quarta-feira, 5 de março de 2025

Analisando Discografias - Milton Nascimento: Parte 3

                   

Encontros e Despedidas – Milton Nascimento





















NOTA: 8,9/10


Três anos se passaram, e Milton lançou Encontros e Despedidas, que seguiu uma direção mais moderna. Após o Anima, o nosso querido Bituca, ou como já o chamavam lá na gringa, "a voz de Deus", percebeu que precisava fazer um trabalho um pouco mais individualista e com influências mais tropicais. Então, decidiu dar uma chance à sonoridade que estava levando artistas ao estrelato. A produção feita por Marco Mazolla seguiu um caminho um pouco mais comercial, explorando as tendências da música Pop, como Synth Funk e Soul. Houve um uso equilibrado de sintetizadores, sopros e metais, evitando os excessos que muitas vezes comprometiam o som. O repertório é muito interessante, com canções envolventes e outras de grande profundidade. No fim, é um belo disco, com um ótimo nível de consistência. 

Melhores Faixas: Encontros E Despedidas, Mar Do Nosso Amor 
Vale a Pena Ouvir: Caso De Amor, Vidro E Corte, A Primeira Estrela

Yauaretê – Milton Nascimento





















NOTA: 5/10


Logo depois, Milton Nascimento lança Yauaretê (com uma capa que lembra a de uma banda de Glam), que não trouxe tantas novidades. Após o Encontros e Despedidas, Milton havia colaborado com a banda RPM em uma espécie de compacto lançado também no ano de 1987. Essa parceria resultou em duas faixas: Feito Nós e Homo Sapiens. Depois dessa experiência, ele decidiu fazer um trabalho mais temático e com influências mais tropicais. A produção ficou novamente a cargo de seu produtor de sempre, mas desta vez com uma sonoridade mais ambientalista, focada no Jazz. Como resultado, os arranjos ficaram sofisticados e com aqueles toques de profundidade da MPB, só que, em muitos momentos, o acabamento rítmico acaba sendo muito arrastado. O repertório começa bem, com ótimas canções, mas depois se torna irregular, com poucas faixas se destacando. Em suma, é um trabalho mediano e repleto de inconsistências. 

Melhores Faixas: O Vendedor De Sonhos (participação do Paul Simon e Herbie Hancock), Planeta Blue, Mountain 
Piores Faixas: Morro Velho, Dança Dos Meninos, Eldorado

Miltons – Milton Nascimento





















NOTA: 3/10


Dois anos se passam, e Milton Nascimento lança outro disco, o Miltons, que tentou ir para algo mais diverso. Após o Yauaretê, o cantor passou por um momento em que intensificou seu contrato com a gravadora CBS e decidiu enveredar para algo mais comercial e midiático. Com isso, optou por fugir da sonoridade mais orquestrada e seguir uma linha mais popular. A produção, conduzida por Márcio Ferreira, buscou enfatizar a simplicidade e a pureza dos arranjos, adotando uma abordagem mais minimalista, utilizando principalmente sua voz e violão, o que conferiu ao álbum uma atmosfera mais intimista. No entanto, apesar de trazer elementos envolventes do Jazz Fusion, muitas vezes o som se transforma em uma bola de neve de repetições, caindo em um loop enjoativo e inconsistente. Isso se reflete em um repertório fraquíssimo, com canções sonolentas e poucos momentos de brilho. Enfim, esse disco é bem ruim e marcou um tropeço em sua carreira. 

Melhores Faixas: San Vicente, Bola De Meia, Bola De Gude (podia dizer cover da música do 14 Bis, mas a música é do próprio Milton) 
Piores Faixas: Sem Fim, Fruta Boa, La Bamba

Txai – Milton Nascimento





















NOTA: 8,6/10


Entrando na década de 90, Milton lança outro disco intitulado Txai, que ficou mais tematizado. Após o fraquíssimo Miltons, o cantor marcou uma nova etapa em sua carreira, na qual se identificou profundamente com a música dos povos indígenas. O projeto envolveu várias gravações ao vivo feitas no Acre, em Rondônia e em outros pontos da Amazônia, refletindo seu compromisso com as questões ambientais e culturais da região. Tudo isso fez parte de uma campanha mundial de apoio à Aliança dos Povos da Floresta. Produzido mais uma vez por Márcio Ferreira, o disco buscou na música indígena uma sonoridade autêntica, repleta de sons e cantorias da floresta, além de toadas tribais quase guturais, misturando Folk com a exuberância do Free Jazz. O repertório é muito interessante, e as canções trazem uma vibe de total leveza. Em suma, é um belo disco que vale a pena ser apreciado. 

Melhores Faixas: Coisas Da Vida, Nozani Na 
Vale a Pena Ouvir: Benke, A Terceira Margem Do Rio, Txai, Que Virá Dessa Escuridão?

