segunda-feira, 3 de março de 2025

Analisando Discografias - Milton Nascimento: Parte 1

                 

Milton Nascimento (Travessia) – Milton Nascimento





















NOTA: 9,3/10


Em 1967, o lendário Milton Nascimento lançava seu álbum de estreia autointitulado, mas que ficou mais conhecido como Travessia. O nosso querido Bituca já demonstrava inclinação musical desde a infância. Nascido no Rio de Janeiro, mudou-se ainda criança para Três Pontas, Minas Gerais, onde integrou o grupo W’s Boys ao lado de Wagner Tiso, apresentando-se em bailes locais. Posteriormente, transferiu-se para Belo Horizonte para cursar Economia, período em que intensificou suas composições e parcerias musicais. A produção foi orquestrada por Luiz Eça junto com seu conjunto musical Tamba Trio, que fez os arranjos ficarem totalmente refinados, com uma certa aura de grandiosidade, pegando altas influências de Samba Soul e do Pop barroco. O repertório é maravilhoso, com canções belíssimas e muito bem encadeadas. No fim, é um belo disco de estreia que marcou o início de sua brilhante carreira. 

Melhores Faixas: Travessia, Morro Velho, Irmão de Fé 
Vale a Pena Ouvir: Três Pontas, Girou, Girou, Outubro

Courage – Milton Nascimento





















NOTA: 9/10


No ano seguinte, Milton lançou seu 2º álbum, intitulado Courage, que era basicamente uma versão deluxe de seu antecessor. Após seu disco de estreia, Milton Nascimento ganhou destaque no cenário musical brasileiro. Sua participação no Festival Internacional da Canção com a música Travessia chamou a atenção de produtores internacionais, levando-o a assinar um contrato de três álbuns. A produção foi conduzida por Creed Taylor, com arranjos de Eumir Deodato. A gravação reuniu músicos renomados, incluindo Herbie Hancock no piano e Airto Moreira na percussão, além de uma orquestra com mais de 40 músicos, enriquecendo os arranjos com cordas e sopros, deixando a sonoridade mais refinada e próxima da Bossa Nova e do Jazz. O repertório é praticamente o mesmo, contando com algumas canções cantadas em inglês, e tudo ficou muito bom. No fim, é um ótimo trabalho que agregou demais à sua carreira. 

Melhores Faixas: Outubro, Courage, Catavento 
Vale a Pena Ouvir: Bridges (Travessia), Rio Vermelho, Morro Velho

Milton Nascimento (1969) – Milton Nascimento





















NOTA: 8,8/10


Mais um ano se passou, e Bituca lançou mais um disco autointitulado, que começou a preparar suas bases futuras. Após o Courage, Milton Nascimento já era reconhecido tanto no Brasil quanto no exterior. Sua capacidade de mesclar elementos tradicionais brasileiros com influências internacionais chamou a atenção de críticos e do público, mas sua ambição era deixar seu trabalho com um clima ainda mais grandioso. Produzido por Milton Miranda, com direção musical de Lyrio Panicali. Os arranjos, conduzidos por Luiz Eça, Paulo Moura e Maurício Mendonça, contribuíram para a sofisticação do som, trazendo ainda mais influências da Bossa Nova e do Folk contemporâneo, buscando um equilíbrio com os novos artistas da MPB. O repertório é totalmente inédito e muito bom, com canções envolventes e harmoniosas, totalmente coesas. Enfim, é outro disco belíssimo, porém não muito lembrado. 

Melhores Faixas: Pescaria (Canoeiro) / O Mar É Meu Chão, Quatro Luas 
Vale a Pena Ouvir: Tarde, Aqui,Oh!, Rosa Do Ventre

Milton (1970) – Milton Nascimento





















NOTA: 10/10


Entrando na década de 70, o cantor lançou seu 4º álbum de estúdio, o clássico e espetacular Milton, de 1970. Após o álbum de 1969, ele participou de projetos cinematográficos, compondo o tema para um documentário sobre o jogador Tostão e atuando, além de produzir a trilha sonora, no filme Os Deuses e os Mortos, do diretor moçambicano Ruy Guerra. Essas experiências influenciaram diretamente a concepção desse álbum. Produzido por Milton Miranda e lançado pelo selo da EMI-Odeon, trouxe uma sonoridade que seguiu para um lado mais psicodélico, muito devido à ótima banda de apoio, o Som Imaginário. Além disso, continuou seguindo muitas influências barrocas e do Folk contemporâneo, deixando os arranjos refinadíssimos. O repertório é simplesmente perfeito, com canções que são verdadeiros hinos da música brasileira, graças também à sua voz marcante. No final, é um trabalho maravilhoso e um dos mais importantes de sua carreira. 

