terça-feira, 4 de março de 2025

Analisando Discografias - Milton Nascimento: Parte 2

                 

Geraes – Milton Nascimento





















NOTA: 9,9/10


No final do ano de 1976, Milton Nascimento voltou lançando mais um disco, o Geraes. Após o Minas, o cantor decidiu aprofundar a exploração de temas ligados à sua terra natal e às tradições culturais de Minas Gerais. O título do álbum, uma grafia arcaica de "Gerais", reforça essa ligação intrínseca com o estado e suas paisagens. Tudo isso foi feito em um momento em que Milton estava completamente mal por conta de seus problemas pessoais, muito influenciados pelo governo militar. A produção, feita por Ronaldo Bastos, trouxe uma sonoridade profunda, com os arranjos de Milton Miranda sendo extremamente sentimentais. O resultado é uma junção de Jazz, Folk e, logicamente, MPB, criando um clima de leveza. O repertório é sensacional, e as canções são belíssimas, trazendo uma vibe bem atmosférica (mesmo que não seja algo na linha do Milagre dos Peixes). No fim, é um disco maravilhoso e um dos mais profundos de sua carreira. 

Melhores Faixas: O Que Será (À Flor Da Pele) (belíssima participação do Chico Buarque), Lua Girou, Fazenda, Carro De Boi 
Vale a Pena Ouvir: Calix Bento, Menino, Caldera

Milton (1976) – Milton Nascimento





















NOTA: 9/10


Ainda naquele ano, Bituca lançou mais um álbum para o mercado internacional, intitulado Milton. Após o Geraes, Milton Nascimento decidiu gravar outro trabalho para o exterior, já que estava no auge criativo, incorporando influências internacionais e explorando novas sonoridades. A produção, feita por Rob Fraboni, contou com músicos renomadíssimos, como Herbie Hancock, Robertinho Silva e Wayne Shorter, entre outros. O resultado é uma sonoridade completamente voltada para o Jazz Rock, com muita experimentação, chegando a apresentar algumas influências progressivas. No entanto, todo aquele clima da MPB continua a pairar nos arranjos. O repertório é muito interessante; apesar de a maioria das faixas serem regravações (algumas cantadas em inglês), há duas ótimas inéditas. Em suma, esse trabalho é incrível e traz um forte toque de experimentalismo. 

Melhores Faixas: Raça (Hasa) (Race), Nothing Will Be As It Was (Nada Será Como Antes), Francisco 
Vale a Pena Ouvir: Os Povos (The People), Fairy Tale Song (Cadê), One Coin (Tostão)

Clube da Esquina 2 – Milton Nascimento





















NOTA: 9,8/10


Dois anos se passaram, e Milton Nascimento lançou Clube da Esquina 2, que trazia novidades. Após o Milton (1976), o cantor, que estava no auge de sua experimentação musical, decidiu fazer essa sequência de Clube da Esquina, só que, dessa vez, seu grande parceiro Lô Borges não esteve tão presente no projeto. Assim, ele trouxe uma reafirmação dos valores e das experimentações iniciadas no álbum anterior. A produção, feita por Mariozinho Rocha, contou com o apoio do próprio Milton, Ronaldo Bastos e Novelli. O resultado foi uma sonoridade um pouco mais abrangente dentro da MPB, indo para um lado mais sentimental do Folk, além de influências psicodélicas e progressivas que aparecem em alguns momentos harmônicos, como nos barulhos de sopros e metais. O repertório é brilhante, com canções belíssimas e bem encadeadas, além de ótimas participações. Enfim, esse disco duplo é sensacional, porém muito subestimado por estar à sombra de seu predecessor. 

Melhores Faixas: Maria, Maria, Nascente (participação do Flávio Venturini), Paixão E Fé, Pão E Água (Dueto maravilhoso com Lô Borges), O Que Foi Feito Deverá / O Que Foi Feito De Vera (Elis Regina ofuscou totalmente o Milton), Dona Olímpia (Your Moon) 
Vale a Pena Ouvir: Meu Menino, Mistérios, Canoa, Canoa, Testamento

Journey To Dawn – Milton Nascimento





















NOTA: 9,1/10


No ano seguinte, Milton lançou mais um trabalho para o mercado exterior, o Journey to Dawn. Após o Clube da Esquina 2, o Milton Nascimento, apesar de todo o sucesso que tinha no cenário musical brasileiro, continuava bastante mal, principalmente por não conseguir ver seu filho Pablo. Além disso, ele estava quase se afogando na bebida, então, para gravar esse álbum nos Estados Unidos, decidiu tratar seu vício. A produção, conduzida por Jim Price, foi muito bem elaborada, com arranjos que mesclam a essência brasileira de Milton com influências do Jazz Fusion e do Folk progressivo, o que criou várias camadas ambientalistas em todo o lado melódico e harmônico do som. O repertório é muito legal, as canções ficaram muito bem interpretadas, e as faixas inéditas são ótimas. Em suma, é um baita disco e um dos melhores lançados para fora do Brasil. 

