em uma sonoridade absurdamente experimental. Em muitas faixas, é possível perceber arranjos com forte clima ambiental, além de influências marcantes do Pink Floyd da fase psicodélica. No entanto, nada aqui é excessivamente longo ou arrastado; tudo mantém um nível de consistência dentro da linha do Pop Rock. O repertório é muito interessante, com canções belíssimas e uma ótima conjunção harmônica. Mas enfim, é mais um disco legal e cheio de acertos. 

Melhores Faixas: Nossa Mágica, Trem das Coisas 
Vale a Pena Ouvir: Carnaval de Cor, Universo Paralelo, Segundas Mornas Intenções, O Som das Estrelas

Harmonia – Lô Borges





















NOTA: 8,3/10


No ano seguinte, Lô Borges lançou outro disco, o Harmonia, que seguiu um caminho mais padronizado e até ambicioso. Após o Bhanda, ele continuou escrevendo novas músicas e se fortalecendo com seus shows, além de manter seu vínculo com Milton Nascimento. Aos poucos, seu reconhecimento estava sendo recuperado. A produção foi praticamente a mesma, mas, desta vez, com um foco maior no Pop Rock, deixando de lado as influências psicodélicas e optando por algo sem grandes experimentações ou passagens sonoras complexas. Aqui, tudo ficou mais padronizado, mas ainda assim consistente, sem exageros na instrumentação, o que resultou em uma ótima concepção sonora. O repertório é bem interessante, com canções melódicas e carregadas de profundidade. No fim, é um ótimo disco, que acerta em cheio na sua proposta musical. 

Melhores Faixas: Onde A Gente Está, Fronteira 
Vale a Pena Ouvir: Chegado, Imaginária, Feita De Luz

              Bom então é isso e flw!!!  

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