Melhores Faixas: Para Lennon E McCartney, Clube da Esquina, Canto Latino, Amigo, Amiga
Vale a Pena Ouvir: Alunar, Durango Kid

Clube da Esquina – Milton Nascimento & Lô Borges





















NOTA: 10/10


E aí chegamos ao ano de 1972, quando, precisamente 53 anos atrás, era lançado o atemporal Clube da Esquina. Tudo começou quando um grupo de jovens músicos de Minas Gerais começou a se reunir para compartilhar ideias e composições. Esses encontros informais, realizados na esquina das ruas Divinópolis e Paraisópolis, em Belo Horizonte, deram origem a um dos maiores coletivos da música brasileira. Só um detalhe: os meninos na capa não são Milton e Lô, e sim dois garotos que moravam na região serrana do Rio de Janeiro. A produção, feita por Milton Miranda e Lindolfo Gaya, foi marcada por um espírito de coletividade e experimentação, com uma sonoridade que ia desde música psicodélica, Folk e Rock progressivo até Pop barroco. O repertório é maravilhoso, parecendo uma coletânea, e, sendo um disco duplo, se for para escolher, fico com a 1ª parte. Em suma, esse disco é sensacional e um dos melhores álbuns de todos os tempos. 

Melhores Faixas: Tudo Que Você Podia Ser, Um Girassol Da Cor De Seu Cabelo, Paisagem Da Janela, Nada Será Como Antes, Clube Da Esquina Nº 2, Cravo e Canela, Cais 
Vale a Pena Ouvir: Trem de Doido, Dos Cruces, Me Deixa Em Paz (participação da Alaíde Costa), Um Gosto De Sol

Milagre Dos Peixes – Milton Nascimento





















NOTA: 10/10


No ano seguinte, Milton voltou ainda mais inspirado, lançando outro trabalho maravilhoso, o Milagre dos Peixes. Após o Clube da Esquina, o Brasil vivia sob a ditadura militar, marcada pela repressão à liberdade de expressão. Então, o cantor decidiu fazer um trabalho que refletisse a resistência cultural e a busca por novas formas de expressão diante das limitações impostas. A produção, conduzida por Milton Miranda e Fernando Brant, foi marcada por desafios significativos devido à censura. Das 11 faixas, oito tiveram suas letras proibidas pelo regime militar. Em vez de desistir das composições, ele optou por gravá-las como peças instrumentais ou utilizando vocais sem palavras, transformando a voz em um instrumento adicional e deixando o trabalho totalmente experimental (olha a visão do cara, mano!). O repertório é simplesmente maravilhoso, e as canções vão desde um lado melancólico até um mais ambiental. Enfim, esse disco é fantástico e uma joia rara da música brasileira. 

Melhores Faixas: Milagre Dos Peixes, Hoje É Dia De El-Rey, Tema Dos Deuses, A Última Sessão De Música 
Vale a Pena Ouvir: Carlos, Lúcia, Chico E Tiago, A Chamada, Sacramento

Minas – Milton Nascimento





















NOTA: 10/10


Dois anos depois, Milton lançou seu 6º álbum de estúdio, o Minas, que saiu daquele lado mais instrumental. Após o maravilhoso Milagre dos Peixes, Bituca mostrou sua versatilidade ao mesclar tradições musicais brasileiras com influências internacionais. Com esse disco, ele decidiu aprofundar sua conexão com as raízes mineiras e explorar temáticas ligadas à terra natal e à identidade cultural. A produção, conduzida por Ronaldo Bastos, com arranjos feitos por Wagner Tiso, levou a sonoridade para um lado um pouco mais abrangente, mantendo aquele clima de grandiosidade, mas resgatando com mais força as influências psicodélicas e trazendo de volta uma espécie de virtuosismo da música progressiva, deixando de lado a suavidade tradicional da MPB. O repertório é simplesmente maravilhoso, parecendo novamente uma coletânea, pois as canções são belíssimas e a base instrumental é algo incrível. No fim, é um baita disco e outro clássico da música brasileira. 

Melhores Faixas: Ponta De Areia, Beijo Partido, Fé Cega, Faca Amolada (participação do Beto Guedes), Paula e Bebeto 
Vale a Pena Ouvir: Minas, Idolatrada

    Então um abraço e flw!!!        

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