segunda-feira, 17 de março de 2025

Analisando Discografias - Augustus Pablo: Parte 3

                 

Raggamuffin Dub – Augustus Pablo





















NOTA: 2,8/10


Naquele mesmo ano de 1990, Augustus Pablo lançou outro disco, intitulado Raggamuffin Dub. Após o Blowing With The Wind, percebeu que a música jamaicana passava por grandes transformações com o crescimento do Dancehall e do Raggamuffin, estilos que traziam batidas eletrônicas mais rápidas e linhas de baixo digitalizadas. Pablo, que sempre manteve uma sonoridade mais orgânica e profunda, decidiu incorporar esses elementos ao seu som. A produção, feita por ele mesmo junto com Junior Delgado, trouxe a essência do Dub, mas com um toque contemporâneo: batidas eletrônicas misturadas com ecos profundos, reverbs e camadas atmosféricas. O resultado foi uma sonoridade densa e espacial, utilizando delays longos e filtros. No entanto, tudo ficou repetitivo e sem qualquer imersão. O repertório é fraquíssimo, com uma série de canções sem graça e poucas realmente interessantes. Enfim, é outro trabalho péssimo e esquecível. 

Melhores Faixas: Cellblock 21, Highest Region 
Piores Faixas: Ragga Dub (3), Cold Blues Dub, Message Rule Dub, Classical Dub

One Step Dup – Augustus Pablo





















NOTA: 7/10


No ano seguinte, Augustus Pablo lançou mais um trabalho, o One Step Dub, e aqui houve uma melhora. Após o Raggamuffin Dub, vendo que aquela tentativa de seguir as novas tendências não tinha funcionado, ele decidiu voltar a fazer aquele Dub tradicional, mas incorporando influências digitais vindas dos trabalhos anteriores. A produção, como sempre feita por ele mesmo, segue a tradição do Dub, com manipulações criativas dos instrumentos, ecos longos e camadas sonoras que se transformam ao longo das faixas. As batidas eletrônicas e os baixos profundos criam uma base sólida, enquanto teclados, sintetizadores e melodica adicionam melodias flutuantes. E tudo aqui funcionou da forma certa (até que enfim), embora ainda haja alguns arranjos confusos. O repertório é bem interessante, com a maioria das canções boas, embora algumas sejam bem chatinhas. No fim, é um disco bem legal e que teve mais consistência. 

Melhores Faixas: One Step Dub, Zion Way Dub, Dubbing King James 
Piores Faixas: In The Red Dub, Good Looking Dub, Rastaman Dub

Rockers Dub Store 90's – Augustus Pablo





















NOTA: 8/10


Passa-se mais um ano, e ele retorna lançando outro trabalho interessante, o Rockers Dub Store 90's. Após o One Step Dub, vendo que conseguiu fazer algo bem mais tradicional, ele continuou a explorar Dubs refinados com influências digitais, sem perder a profundidade e a organicidade que marcaram seus trabalhos mais antigos. Como sempre, a produção seguiu a mesma linha de sempre, mantendo a essência do Dub clássico, mas com toques modernos da época, com aquelas linhas de baixo profundas e pulsantes, batidas eletrônicas minimalistas e teclados etéreos. Os efeitos de reverb e delay são aplicados com maestria, criando paisagens sonoras expansivas, sempre com aquela temática ambientalista e carregados com uma vibe meditativa. O repertório é muito interessante, com ótimas canções, todas bem cadenciadas. Em suma, é um belo trabalho, mas que acabou ficando bem desconhecido. 

Melhores Faixas: Free Zone Dub, Ark Dub 
Vale a Pena Ouvir: Breezing Dub, Dubbing The Wasp, Rockers Dub Store

Heartical Chart – Augustus Pablo





















NOTA: 8,2/10


Passa-se um tempo, e é lançado Heartical Chart, que não trouxe tantas novidades. Após o Rockers Dub Store 90's, Augustus Pablo decidiu seguir um caminho mais carregado de energia introspectiva, quase meditativa, enquanto exibia toda a sua maestria na arte da produção e manipulação sonora, focando em um trabalho ainda mais atmosférico. A produção, feita pelo próprio multi-instrumentista, trouxe baixos pesados e arrastados, teclados etéreos, percussões minimalistas e a característica melodica de Pablo, que conduz muitas das melodias principais. Apesar de apresentar alguns traços de Dancehall, o álbum mantém uma abordagem mais orgânica, sem depender excessivamente de sintetizadores ou drum machines, seguindo o direcionamento característico de seus trabalhos anteriores. O repertório é muito interessante, com canções envolventes e suaves, carregadas daquela pegada ambiental. No fim, é um ótimo disco, totalmente imerso em profundidade. 

Melhores Faixas: 13th Day, Black African Lion 
Vale a Pena Ouvir: Java, Dub, Special Treat, Ethiopian High

Valley Of Jehosaphat – Augustus Pablo





















NOTA: 3/10


Em 1999, é lançado aquele que é praticamente o último álbum do Augustus Pablo, intitulado Valley of Jehosaphat. Após o Heartical Chart, ele continuou tentando explorar novas ideias, mas passou a se concentrar mais em suas apresentações, até que decidiu criar um trabalho mais tematizado, com o título fazendo referência a um vale bíblico onde, segundo as escrituras, ocorrerá o julgamento divino. A produção, novamente conduzida por ele mesmo, traz o uso característico de reverbs profundos, ecos longos e manipulações sonoras para criar uma paisagem auditiva expansiva. Além de incorporar algumas influências modernas, como batidas eletrônicas sutis e timbres digitais em certos momentos, só que há uma repetição desnecessária nos arranjos. Com um repertório é bem fraco, com poucas canções interessantes, enquanto as outras são genéricas ou tediosas. É triste pensar que, dois meses depois, Augustus Pablo faleceu, despedindo-se com um trabalho bem chatinho. 

Melhores Faixas: Sky Gazer, Internal Struggle, Burning Drums 
Piores Faixas: Chalawa, Kushites Dub, Lymphatic Time, Valley Of Jehosaphat, Sleeping Chariots
  

     Então um abraço e flw!!!         

Analisando Discografias - MC Ren: Parte 1

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