Melhores Faixas: Journey To Dawn, O Cio Da Terra, Credo 
Vale a Pena Ouvir: Maria, Maria, Paula & Bebeto, Pablo II

Sentinela – Milton Nascimento





















NOTA: 8,8/10


Mais um ano se passou, e Milton lançou mais um álbum de estúdio, o Sentinela, que era um pouco mais temático. Após o Journey to Dawn, o cantor continuava a explorar novas sonoridades. Além disso, ele encerrou seu vínculo com a EMI e decidiu não seguir as tendências da época, então acabou não sendo afetado por aquele começo de pasteurização que pairou na música mundial dos anos 80. A produção, feita por Marco Mazzola e lançada pelo selo da gravadora alemã Ariola, trouxe uma sonoridade bem mais melódica, com arranjos muito mais elaborados, tentando deixar tudo bem cadenciado e conectado com as letras poéticas de Milton, pegando influências progressivas e do Folk contemporâneo. O repertório é muito legal, com canções que vão de melancólicas a envolventes. Enfim, é um disco muito interessante, que é criminosamente subestimado. 

Melhores Faixas: Canção Da América, Roupa Nova, Cantiga (Caicó) - Tema Folclórico 
Vale a Pena Ouvir: Sentinela (participação da Nana Caymmi, Peixinhos do Mar, Tudo, Sueño Con Serpientes (participação da cantora argentina Mercedes Sosa), Itamarandiba

Caçador de Mim – Milton Nascimento





















NOTA: 9/10


Mais um ano se passou, e Milton Nascimento lançou mais um trabalho intitulado Caçador de Mim. Após o Sentinela, ele continuou a seguir para um lado mais experimental e, como estava totalmente fora do que a grande mídia sugeria para continuar tendo alguma relevância artística, Milton sabia que não precisava se preocupar com isso, já que sua obra estava cada vez mais indo para um lado mais profundo. Produzido por Marco Mazzola, que trouxe arranjos bem mais refinados e uma sonoridade que saiu daquela fórmula mais voltada para o Jazz, indo para um lado mais progressivo, principalmente nas melodias, além de juntar toda aquela profundidade característica da MPB. O repertório ficou muito legal, as canções ficaram bem melódicas e com maior foco em temas mais reflexivos. No final, é um ótimo disco e um dos mais profundos de sua carreira. 

Melhores Faixas: Caçador De Mim, Amor Amigo, Coração Civil, Sonho De Moço 
Vale a Pena Ouvir: Vida, Nos Bailes Da Vida (participação da banda Roupa Nova), Notícias Do Brasil (Os Pássaros Trazem)

Anima – Milton Nascimento





















NOTA: 7,2/10


Outro ano se passou, e mais um disco foi lançado, intitulado Anima, que seguiu algo mais encadeado. Após o Caçador de Mim, Milton quis fazer algo um pouco mais pessoal e, ao mesmo tempo, que seguisse um pouco da sonoridade que os artistas da MPB estavam buscando. Só que, é claro, ele não quis ser mais um que foi pasteurizado, assim como a maioria acabou sendo, muito por conta de dois músicos virtuosos (não é Lincoln Olivetti?). Bom, a produção foi realizada mais uma vez por Marco Mazzola, que deixou a sonoridade um pouco mais enquadrada nas influências do Soft Rock e do Pop progressivo, muito por conta dos arranjos, além de resgatar coisas que ele já tinha feito no Clube da Esquina. Só que, claro, algumas coisas faltaram uma melhor conexão. O repertório é bem interessante, e as canções continuaram naquele lado melódico, só que há algumas que apresentam irregularidades. No fim, é um disco bom, mas que poderia ter tido mais adaptação. 

Melhores Faixas: Olha, As Várias Pontas De Uma Estrela (participação do Caetano Veloso), Filho 
Piores Faixas: Coração Brasileiro, Teia de Renda, No Analices (vinheta desnecessária)

                                                         Então é isso e flw!!!   

Analisando Discografias - Belladonna

                  Belladona – Belladonna NOTA: 7/10 Em 1995, Joey Belladonna lançou seu 1º trabalho solo, autointitulado, que seguiu uma out...