Angelus – Milton Nascimento





















NOTA: 9/10


Mais um tempo se passou, e Milton lançou outro disco belíssimo intitulado Angelus. Após o Txai, Bituca quis ser mais ambicioso, buscando fazer um trabalho que misturasse diversos gêneros. Para isso, decidiu contar com um time de músicos renomadíssimos, criando um som sofisticado e com influências de várias regiões. A produção, feita outra vez por Márcio Ferreira e lançada pelo selo da Warner Music, trouxe uma sonoridade que é ao mesmo tempo sentimental, profunda e envolvente, mesclando influências de Folk progressivo, Jazz Fusion, Pop barroco e, claro, muita MPB. Tudo isso é enriquecido pela participação de artistas de renome, como Pat Metheny, Jon Anderson, Wayne Shorter, Herbie Hancock, James Taylor e Peter Gabriel, só craques que entregaram muito. O repertório é bem interessante, com canções boas e muito bem encadeadas. No final de tudo, é um baita disco, criminosamente subestimado. 

Melhores Faixas: Angelus, Only A Dream In Rio (participação do James Taylor), Meu Veneno (participação da Naná Vasconcelos), Vera Cruz 
Vale a Pena Ouvir: Clube Da Esquina Nº 2, Estrelada (participação do Jon Anderson), Coisas De Minas, Amor Amigo (participação do Pat Metheny e Herbie Hancock)

Nascimento – Milton Nascimento






















NOTA: 3/0


Em 1997, ele volta lançando mais um disco intitulado Nascimento, que tentou fazer um trabalho mais diverso. Após o Angelus, surgiram vários boatos sobre sua saúde, especialmente quando apareceu mais magro em um episódio de Natal do programa Sai de Baixo da Globo. Mas ele estava bem e decidiu voltar, gravando um material um pouco mais radical do que apresentou em trabalhos anteriores. Produzido por Russ Titelman, que trouxe uma sonoridade sempre bem sofisticada e agora enveredando para um lado mais técnico do Folk, ele também quis incluir influências da musicalidade brasileira, mas fora da MPB, como Samba e Frevo. No entanto, ocorreram vários erros, como o ritmo que, às vezes, não se conecta com as linhas vocais de Milton, e também muitos efeitos mal aplicados nos arranjos. O repertório é muito fraco, com poucas canções interessantes, enquanto a maioria é irregular. Enfim, esse disco é fraquíssimo e faltou mais planejamento. 

Melhores Faixas: Guardanapos De Papel, Rouxinol, Os Tambores De Minas 
Piores Faixas: Biromes Y Servilletas, Ana Maria, Janela Para O Mundo, E Agora, Rapaz?

Pietá – Milton Nascimento





















NOTA: 5,7/10


Se passa um tempo, e em 2002, Milton Nascimento decide retornar às suas raízes, lançando Pietá. Após o Nascimento, o cantor decidiu resgatar suas influências mineiras, como na época do Clube da Esquina, e buscar uma sonoridade mais lírica e delicada. O título Pietà remete à famosa escultura de Michelangelo, representando a Virgem Maria segurando Jesus após a crucificação. Esse simbolismo espiritual e maternal perpassa todo o álbum, que trata de temas como amor, espiritualidade e a conexão entre gerações. A produção foi conduzida dessa vez pelo próprio cantor junto com Guto Graça Mello, trazendo arranjos que misturam MPB com elementos modernos do Folk e Jazz. O objetivo era criar um clima introspectivo, mas em vários momentos os arranjos ficam repetitivos e arrastados. O repertório é irregular, com belas canções e outras que são apenas sem emoção. Em suma, é um disco mediano, que poderia ter tido mais equilíbrio. 

Melhores Faixas: Quem Sabe Isso Quer Dizer Amor, Outro Lugar, Às Vezes Deus Exagera, Casa Aberta 
Piores Faixas: Beleza e Canção, Cantaloupe Island, Beira-Mar Novo, Imagem E Semelhança

...E a Gente Sonhando – Milton Nascimento





















NOTA: 7,6/10


Então, em 2010, chega esse que é praticamente o último álbum de estúdio de Milton Nascimento, o ...E a Gente Sonhando. Após o Pietá, Milton ficou mais focado nos shows e em algumas aparições na mídia, até que decidiu resgatar mais coisas das suas raízes, optando por fazer um trabalho mais consistente. A produção, feita por Marco Elízeo Aquino junto com o próprio cantor, trouxe um equilíbrio no som entre o acústico e o contemporâneo, criando um ambiente musical que mistura sofisticação e simplicidade, como já é característico de sua trajetória. Com uma sonoridade de MPB, Folk e Jazz totalmente intimista, os arranjos são belíssimos e carregados de uma pegada sentimental. O repertório é bem interessante, trazendo canções muito legais e envolventes, mas com algumas bem fraquinhas. Enfim, é um disco que encerrou bem sua trajetória, já que, recentemente, ele só gravou trabalhos colaborativos e se aposentou dos palcos. 

Melhores Faixas: O Ateneu, Gota De Primavera, O Sol, 
Piores Faixas: Estrela, Estrela, Resposta Ao Tempo, Me Faz Bem
 

                                           Então é isso, um abraço e flw!!!   

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