Hotter Than July – Stevie Wonder
NOTA: 9,3/10
Já entrando na década de 80, Stevie Wonder lançava seu 19º álbum de estúdio, o Hotter Than July. Após o clássico Songs in the Key of Life, que o consolidou como um dos maiores gênios da música contemporânea, em 1979 ele lançou The Secret Life of Plants, um álbum experimental e conceitual que serviu de trilha sonora para um documentário, mas que acabou sendo esquecido. Por isso, ele decidiu fazer um trabalho que retomasse seu lado mais convencional. Produzido pelo próprio Stevie Wonder, o disco mantém uma produção refinada, com uso aprimorado de sintetizadores (notavelmente o Yamaha CS-80 e o TONTO), combinando texturas eletrônicas com instrumentos acústicos. Há uma ênfase em grooves dançantes, arranjos vocais detalhados e variações que vão do Soul, Funk e Disco até o Reggae. O repertório em si é muito bom, e as canções são dinâmicas e envolventes. No fim, é um ótimo disco, bastante consistente.
Melhores Faixas: Master Blaster (Jammin'), Happy Birthday, Lately
Vale a Pena Ouvir: I Ain't Gonna Stand For It, All I Do, Do Like You
In Square Circle – Stevie Wonder
NOTA: 8,9/10
Melhores Faixas: Part-Time Lover, Spiritual Walkers, Overjoyed
Vale a Pena Ouvir: I Love You Too Much, Go Home, Land Of La La
Characters – Stevie Wonder
NOTA: 7,3/10
Dois anos se passaram, e foi lançado mais um disco de Stevie Wonder, o Characters, que foi ainda mais comercial. Após o In Square Circle, observando o domínio de novos artistas do R&B, como Whitney Houston e Janet Jackson, bem como o crescimento do Rap, e sendo ele um símbolo da era clássica do Soul e do R&B, Stevie precisava mostrar que ainda era relevante. Ele decidiu fazer um projeto que fosse uma tentativa de se manter atual. A produção foi conduzida por ele, com alguns pitacos de Quincy Jones e Gary Olazabal, resultando em um acabamento polido, às vezes excessivamente limpo, muito por conta do uso extensivo de sintetizadores digitais, baterias eletrônicas e programações MIDI, tudo isso seguindo influências do R&B contemporâneo e do Synth Funk. O repertório é interessante, com canções envolventes e de tom mais profundo, embora algumas sejam mais fracas. No final, é um disco legal e, mesmo com seus erros, tem seu charme.
Melhores Faixas: Skeletons, Get It (boa participação do Michael Jackson), Dark 'N' Lovely, Free
Piores Faixas: Galaxy Paradise, Cryin' Through The Night
Conversation Peace – Stevie Wonder
NOTA: 2,6/10
Depois de bastante tempo, foi só em 1995 que foi lançado mais um trabalho novo, o Conversation Peace. Após o Characters, o mundo da música passou por transformações profundas, como o surgimento do New Jack Swing, o crescimento do Rap e o domínio do R&B contemporâneo. Stevie se manteve ativo em projetos paralelos, incluindo colaborações, participações em causas sociais e trilhas sonoras. Então seu retorno ao formato de álbum autoral foi cercado de expectativa. A produção, feita como sempre por ele mesmo, mistura elementos clássicos do Soul e Funk com timbres mais modernos da década de 90, incluindo o uso de baterias eletrônicas, sintetizadores e arranjos mais atmosféricos, refletindo o R&B da época. Porém, tudo é bastante exagerado, com arranjos muitas vezes tediosos. O repertório é muito fraco, e as canções são chatíssimas, com apenas duas que realmente se salvam. No geral, é um disco terrível e simplesmente inexpressivo.
Melhores Faixas: Treat Myself, Cold Chill
Piores Faixas: Sorry, Edge Of Eternity, Four Your Love, Taboo To Love, Tomorrow Robins Will Sing
A Time 2 Love – Stevie Wonder
NOTA: 5/10
Então chegamos a 2005, quando foi lançado o último álbum de Stevie Wonder até o momento, o A Time 2 Love. Após o Conversation Peace, Stevie participou de colaborações, causas sociais e apresentações ao vivo, mas o público ansiava por uma nova obra autoral. Esse trabalho foi anunciado várias vezes ao longo da primeira metade dos anos 2000, com diversos adiamentos. A demora aumentou a curiosidade, mas também o risco: o mercado musical naquele período era radicalmente diferente do cenário de 1995. A produção foi conduzida, como sempre, pelo próprio cantor, que tocou a maioria dos instrumentos, como é tradição em sua carreira. Ele combinou Soul, R&B contemporâneo, Gospel, Pop acústico e elementos do Funk moderno, mas tudo acabou ficando bem bagunçado, com arranjos bastante arrastados. O repertório é bem irregular, com algumas canções legais, outras medíocres e participações apenas razoáveis. Enfim, é um disco mediano e muito exaustivo.
Melhores Faixas: So What The Fuss (participação do Prince e da En Vogue), Moon Blue, True Love, Passionate Raindrops
Piores Faixas: How Will I Know, A Time To Love (fez um dueto sem graça com uma tal de India Arie e com Paul McCartney na guitarra, que dura 10 minutos), Please Don't Hurt My Baby, Tell Your Heart I Love You